Doação

''O cenário é quase de guerra'', diz pernambucana que mora no Rio Grande do Sul

Pelo menos 100 pessoas já morreram e 163.786 estão desalojadas

Publicado em: 08/05/2024 23:00 | Atualizado em: 09/05/2024 10:44

Vídeos enviados ao Diario de Pernambuco pela engenheira mostram as ruas alagadas (Foto: Cortesia)
Vídeos enviados ao Diario de Pernambuco pela engenheira mostram as ruas alagadas (Foto: Cortesia)
As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul afetaram 425 dos 497 municípios do estado, deixando 163.786 desalojados, 67.428 pessoas em abrigos, além de 130 desaparecidos e 100 mortos. Uma corrente de ajuda se formou em todo o Brasil e uma pernambucana que mora hoje na cidade de Canoas, uma das afetadas pelas chuvas, criou uma vaquinha on-line para ajudar as vítimas.

A engenheira Ellen Alencar, de 26 anos, mora na cidade sulista desde fevereiro de 2023 com o marido, que também é pernambucano e que vive lá desde 2021. Ela relata que teve que deixar a casa onde mora na última quinta-feira (2) por recomendação da Defesa Civil.

“A água inundou meu condomínio até o primeiro andar. Saímos assim que o alarme chegou a nossa rua, conseguimos pegar algumas roupas e itens pessoais, além do nosso carro. Foi desesperador ver a água subindo tão rápido. Diversos amigos e vizinhos perderam absolutamente tudo. Saíram apenas com a roupa do corpo”, conta Ellen.

Desde que a cidade de Canoas começou a alagar, o casal ajudou os vizinhos mais próximos a retirarem objetos como colchões, geladeiras e alimentos. “Eu corri para os mercados para comprar água, comida, alguns medicamentos e produtos de higiene e limpeza. Pelo menos 25 famílias próximas a nós perderam tudo”, relembra a engenheira.

Vídeos enviados ao Diario de Pernambuco pela engenheira mostram as ruas alagadas e pessoas se locomovendo com uma canoa enquanto a água chega no primeiro andar do condomínio.

“O cenário atual é quase de guerra. Helicópteros sobrevoando a cidade a todo momento, prateleiras vazias, falta de combustível, energia e água”, conta Ellen.

DIante desta situação, ela viu que podia ajudar ainda mais através de uma vaquinha on-line. Através das redes sociais ela divulga duas chaves Pix para doação em dinheiro que será revertida para ajudar as vítimas das enchentes, são elas ipcanoas@ipb.org.br e Ellen.alencar@hotmail.com.
 

“Apesar do caos que temos vivido, podemos contar com as orações e doações de pessoas de todo Brasil e isso tem renovado nossas forças. Nosso trabalho não está nem na metade. Quando a água começar a baixar, ajudaremos as pessoas a reconstruir tudo do zero. Não faço ideia do que sobrou na minha casa, mas só a benção de estarmos vivos e seguros nos motiva a continuar”, afirma Ellen.

De acordo com a engenheira, a igreja que ela frequenta, Presbiteriana de Canoas, abriga mais de 20 pessoas. “Temos preparado refeições, distribuído cestas básicas, além de kits de limpeza e higiene para distribuir pela cidade”, conta.

A Região Metropolitana é a mais afetada na área atendida pela Companhia Riograndense de Saneamento. Ao todo 408 mil imóveis estão sem água em sete cidades. 

Dados do Grupo Equatorial de Energia mostram que 198 mil clientes estão sem energia, sendo que 168 mil estão desligados por segurança. Na área coberta pela Rio Grande Energia (RGE) são 212 mil clientes sem luz.
 
A altura do Rio Guaíba é medida a cada hora e o registro mais recente, das 18h15, mostra que o nível chegou aos 5m5cm. A Defesa Civil registrou o nível mais alto no domingo (5), às 5h30, quando o nível da água chegou aos 5m35cm.