SAÚDE
Projeto de ampliação de acesso ao diagnóstico e tratamento à doença de chagas será lançado no Sertão
Projeto é fruto de uma parceria entre a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, com o Serviço Estadual de Referência em Doença de Chagas (Casa de Chagas/PROCAPE-UPE) e outras instituições
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 25/04/2025 10:56 | Atualizado em: 28/04/2025 14:10
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Foto: Divulgação |
No Brasil, cerca de 1,2 milhões de pessoas possuem Doença de Chagas, segundo o Ministério da Saúde. Em muitos casos, a enfermidade é silenciosa e negligenciada, o que impede que os pacientes tenham acesso ao diagnóstico e tratamento adequados. Buscando garantir um cuidado descentralizado, humanizado e eficiente às pessoas afetadas pela doença em Pernambuco, na próxima segunda (28), será lançado o projeto “Quem tem Chagas, tem Pressa”, em evento na sede da XI Regional de Saúde, em Serra Talhada (PE).
O projeto é fruto de uma parceria público-privada que começou a ser estruturada em 2022, reunindo a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, XI Regional de Saúde, secretarias municipais de Saúde de Serra Talhada e Triunfo, o Serviço Estadual de Referência em Doença de Chagas (Casa de Chagas/PROCAPE-UPE), e a farmacêutica Novartis.
“O início do projeto representa um passo fundamental para o manejo de pessoas com Chagas, em locais próximos aos seus domicílios, oferecendo treinamento para equipes especializadas, busca ativa de pessoas afetadas com Chagas ainda na fase inicial, com realização de testes e, por fim, a criação de uma Associação Pernambucana de Pessoas Afetadas Pela Doença de Chagas, no Sertão do Pajeú”, explica o coordenador do Projeto, Dr. Wilson Oliveira Júnior.
Endemia
Causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, a Doença de Chagas é transmitida principalmente pelas fezes do inseto barbeiro. Mesmo após 115 anos de sua descoberta, segue sendo um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que entre seis e sete milhões de pessoas estejam infectadas globalmente. O Sertão pernambucano está entre as regiões mais endêmicas do país, e por isso a escolha de Serra Talhada e Triunfo como cidades-piloto.
“É um projeto bastante arrojado, que pretende testar os fluxos locais de cuidado, com baixíssimo custo, fazendo dialogar com as instituições que já existem, para atender pacientes que, embora tenham sorologia positiva, não evoluíram para as formas mais graves da doença e podem ser acompanhados no município onde residem e, por outro lado, os pacientes que tenham a forma cardiológica mais grave, podem ter prioridade de acesso aos cuidados e serviços nas unidades de alta complexidade, a exemplo da insuficência cardíaca, marca passo e transplantes cardíacos”, explica Dr. Wilson. Ele diz que de cada 10 pacientes que foram contaminados com a doença, 3 evoluem para complicações cardíacas, neurológicos ou digestivas em vários níveis de gravidade.
Sobre o projeto
Com o tema "Quem tem Chagas, tem pressa", o projeto nasce como resposta à urgência de uma realidade invisibilizada, propondo o fortalecimento da atenção básica, ampliação do diagnóstico precoce, oferta de tratamento e seguimento dos casos, além da capacitação de profissionais e articulação das redes locais de atenção.
Em Pernambuco, a Universidade de Pernambuco (UPE) já desenvolve há 38 anos um programa pioneiro de atenção integral à pessoa com Doença de Chagas, incluindo a criação de um ambulatório de referência e da primeira associação de pessoas afetadas pela doença no mundo. A Casa de Chagas, localizada no campus da UPE, próximo ao PROCAPE, é um marco desse cuidado contínuo e integrado.
O evento de lançamento na segunda-feira (28) contará com a presença de autoridades da saúde do estado de Pernambuco, além de representantes das instituições parceiras, reforçando o compromisso conjunto com a ampliação do acesso à saúde e o enfrentamento da Doença de Chagas.
A Novartis, uma das parceiras do projeto, acredita no poder da colaboração para enfrentar doenças negligenciadas como a Doença de Chagas. Globalmente, a companhia apoia iniciativas que contribuam para ampliar o acesso a diagnóstico e tratamento em regiões vulneráveis e endêmicas, além de ser historicamente envolvida na pesquisa e desenvolvimento de tratamentos para a insuficiência cardiaca, incluindo estudos clínicos e parcerias com instituições de pesquisa.
“Estamos empenhados no combate à Doença de Chagas por meio de uma abordagem coordenada e integral. Este projeto é mais um passo para estabelecer um modelo de atenção replicável, acessível e eficaz, que fortalece o diagnóstico precoce, amplia a visibilidade da doença e promove tratamento, inclusive das complicações de saúde na fase crônica da enfermidade, como a insuficiência cardíaca. Nossa meta é transformar essa região em referência”, afirma Michelle Ehlke, diretora associada de Saúde Global e Responsabilidade Corporativa da Novartis Brasil.