DEBATE NA MÚSICA
Dia Mundial da Propriedade Intelectual levanta discussão sobre proteção na indústria musical
Advogado fala sobre os desafios da desafios da regulação do uso da inteligência artificial na criação de conteúdo
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 25/04/2025 20:23 | Atualizado em: 25/04/2025 21:17
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Gustavo Escobar (Foto de: Tom Cabral/Divulgação) |
O Dia Mundial da Propriedade Intelectual, celebrado neste amanhã, dia 26 de abril, foi criado há 25 anos e promove a conscientização da importância dos direitos de propriedade intelectual (PI) em escala global. O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), que tem como mote “Sinta o Ritmo da PI”, foca na música e na relevância da proteção legal para garantir que artistas e criadores tenham seus direitos preservados e reconhecidos.
No Brasil, o que regula a Propriedade Intelectual é sobretudo a Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98), que estabelece os direitos morais e patrimoniais dos autores e titulares. A legislação permite que músicos, compositores, intérpretes, produtores fonográficos e editores tenham controle sobre o uso de suas obras, garantindo retorno econômico e reconhecimento.
Em um cenário de transformações tecnológicas e mudanças nos hábitos de consumo, o debate sobre a proteção da PI no setor musical ganha ainda mais relevância. Segundo dados divulgados pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), a arrecadação de direitos autorais em 2024 ultrapassou R$ 1,8 bilhão, com R$ 1,57 bilhão distribuídos a mais de 345 mil titulares.
Os serviços digitais lideraram pela primeira vez o ranking de arrecadação, representando 26% do total, em linha com o crescimento do streaming como principal forma de consumo musical.
“O avanço da tecnologia tem permitido uma identificação mais precisa das execuções musicais, o que é essencial para uma distribuição mais justa. Mas, ao mesmo tempo, traz novos desafios, como a regulação do uso da inteligência artificial na criação de conteúdo”, afirma Gustavo Escobar, advogado especialista em Propriedade Intelectual e sócio gestor do escritório Escobar Advocacia.
O uso da IA generativa trouxe preocupações entre artistas do globo, gerando debates intensos sobre os limites éticos e legais da criação automática de obras musicais. “A proteção da autoria humana é um princípio estruturante do nosso sistema jurídico. No Brasil, ainda há dificuldade em compatibilizar a legislação vigente com a produção automatizada, o que exige um debate mais aprofundado e urgente”, complementa Gustavo.
No Brasil, exemplos ilustrativos da questão surgem em diferentes frentes. Em decisão recente, o Tribunal de Justiça de Goiás condenou um candidato ao pagamento de indenização por uso indevido de um jingle de campanha, sem autorização dos autores. A sentença reconheceu a violação dos direitos morais e patrimoniais, destacando a irrenunciabilidade da autoria e o dever de compensação financeira.