REPRESENTATIVIDADE

Pesquisa apresenta personagens invisibilizados na história do frevo

Mostra do estudo chega em formato de apresentação, neste domingo (26), no Paço do Frevo

Publicado em: 24/05/2024 12:09

 (Foto: Felipe Gondim)
Foto: Felipe Gondim
Pesquisa inédita feita em Pernambuco começa a tirar da invisibilidade a história de mulheres negras, entre capoeiristas, trabalhadoras, marginalizadas, que viveram no Recife na época em que o Frevo dava seus primeiros passos e que foram presas simplesmente por dançá-lo na via pública. Os vestígios da presença dessas mulheres emergiram das páginas policiais de jornais do início do século XX, e agora, mais de 100 anos depois, a pesquisa Relicárias: vasculhando e (re)contando histórias de mulheres negras na dança do frevo dá nome, corpo e voz a essas mulheres pioneiras. A mostra do processo de pesquisa, em formato de apresentação artística, será no domingo (26), às 15h, no Paço do Frevo, com entrada gratuita mediante distribuição de senha e acessibilidade em LIBRAS. 

À frente da pesquisa estão as dançarinas e pesquisadoras Rebeca Gondim, Marcela Felipe, Ailce Moreira, Bell Puã e Vanessa Marinho. Nos últimos dois anos elas se debruçaram em textos e imagens sobre o Frevo, dedicadas a dar vida a mulheres como Olindina Olívia da Conceição e Maria da Hora Tavares, a Maria Facão, presas supostamente por cometer delitos como jogar capoeira, embriaguez e por “ouvir música em frente a uma festa privada”. 

A partir desses vestígios encontrados nos jornais da época, as pesquisadoras buscaram recriar de forma poética as biografias das personagens da vida real, recheando com dados históricos, elementos visuais da dança, como figurino e o território onde viveram as personagens, a gestualidade e os passos executados na época, e apresentá-las em carne e osso. 

“Além de Olindina e Maria Facão, o público vai conhecer Ana Maria Luiza Tavares da Conceição, a Neidinha, uma terceira personagem que é uma junção de várias outras mulheres que apareceram na pesquisa, trabalhadoras da rua, como as quitandeiras, sem ter sequer seus nomes citados”, destaca Rebeca Gondim. “Trabalhamos a imaginação tendo como base os movimentos da capoeira e as experiências corporais de cada uma”, conta.

A pesquisa foi realizada em três etapas, nas quais a equipe aprofundou os conhecimentos em laboratórios de criação conduzidos por artistas e pesquisadores convidades. A historiadora Vanessa Marinho foi a responsável pela condução da pesquisa historiográfica; a poeta e escritora Bell Puã conduziu um laboratório de poesia e performance (escrita, corpo e voz); o fotógrafo e artista visual Filipe Gondim e a dançarina e figurinista Maria Agrelli conduziram a oficina para levantamento dos elementos visuais da dança, entre fotografias e figurinos. O grupo também realizou entrevistas com dançarinas de frevo contemporâneas, como Zenaide Bezerra, Lucélia Albuquerque, Geciland Monteiro (Landinha), Valéria Vicente, Dadinha Gomes, Renach Reiva, Francis Souza, Marinez Barbosa e Joelma Evaristo.