INCLUSÃO

Sobre paisagens acessíveis

Primeira etapa de projeto de acessibilidade %u2018Visões Sonoras da Cidade%u2019 promove audiodescrição de pontos turísticos históricos da região central do Recife

Publicado em: 04/05/2024 06:00

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação

A beleza e a memória cultural das paisagens históricas do Recife não chegam para todos. Com a iniciativa de descrever, através da técnica de audiodescrição, o visual que encanta locais e turistas da capital pernambucana, surge o projeto Visões Sonoras da Cidade, que, na sua fase inicial, prevê a descrição de seis ambientes de destaque da primeira Região Político Administrativa do Recife – incluindo fachadas de equipamentos históricos, casarões, pontes, praças, pátios e imagens icônicas que formam o imaginário recifense preservado pelo povo.

 

Marco Zero, Rua do Bom Jesus, Torre Malakoff, casarios da Rua da Aurora, Teatro Santa Isabel e a Praça da República são os pontos presentes que representam o começo de uma ideia ainda em expansão pela COM Acessibilidade Comunicacional, que coordena e executa projetos voltados para diferentes tipos de acessibilidade em cultura, arte, lazer, turismo e educação. Voltando-se neste momento para acessibilizar essa contemplação a pessoas com deficiência visual e possibilitar a imersão delas nos célebres pontos turísticos da cidade, a companhia contou com uma equipe de especialistas em audiodescrição, historiadores, arquitetos e consultores em acessibilidade comunicacional para a produção do Visões Sonoras, que será entregue às Secretarias de Cultura e de Direitos Humanos do Recife.

 

Com apoio da Lei Paulo Gustavo, a iniciativa tem inspiração em um trabalho anterior de audiodescrição e com um poema em Braille projetado pela gestora Liliana Tavares para o Parque das Esculturas, presente na placa colocada pela Prefeitura do Recife próximo ao célebre nome da cidade. A partir dessa colaboração inicial, de repercussão altamente positiva, começou a idealização de um crescimento, começando pela RPA 1 e, aos poucos, planejando para outras áreas da capital. A previsão de término dessa primeira fase está para o final do mês de maio e já está programada uma visita guiada com audiodescrição e Libras aberta aos usuários dessas tecnologias assistivas.

 

A diretora e idealizadora conversou com o Viver sobre o plano de expansão e destacou os benefícios do trabalho. "A gente tinha um desejo de tornar a contemplação da cidade acessível para pessoas com deficiência visual, sejam cegas ou com baixa visão, mas o Visões Sonoras também beneficia pessoas neurodivergentes, pessoas do espectro autista, com síndrome de Down e TAH. A ideia é que possamos ir pouco a pouco para as outras Regiões Político Administrativas, contando com o apoio de editais da Prefeitura do Recife", explicou. “O momento da visitação será uma recepção que nos permitirá presenciar as sensações manifestadas no público usuário e apontar necessidades de ajustes, analisar a funcionalidade do trabalho e observar se o acesso está sendo feito de forma autônoma. Espera-se que o projeto contribua para que a cidade seja mais inclusiva, que as pessoas com deficiência visual possam se aproximar da cidade, conhecer e vivenciar espaços públicos de imagens acessadas por pessoas que enxergam. Acreditamos que irá colaborar par pessoas cegas ou com baixa visão construírem uma sensação de pertencimento desses lugares”, acrescentou Liliana.

 

Michelle Alheiros, que possui deficiência visual e é especialista em audiodescrição, participou como consultora audiovisual, aprimorando roteiro a partir do seu lugar de fala, e comentou também sobre sua experiência e relevância dele para os diferentes grupos de acesso. “Muitas vezes se passa pelos lugares sem ideia de como é a fachada, então é um projeto importante para o povo local e para as pessoas de fora, que podem ouvir e conhecer, se sentir mais na cidade. Eu que sou daqui vou aprender e tenho aprendido mais sobre o Recife, o que vem sendo muito significativo para mim ao longo desse processo”, ressaltou.