Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Foto: Arquivo/CB/D.A Press
As tantas homenagens a Luiz Gonzaga ao longo de 2012 confirmaram que ele foi, e ainda é, o cantor mais querido no Nordeste. O auge da celebração foi no São João, com tributos em todos os palcos, de todas as cidades. Mas o Rei do Baião também foi lembrado em festivais de rock (com direito à trash metal no Arraial da Tomazina) e de música clássica (Virtuosi). No Chevrolet Hall, clássicos de Gonzagão (escritos pelo parceiro Zé Dantas) foram interpretados por cantores pop como Marina Elali, Ivete Sangalo e Chorão (do Charlie Brown Jr). Sua música ecoou ainda em eventos mais tradicionais, como o Encontro de Sanfoneiros e a Missa do Vaqueiro.
Siba. Foto: Talita Miranda/Divulgação. Karina Buhr. Foto: Alexandre Severo/Divulgação. Cia da Lapada. Foto: Cia da Lapada/Divulgação. Eddie. Foto: Eddie/Divulgação
No Coquetel Molotov, no Festival de Garanhuns, no Festival Rec Beat e na Rua da Moeda, o cantor Siba deixou claro que tem, atualmente, um dos melhores shows do Brasil. As músicas de seu novo disco, Avante, se comunicam bem com a plateia, com letras interessantes e uma oralidade envolvente, herdada dos mestres brincantes do folclore. A banda é um espetáculo à parte, com uma tuba no lugar do baixo e um jogo de percussão diferente do habitual. Com guitarra e sem rabeca, o artista demonstra desenvoltura, suingue e criatividade nos timbres alcançados. Quem ainda não viu ganhará mais uma chance no início do mês de janeiro, em Olinda.
As consagradíssimas Gal Costa e Marisa Monte foram duas das três finalistas do prêmio de melhor show feminino oferecido pela revista Bravo! A outra indicada era ninguém menos que Karina Buhr. Com o repertório de seus dois elogiados primeiros discos solo, o show da cantora tem estado cada vez mais afinado, como ela mostrou no Teatro da UFPE. Cada música ganha uma performance corporal própria, como capítulos de uma peça de teatro com vários personagens. A forte presença de palco dela ganha ênfase com os músicos que a acompanham, como os guitarristas Fernando Catatau e Edgard Scandurra, do mais alto escalão da música brasileira e do rock nacional.
Em shows realizados na Casa da Rabeca em uma noite do mês de junho, as três bandas olindenses confirmaram que sabem dominar o público perfeitamente. A Eddie sempre acerta. O Quarteto Olinda, com seu incendiário forró rabecado, fazia um aquecimento para uma turnê pelos EUA. E a Academia da Berlinda, ao longo do ano, atingiu o auge de sua malemolência, consolidou seu estilo irreverente e emplacou dois hits nas pistas de dança do Brasil: Cumbia da praia ("Não agressive, não") e Fui humilhado. De quebra, o grupo reafirmou que não tem preconceitos ao fazer versões, no gênero forró, para músicas do Chiclete com Banana.
Proibidíssima para menores, a banda de tecnobrega foi a grande revelação da música pernambucana na internet em 2012. Seus shows nas boates Metrópole e Dona Carolina atingiram tanta repercussão que o grupo foi convidado para tocar na festa Brega Naite no imenso palco do Vivo Open Air, o mesmo onde pisariam nomes como Seu Jorge e Baby do Brasil. A quantidade de palavrões, referências a sexo e xingamentos presentes em suas canções impedem o grupo de tocar na rádio ou na TV, sendo exatamente isso que o transformou em um sucesso. Com direito a uma regravação em inglês feita por uma cantora americana.
Criolo. Foto: Helder Tavares/DP/D.A. Press. Milton Nascimento. Foto: Eric Gomes/Secult/Divulgação. Hermeto Pascoal. Foto: Fito/Divulgação
Shows em festivais costumam ser mais curtos por causa da quantidade de atrações da programação, mas isso não necessariamente os torna menos importantes. Em 2012, um bom exemplo dessa lógica foi o Rec Beat Carnaval, em fevereiro, que foi encerrado pelo cantor paulista Criolo, uma das maiores revelações da música brasileira. Ele fez bonito e conseguiu deixar a plateia extasiada, mesmo depois de quatro dias de folia. Já o Abril Pro Rock superou expectativas com os shows de Antibalas, Los Hermanos, Exodus, Brujeria e Buraka Som Sistema e não foi tão prejudicado pela concorrência dos medalhões Chico Buarque e Paul McCartney. O Coquetel Molotov teve apresentações marcantes, como as de Moraes Moreira (repertório do disco Acabou chorare), Rain Machine (presença marcante do americano Kyp Malone), Siba e do surpreendente pianista Vitor Araújo, além de Catatau Instrumental nas prévias do evento durante a mostra Play The Movie.
No ano em que Olinda comemorou os 30 anos do título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade da Unesco, a Mimo (Mostra Internacional de Música em Olinda) não foi tão forte quanto em anos anteriores, mas teve momentos inspirados, com shows de artistas como Chucho Valdés (Igreja da Sé) e Arnaldo Baptista (Teatro de Santa Isabel). No Festival de Inverno de Garanhuns, aplaudiu-se os 70 anos de Milton Nascimento e o rock de Erasmo Carlos. Os pernambucanos Siba e Lirinha também se destacaram.
Feiras e festivais de artes cênicas também ofereceram importantes contribuições musicais em 2012. O festival Expoideia promoveu um tributo ao clássico disco Paêbirú e um show diferenciado de Criolo em formato hip hop. No Fito (Festival Internacional de Teatro de Objetos), Hermeto Pascoal reencontrou o Recife e se emocionou. No Sesi Bonecos, a Pato Fu tocou instrumentos de brinquedo para as crianças, ao ar livre, no Parque 13 de Maio, em um show com mais de duas horas, considerado pela cantora Fernanda Takai como um dos melhores da turnê da banda.
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