INOVAÇÃO

Criada no CIn-UFPE, startup pernambucana colabora com projeto Real Digital do Banco Central

Publicado em: 02/02/2023 16:20 | Atualizado em: 06/02/2023 12:36

Moeda será uma extensão das tradicionais cédulas físicas de dinheiro (Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)
Moeda será uma extensão das tradicionais cédulas físicas de dinheiro (Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)
Criada no Centro de Informática (CIn) da UFPE, a startup LoveCrypto, que integra o Polo Tecnológico e Criativo (Polo TeC) da instituição, foi selecionada para colaborar com o Banco Central para o projeto do  Real Digital, moeda virtual oficial do Brasil que deve inovar o sistema financeiro brasileiro e o modo de lidar com o dinheiro.

A empresa pernambucana foi escolhida em conjunto com outras sete startups durante o LIFT Lab 2022, uma edição especial do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas de Desafio que discutiu especificamente o Real Digital, 
realizado pela Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac).

Inovador, o projeto do Real Digital deverá viabilizar a extensão das tradicionais cédulas físicas de dinheiro. No entanto, a moeda, que será produzida e regulada pelo Banco Central e seguirá as regras vigentes na política monetária brasileira, só poderá ser transacionada no ambiente digital. 

A novidade tem entre seus principais objetivos diminuir os custos de operações bancárias, como a emissão de papel-moeda, e ampliar o contingente de pessoas no mercado financeiro. De acordo com o banco, a adoção do Real Digital deve facilitar o acesso dos brasileiros a recursos financeiros por meio da tecnologia. 

A ideia é levar a moeda digital ao dia a dia da população, simplificando o processo de movimentação do dinheiro, em compras no varejo, investimentos e transações bancárias, por exemplo. A moeda digital brasileira poderá ser acessada por meio de uma carteira digital sob responsabilidade de bancos ou instituições financeiras autorizadas pelo BC. No futuro, a ideia é que ela seja utilizável em qualquer país do mundo, sem necessidade de conversão.

“O Real Digital será a Central Bank Digital Currency (CBDC) brasileira. É a evolução do dinheiro no Brasil, que passará a ter características como programabilidade e composabilidade. O dinheiro de papel e o PIX continuarão existindo, mas essa nova cara da moeda brasileira, vai ter “super poderes” que atualmente só as criptomoedas têm”, comentou o CEO da Lovecrypto e egresso do CIn, Edmilson Rodrigues. 

Durante o desenvolvimento do projeto, um dos pontos de destaque é a questão da interoperabilidade no Real Digital. Um dos principais problemas associados a blockchains, mecanismo de banco de dados avançado que permite o compartilhamento transparente de informações na rede de uma empresa, é como o que o Real Digital será interoperável, isto é, capaz de operar, funcionar ou atuar com outras moedas digitais e blockchains. 

“Como é que esse blockchain poderá conversar com outros? Transferir mensagens, valores ou executar contratos? A prova de conceito que desenvolvemos foi um exemplo de como a interoperabilidade pode acontecer entre um blockchain público, o da Celo, e uma rede que simula o Real Digital. Através do pagamento com uma moeda no Blockchain da Celo, foi possível comprar um título do tesouro fictício registrado no blockchain do Real Digital”, afirmou Edmilson. 

O CEO da Lovecripto acredita que no futuro, quando existirem muitas CBDCs e muitos blockchains públicos, espera-se que por meio da interoperabilidade seja possível obter muitos benefícios para a sociedade, como um menor custo de crédito, menor custo de conversão entre moedas e a abertura da economia brasileira para investidores de qualquer lugar do mundo.

O Banco Central ainda não anunciou oficialmente uma data para que a moeda digital seja implementada no país. Uma estimativa sobre esse prazo deve ser divulgada após a conclusão de todas as etapas de teste. A expectativa é que o Real Digital entre em testes públicos este ano e seja disponibilizado aos brasileiros em meados de 2024.
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