ENTOMOLOGIA FORENSE
Insetos e perícia criminal: pesquisa de UFPE estuda relação curiosa na investigação forense
Professor líder do Laboratório de Insetos de Importância Forense, do Departamento de Zoologia da UFPE explica como a entomologia forense pode ajudar na elucidação de casos de homicídios
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 28/04/2025 10:40
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Foto: Reprodução/Youtube Canal UFPE |
Os homicídios, muitas vezes, representam um grande desafio para as investigações. Dentro da cena do crime, detalhes que podem parecer sem valor, podem ter importância crucial na investigação forense. Insetos, por exemplo, podem figurar como aliados na perícia criminal.
O Laboratório de Insetos de Importância Forense, do Departamento de Zoologia da UFPE, buscando aprimorar os estudos desta relação curiosa, está promovendo uma pesquisa sobre uma esta relação curiosa entre a presença de insetos em cenas de crime e sua contribuição para a investigação forense dos casos.
Como funciona
O coordenador do Laboratório de Insetos de Importância Forense da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Simão Dias Vasconcelos, explica como as análises dos materiais obtidos podem ajudar a achar peças para os quebra-cabeças dos crimes.
“Quando um cadáver é encontrado ele pode estar colonizado por insetos, por larvas. O perito criminal coleta e entrega para a gente aqui no Laboratório de Insetos de Importância Forense, a gente cria até a fase de adulto e aí vemos quanto tempo levou daquela larva até o adulto. Digamos assim se a gente coletou uma larva que demorou 8 dias para chegar à fase adulta, e a gente sabe que de ovo a adulto ela leva 15 dias, então a gente pode inferir que a morte ocorreu há pelo menos 7 dias. Isso ajuda a polícia científica, porque 7 dias é um período em que o cadáver já tá decomposto, então as técnicas básicas da medicina legal não conseguem avaliar. O perito pode utilizar essas informações para complementar”, diz o professor.
Os insetos também podem auxiliar na identificação de drogas e outras substâncias tóxicas em corpos, complementa Simão.
“A maioria dessas substâncias tóxicas entorpecentes se decompõem rapidamente no cadáver, então se um perito fizer uma análise toxicológica é possível que não detecte nenhum traço de substância entorpecente, e aí vem a importância da entomologia forense. Se o inseto se alimentar de um cadáver que foi vítima de um envenenamento, é como se o inseto acumulasse essa substância química na sua cutícula externa, então a substância fica retida no corpo do inseto de uma forma inativa”, complementou.
Ainda de acordo o docente, o ramo da entomologia forense tem o potencial de contribuir muito mais no futuro com órgãos de investigação.
“Para que a entomologia forense seja usada mais na prática é preciso formalizar a emissão de laudos porque pesquisas recentes assim indicam que você pode até identificar o DNA humano dentro de uma larvinha dessa então você pode identificar a vítima por um perfil genético do DNA dentro de uma larva então existem inúmeras possibilidades”, finaliza Simão.