Crime em Olinda

Advogado da família de professor assassinado contesta versão de policial penal: "não faz sentido algum"

Madson Aquino afirmou ao Diario que há provas de que Marlon da Luz foi morto em briga de trânsito e que é "mentirosa" a história de que ele tentou assaltar policial da Paraíba

Publicado em: 09/05/2024 15:32 | Atualizado em: 09/05/2024 16:43

 (Reprodução/Redes sociais)
Reprodução/Redes sociais
O advogado da família do professor de dança assassinado se pronunciou, nesta quinta (9),  sobre a alegação apresentada, pós o crime, pelo  policial penal da Paraíba suspeito de efetuar os disparos. 
 
 Marlon de Melo de Freitas da Luz, de 31 anos,  morreu na madrugada de quarta-feira (08), em decorrência de ferimentos provocados por tiros disparados em uma briga de trânsito, em Olinda, no Grande Recife, no sábado (4).  
 
No mesmo dia, o policial penal, identificado como Cláudio José, foi até o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e disse haver sofrido uma tentativa de assalto. 
 
Nesta quinta-feira (09), a Polícia Civil de Pernambuco afirmou que o policial penal da Paraíba se apresentou na delegacia e teve a arma funcional recolhida. 
 
De acordo com informações repassadas pela polícia, o homem não ficou preso, uma vez que expirou o prazo para a captura em flagrante.  

O que diz o advogado 

Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o advogado da família de Marlon, Madson Aquino, afirmou que a "versão do policial penal é falsa". 
 
Madson contou que, após Marlon ter sido baleado, familiares foram até a  delegacia para buscar esclarecimentos. 
 
“Assim que aconteceu o fato, o policial foi até a delegacia e disse que foi vítima de um roubo e que reagiu, baleando a pessoa. Aí, quando a família do Marlon foi até a delegacia para procurar saber quais ações estavam sendo tomadas pela polícia, tomaram conhecimento disso. Então, eles começaram, logicamente, a buscar as provas de que isso não é verdade”, explica Madson.
 
Segundo o advogado, a família tem gravações de Marlon saindo da academia que trabalhava. 
 
“A primeira prova foi a gravação que mostra ele saindo da academia em que  trabalhava. E naquele percurso que ele estava fazendo, o que acontece? Os familiares começaram a buscar provas de que essa versão do policial penal é mentirosa, não faz sentido algum. A pessoa ia praticar um roubo, e ele ia roubar o que do cara? A moto? Ele estava numa moto”, afirmou Aquino.
 
Madson disse, ainda, que uma discussão de trânsito foi o real motivo do assassinato de Marlon. 
 
“Tem gravação do momento em que esse policial penal foge do local e tem  testemunhas oculares que viram a discussão. Que, na verdade, o que ocasionou isso não foi um roubo, foi uma discussão de trânsito. Marlon discutiu com ele E, como os dois estavam de moto, foram empareando e discutindo. Aí, quando chegou a um determinado momento, o policial disse assim: fala de novo! Aí ele falou alguma coisa e aí o cara foi atirando nele”, completou.  

A informação repassada pelo advogado é de que o delegado está convencido de que a versão do policial penal não faz sentido. Madson afirmou que a morte de Marlon foi um ato de “crueldade sem tamanho”. 

“Parece que o delegado já está convencido inclusive de que essa versão do policial penal não tem realmente nada a ver. Até porque não faz sentido algum o camarada estar trabalhando, sair do emprego, seguir para casa para fazer outras coisas para poder voltar para o trabalho. Aí, ele vai praticar  um roubo do nada? Marlon não tem antecedentes, não tem  envolvimento com o crime, não estava armado. Essa versão de que ele ia assaltar o cara não faz sentido nenhum. Como a pessoa vai  assaltar  com nada? Realmente é muito fantasiosa. Provavelmente ele usou isso para poder escapar. Provavelmente, ele usou essa versão para poder justificar o ato dele, que é um ato de crueldade sem tamanho”, afirmou. 

Enterro

O advogado explicou, também, que a vontade de Marlon era ser cremado, mas que a família esbarra em problemas por se tratar de "morte a esclarecer".

“A vontade de Marlon era que ele fosse cremado, né? Só que a gente esbarra num problema que advogado da área civil está tentando resolver. Que é, justamente por se tratar de uma 'morte a  esclarecer' aí, não deve ter a autorização para ele ser cremado. Ele vai ter que ser sepultado mesmo por causa disso”, explicou.