OMC estima em 2025 uma contração no comércio mundial entre 0,2% e 1,5%

“A incerteza em torno do comércio mundial provocada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ter graves consequências negativas, particularmente para as economias mais vulneráveis”, avisou nesta quarta-feira (16) a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala.

Segundo as previsões anuais da OMC, a suspensão temporária das tarifas por Washington alivia a contração do comércio, no entanto o declínio no comércio mundial de mercadorias pode atingir 1,5% em volume em 2025, dependendo da política aduaneira de Trump.

"Estou muito preocupada com a incerteza em torno da política comercial, com o impasse entre os EUA e a China. O recente acalmar das tensões tarifárias aliviou temporariamente a pressão sobre o comércio mundial. Entretanto, a incerteza persistente ameaça abrandar o crescimento global, com graves consequências negativas para o mundo, em especial para as economias mais vulneráveis", afirmou Okonjo-Iweala.

Mas, diante da crise, a diretora da OMC considera que os membros da organização têm uma oportunidade sem precedentes para injetar dinamismo na organização e promover condições equitativas.

No início do ano, a OMC previa que o comércio mundial continuaria a se expandir em 2025 e 2026, com o comércio de mercadorias crescendo no mesmo ritmo que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial e o comércio de serviços a aumentar mais rapidamente.

Porém, os novos direitos aduaneiros introduzidos desde janeiro levou os economistas da OMC a reavaliar a situação comercial, o que resultou numa redução substancial das suas previsões para o comércio de mercadorias e numa redução menor das suas perspectivas para o comércio de serviços.

“Tendo em conta as condições atuais, ou seja, a suspensão anunciada por Trump das suas tarifas contra o resto do mundo, com exceção da China, o volume do comércio mundial de mercadorias deverá diminuir 0,2% em 2025, antes de apresentar uma modesta recuperação de 2,5% em 2026”, de acordo com a OMC.

Pela primeira vez, o relatório também incluiu uma previsão para o comércio de serviços, que deverá registrar um crescimento de 4,0% em 2025, cerca de um ponto percentual  menos do que o previsto anteriormente.

A OMS indicou que nas condições atuais, o declínio deverá ser, sobretudo acentuado na América do Norte, onde as exportações deverão diminuir 12,6%. E as importações desta região deverão ainda reduzir 9,6% este ano. A Ásia deverá registrar um crescimento modesto das exportações e das importações este ano (1,6% para ambas), assim como a Europa (1,0% para as exportações e 1,9% para as importações). Já as perturbações comerciais entre os EUA e a China deverão conduzir a um desvio significativo do comércio, suscitando preocupações entre os mercados terceiros quanto ao aumento da concorrência de Pequim.