TV

'Espero que dê certo', diz Leicam sobre casal com Malvino Salvador. Confira a entrevista

Publicado em: 17/09/2019 14:16

Malvino Salvador e Guilherme Leicam. Foto: TV Globo/Reprodução

Rio de Janeiro (RJ) - A novela A dona do pedaço, exibida no horário nobre da Rede Globo, causou polêmica desde as primeiras semanas por trazer galãs tradicionais da televisão brasileira em personagens homoafetivos. O ator Guilherme Leicam entrou no folhetim tardiamente para interpretar Leandro, um matador apelidado de "Mão Santa", irmão de criação de Chiclete (Sérgio Guizé). O que parecia ser um personagem despretensioso acabou ganhando destaque pela possibilidade de constituir um par romântico com Agno (Malvino Salvador).

Desde os primeiros capítulos, o personagem de Malvino sempre reprimiu sua homossexualidade sob um casamento infeliz com Lyria (Deborah Evelyn). As coisas mudaram ainda no começo do novela, quando ele decidiu se revelar ao se apaixonar por Rock (Caio Castro), um boxeador que não corresponde suas investidas por não ser gay. Leandro, por sua vez, tem deixado cada vez mais claro que tem interesse no empresário. O envolvimento entre os dois tem sido sutil e, até o momento, nenhum beijo ou cena mais ousada. A relação tem sido sugerida com poucos abraços e alguns olhares.

O primeiro trabalho de Guilherme Leicam como ator foi aos 13 anos, interpretando um coroinha em Chocolate com pimenta (2003). Em 2010, teve seu primeiro destaque na novela Tempos modernos, que teve pouca repercussão no horário das 19h. Também integrou o elenco de Fina estampa (2011), Malhação (2013), Em família (2014) e Tempo de amar (2017).

A dona do pedaço
, que deve ser concluída ainda em 2019, está sendo escrita por Walcyr Carrasco, com colaboração de Márcio Haiduck, Nelson Nadotti e Vinícius Vianna. A direção geral é de Luciano Sabino, enquanto a direção artística de Amora Mautner. Nos próximos dias, publicaremos entrevistas com outros atores da novela.

ENTREVISTA - Guilherme Leicam, ator
Guilherme Leicam como Leandro. Foto: TV Globo/Divulgação
Como você reagiu quando recebeu o papel do Leandro?
Quando recebi o papel, percebi que ia ser diferente de tudo o que já fiz. Quando vi que seria um matador rústico do interior, comi muito para engordar, fiquei barbudo, com rugas e cabelo branco. Desapeguei da vaidade. Mas a história começou a mudar e eu não sabia que ele ia ser gay. Quando encontrei do Walcyr na noite da estreia, em Copacabana, ele disse: 'mudei seu personagem'. Disse que eu precisava mudar, emagrecer, que seria um rapaz de no máximo 25 anos. Eu tinha dois meses para mudar e foi aquela loucura, né? Dieta para perder oito kilos, mudança no visual. Mas não só me preocupo com mudança no visual. Existe também a inteligência emocional da personagem. É um cara que não teve estudo, mas entende da vida. O Walcyr escreve sempre como um cara elétrico, mas nunca agressivo.

Você teve que fazer uma pesquisa sobre o mundo gay para montar o personagem?
Tenho muitos amigos gays que me contam sobre algumas coisas. Pesquisei e notei que não é porque o cara é gay que ele tem um perfil, sabe? Todo mundo gosta de pessoas com suas diferenças. De forma geral, fiquei muito feliz em saber que ele está se descobrindo, não está se reprimindo. Não sabemos como será a família. Se o Chiclete vai reprimir. Ele não é filho dos Ramirez, mas foi criado como um agregado da família. Ele é um cara que não teve carinho dos pais. E isso chega para ele a todo momento.

E qual sua expectativa para o destino de Agno e Leandro?
Eu espero que dê certo. Leandro não se apaixonou pelo físico, nem pelo dinheiro do Agno. Durante meu estudo, descobri que existe o amor "anaclítico", que é quando você ama por uma questão paternal, de alguém que supriu suas necessidades. Assim como também existe o amor platônico. Vamos ver se o Agno vai se tocar que existe um cara bacana, que quer dar o seu melhor. O Agno já se relacionou com garotos de programa, já teve relacionamentos superficiais, mas está caminhando para algo mais intenso e verdadeiro. Não é apenas uma noite e acabou. Ele sente essa falta de sentimento.

E veremos um beijo?
Está todo mundo me perguntando se vai ter beijo. Walcyr, vai sair ou não sair? (risos). Ele já me perguntou se não teria problema. De forma alguma, pois somos atores. As minhas irmãs sempre falam que, caso role a gravação da cena, posso chamá-las para acompanhar e até ajudar (risos). Quando cheguei para o início das gravações, eu não conhecia o Malvino ainda. Ele dizia: ‘vou te pegar, hein’. Eu respondia: 'vou te pegar primeiro' (risos). Estamos sempre em um clima de brincadeira, de zoeira, nos divertimos ao gravar a novela. O Walcyr não fez um casal pesado. É para ser leve, divertido. Ele joga as coisas no ar e deixa as pessoas pensarem: eles precisam ficar juntos. A galera começa a ficar interessada.

Como você está sentindo a repercussão entre o público?
Recebo muitas mensagens de pessoas dizendo que se identificam muito com o personagem. É importante porque não é um gay estereotipado ou afetado de gestos, como normalmente vemos nas novelas. É tipo: ‘vai lá e nos representa’. Eu costumo fazer muitas enquetes nas redes sociais para saber como está esse termômetro, e está sempre acima da média. Ainda não tive um contra, mas deve chegar. Sempre tem a opinião contrária. O mais legal é que a maioria está torcendo para isso. Encontro pessoas que falam que não estavam mais assistindo novela, mas estão vendo essa.

Ao que você atribui o sucesso da novela?
A novela está tratando de realidades e falando coisas que fazem sentido. O Leandro não é a melhor pessoa do mundo. Ele é um matador, tem esse lado que é bandido. Ninguém é perfeito e a novela explora isso. Os autores pensaram em fazer um matador que não pareça um matador. Ninguém quer ver coisas previsíveis, que já dá para saber o final. Tem pessoas querendo saber do desfecho do Leandro para ter uma ideia de como será a própria vida. Parte disso é responsabilidade dos autores. Todos atores aqui foram escolhidos a dedo, e todo mundo está tendo sua oportunidade de brilhar, de crescer, se desenvolver. Por mim, passávamos de novembro fazendo a novela. Estou me divertindo demais.

* O repórter viajou à convite da Rede Globo
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.