Dívidas

Pernambuco registra aumento de devedores e de débitos em atraso

O número de endividados no Estado cresceu 1,29% na passagem de fevereiro para março, de acordo com dados do SPC

Publicado em: 19/04/2024 05:25 | Atualizado em: 19/04/2024 01:20

Na passagem de fevereiro para março, o número de devedores do Estado aumentou 1,29% (Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)
Na passagem de fevereiro para março, o número de devedores do Estado aumentou 1,29% (Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)
Mais consumidores, em Pernambuco, ficaram devendo e com maior quantidade de débitos em atraso em março deste ano. Segundo o Serviço de Proteção de Crédito (SPC), a alta foi de 0,91% no mês passado, na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado no Estado ficou na média do Nordeste 0,91% e abaixo da média do país, que alcançou 2,67%. Já na passagem de fevereiro para março, o número de devedores do Estado aumentou 1,29%. Na região Nordeste, a variação foi de 1,46%.
 
Os dados apontam que os mais endividados em Pernambuco estão na faixa etária entre 30 e 39 anos, representando 22,96% dos não pagadores. E são mais mulheres 53,65% na lista de devedores que homens 46,35%. 
 
Conforme o levantamento do SPC, além de contrair dívida, aumentou também o número de débitos em atraso em Pernambuco, principalmente com bancos. Subiu 5,15% em março deste ano, em relação ao mesmo mês de 2023. O dado ficou acima da média da região Nordeste 4,60% e superior à média nacional 4,91%. O tempo médio de atraso dos devedores negativados de Pernambuco é igual a 28,5 meses, sendo que 40,67% dos devedores possuem tempo de inadimplência entre 1 a 3 anos.
 
Para o economista Sandro Prado, o aumento do endividamento em Pernambuco está ligado à facilidade de acesso ao crédito no Brasil, especificamente em relação ao cartão de crédito e ao cheque especial, influenciados pelo estímulo ao consumo. "As altas taxas de juros praticadas no país e o spread bancário, muito acima da taxa de juros Selic, que hoje está em 10,75% a.a, contribuem significativamente para o endividamento excessivo dos consumidores em Pernambuco", destaca.
 
Ainda segundo o economista, embora a renda média do brasileiro seja frequentemente apontada como um fator determinante do endividamento, é importante relativizar essa relação. "Mesmo indivíduos com renda aparentemente confortável podem se endividar excessivamente devido à falta de controle financeiro, à cultura do consumo imediato e à pressão social para manter um padrão de vida elevado", afirma.
 
De acordo com o diretor-executivo da Câmara de Dirigente Lojistas (CDL Recife), Hugo Philippsen, esses dados são reflexo da alta dos juros e da renda per capita em baixa no Estado, fatores que dificultam a adimplência da população. "Embora a inflação média no Brasil esteja no nível de controle, mas a inflação do gênero de primeira necessidade sacrifica muito mais a classe menos favorecida. Consequentemente, ninguém vai deixar de comprar o gênero de primeira necessidade para pagar dívidas. Então, acredito que esse somatório de eventos é que tornou a inadimplência aqui em Pernambuco, mais alta que o Brasil", ressalta.
 
O economista Daniel Campelo acrescenta que os dados levantados entre os meses de março e abril representam o que acontece sazonalmente no país, como as festas de final de ano e outras despesas, algo que afeta a faixa etária entre 30 a 39 anos, por ser a que contempla a população mais economicamente ativa. "Culturalmente, vem as compras de final de ano, os presentes, em que aumentam-se os gastos, principalmente para quem está desempregado ou não tem grande renda. Além disso, as despesas de início de ano, que são justamente os tipos de gastos que recaem sobre essa faixa etária, como o IPVA de um carro, o IPTU de um apartamento, o matério escolar dos filhos", explica. 

Práticas para evitar o ciclo 

Para evitar cair no ciclo do endividamento, algumas práticas relacionadas ao planejamento, à educação financeira, e ao uso consciente do crédito são constantemente apontadas como essenciais para auxiliar os consumidores em suas decisões financeiras ao longo da vida. Em caso de endividamento, é importante também que o consumidor busque negociar as dívidas com os credores, renegociando prazos e condições de pagamento para evitar a inadimplência e restabelecer o equilíbrio financeiro.
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