PATRIMÔNIO

TJPE realiza cerimônia de tombamento da Estação do Brum, no Recife

O evento contou com a presença do presidente do TJPE, Ricardo Paes Barreto

Publicado em: 23/04/2025 17:15

O espaço abriga o Memorial da Justiça desde 1999 (Foto:  Ivaldo Reges | Inova Propaganda)
O espaço abriga o Memorial da Justiça desde 1999 (Foto: Ivaldo Reges | Inova Propaganda)
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) realizou, na tarde desta quarta-feira (23), uma cerimônia para celebrar o tombamento oficial da Estação do Brum – Memorial da Justiça, situada no Bairro do Recife. O espaço é o primeiro bem ferroviário de Pernambuco a ser reconhecido como patrimônio pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O tombamento ocorreu em 26 de março, durante a 107ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado do Iphan. A medida representa um importante passo para a preservação do local. A solenidade foi promovida pelo Memorial da Justiça, responsável por conservar a memória histórica do Judiciário pernambucano.

Atualmente, o edifício abriga o acervo do Memorial da Justiça de Pernambuco, onde estão reunidos, organizados e preservados documentos históricos da Justiça estadual. Entre eles, destaca-se o processo de Lampião, oriundo da comarca de Belmonte, datado de 1922.

“O prédio foi cedido ao TJPE em estado de deterioração, e a reforma levou alguns anos para ser concluída. Em 2000, foi inaugurado como Memorial da Justiça. Aqui realizamos uma dupla preservação: da história ferroviária e do Judiciário. Trouxemos diversos processos históricos e contamos com um laboratório onde tratamos esses documentos e os disponibilizamos para pesquisa”, explica o desembargador Alexandre Assunção.

A gerente do Memorial, Cristiane Raposo, ressaltou que o espaço conserva cerca de 200 mil processos, amplamente consultados por pesquisadores. “É possível estudar temas levados à Justiça que refletem os dilemas da sociedade, como o cangaço, muito presente no início do século XX. O processo de Lampião é bastante requisitado para se compreender práticas do Sertão que também impactavam a vida urbana do Recife. Temos ainda registros sobre a capoeira, à época criminalizada”, detalha.

O tombamento definitivo também inclui a antiga caixa d’água do pátio ferroviário do Brum, fabricada pela Ransomes & Rapier, de Londres. A estrutura, localizada a cerca de 20 metros da estação, passa a integrar, junto ao edifício principal, os Livros do Tombo Histórico e de Belas Artes.

Inaugurada em 1881, a Estação do Brum foi ponto final da segunda estrada de ferro de Pernambuco, a linha Recife–Limoeiro. Criada para escoar a produção agrícola e pecuária – especialmente açúcar, algodão e gado – a ferrovia também transportava passageiros pelo estado.

A ampliação da malha ferroviária até a Paraíba e o Rio Grande do Norte possibilitou a integração entre o interior e o litoral, facilitando o escoamento de mercadorias até o porto do Recife.

Em 1999, o prédio foi restaurado para receber o Memorial da Justiça de Pernambuco.