TJPE
Prefeito e vereadores de Pesqueira viram réus por suposto esquema de corrupção
Segundo MPPE, o prefeito Cacique Marcos Xukuru seria o líder de grupo que fraudou ao menos 15 licitações no município e causou prejuízo de mais de R$ 15,7 milhões
Por: Felipe Resk
Publicado em: 27/04/2025 14:48 | Atualizado em: 27/04/2025 21:03
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Prefeito alega inocência e diz sofrer perseguição política (@marcos_cacique via Instagram) |
O prefeito Cacique Marcos Xukuru (Republicanos) e vereadores de Pesqueira, no Agreste, viraram réus no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) por suposto esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia, oferecida pelo Ministério Público (MPPE), foi aceita na sexta-feira (25).
Segundo a acusação, Cacique Marcos seria o líder do grupo que direcionou ao menos 15 licitações e causou prejuízo de R$ 15.710.135,20 aos cofres públicos. Os crimes teriam acontecido entre janeiro de 2021 e setembro de 2022.
Os vereadores Jucenildo José Simplício Freira, conhecido como Sil Xukuru (PT), e José Maria Alves Pereira Júnior, o Pastinha Xukuru (PP), que é ex-presidente da Câmara Municipal, também respondem à ação criminal. Outros 10 funcionários públicos e empresários do município completam a lista de réus.
A decisão, obtida pelo Diario de Pernambuco, é do juiz Leon Elias Nogueira Barbosa, da Vara Criminal da Comarca de Pesqueira, do TJPE. Alvo da Operação Pactum Amicis, deflagrada pela Polícia Civil, o prefeito de Pesqueira chegou a ser afastado do cargo no início deste mês. Na ocasião, ele alegou inocência e disse ser vítima de perseguição política.
Denúncia
Na denúncia criminal, o MPPE afirma que Cacique Marcos seria responsável por dirigir o suposto esquema e era tratado por “chefe”, “prefeito”, “cacique” ou “o homem” pelos demais participantes. Segundo a promotoria, as licitações foram direcionadas para compensar doações de campanha, calculadas em cerca de R$ 2 milhões, na eleição de 2020.
Embora tenha vencido o pleito, Cacique Marcos não pôde assumir a Prefeitura por causa de uma condenação da Justiça Federal que o deixou inapto. Ele, no entanto, foi nomeado para o cargo de secretário municipal de Governo e Planejamento pelo sucessor, Bal de Mimoso (Republicanos), que esteve à frente de Pesqueira até 2024.
“O modus operandi da organização criminosa envolvia diversas práticas ilícitas coordenadas para direcionar contratações públicas, manifestando-se concretamente em múltiplos procedimentos licitatórios”, diz a promotoria.
O MPPE afirma que os réus movimentaram mais de R$ 68 milhões e realizaram “elevado volume de saques em espécie” no período investigado. Também foram encontrados “créditos de milhões de reais” nas contas de empresas, provenientes de contratos públicos suspeitos, e “repasses diretos para agentes públicos”.
“Os elementos colhidos ao longo da investigação indicam veementemente que o patrimônio acumulado e a movimentação financeira apresentada por diversos denunciados são manifestamente incompatíveis com os seus rendimentos lícitos declarados ou conhecidos”, diz a promotoria.
Quem são os acusados
Quem são os acusados
Segundo a acusação, o grupo se organizava em dois núcleos. Formado por integrantes da Prefeitura, o núcleo “Público” seria responsável por direcionar concorrências, fornecer informações privilegiadas e aprovar pagamentos indevidos. Já o “Privado”, composto por empresários, pagavam propinas e participavam da lavagem dos valores obtidos.
Acusados de participar do primeiro núcleo, também viraram réus Adailton Suesley Cintra Silva Taumaturgo, então secretário municipal de Infraestrutura; Francisco Alves do Nascimento, engenheiro responsável por fiscalizar os contratos, e Adilson Ferreira, que foi presidente de Comissões Permanentes de Licitação entre 2021 e 2022.
A lista de empresários denunciados inclui Paulo Antônio Paezinho de Araújo, da MGA Construtora Ltda; José Janailson Cavalcanti, sócio-administrador da Construtora Cavalcanti Ltda e Cavalcanti & Cavalcanti Ltda, e José Washington Marques Cavalcanti, apontado como o verdadeiro proprietário da DLG Construtora Ltda, registrada no nome de familiares.
Os outros réus são Rozelli Cícera de Souza, Maria Janaína Cavalcanti, Jaelson dos Santos Júnior e José Djailson Lopes da Silva. Esse último, que é 1º Tenente da Polícia Militar de Pernambuco, também responde à investigação na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS).
Em nota, a defesa do prefeito informou que ainda não foi comunicada oficialmente das acusações, mas confia que restará comprovada sua inocência, reafirmando sua plena confiança no Poder Judiciário de Pernambuco. A Câmara Municipal também foi procurada, mas não deu retorno. A defesa dos demais citados não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestação.