GUERRA
ONU alerta que Gaza tem a pior situação humanitária desde o inicio do conflito
Para Kaja Kallas, Israel tem o direito de se defender, mas suas ações atuais ultrapassam a legítima defesa
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 15/04/2025 13:56
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Foto: Omar AL-QATTAA/AFP |
O Escritório da Organização das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA) afirmou que a crise humanitária na Faixa de Gaza está no pior nível dos últimos 18 meses.
"Há já um mês e meio que não é permitida a passagem de quaisquer bens através dos postos de passagem para Gaza, sendo de longe a mais longa interrupção até a data. Entretanto, as autoridades israelenses continuam a emitir novas ordens de deslocação, reduzindo ainda mais o espaço limitado disponível para as famílias. Os civis estão efetivamente encurralados em enclaves cada vez mais fragmentados e inseguros, onde o acesso aos bens essenciais para a sobrevivência está a diminuir de dia para dia", diz a OCHA.
A alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, declarou que Israel tem o direito de se defender, mas que as suas ações atuais ultrapassam a legítima defesa. Já o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que conversou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e reiterou a urgência de um cessar-fogo em Gaza e a necessidade de desmilitarizar o Hamas. Macron ressaltou que a abertura de todas as passagens para ajuda humanitária é vital para a população civil do enclave. “O sofrimento da população civil em Gaza tem de acabar”, apelou.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, sublinhou também que, nos termos do direito humanitário internacional, os feridos, os doentes, a equipe e instalações médicas devem ser respeitados e protegidos, em referência ao bombardeio do Hospital al-Ahli, também conhecido como Hospital Batista, na madrugada do Domingo de Ramos, que causou graves danos e obrigou à retirada de doentes e pessoal. “As provisões médicas estão findando enquanto os hospitais continuam a se encher de vítimas. O ataque paralisou o complexo e desferiu um duro golpe num sistema de saúde já destruído”, apontou o comunicado divulgado por Guterres, uma vez que era o único hospital que ainda estava em funcionamento no norte de Gaza.
O chefe da ONU destacou que a maioria do território está agora sob ordens de deslocação emitidas pelo exército de Israel, deixando os palestinos sem nenhum lugar seguro para onde ir e com muito pouco para conseguir sobreviver. “As consequências humanitárias são devastadoras, com as reservas alimentares se esgotando, a produção de água a diminuir drasticamente e os materiais de abrigo quase totalmente esgotados”, acrescentou.