Fim

Bacalhau do Batata leva público para encerrar ciclo carnavalesco em Olinda

Publicado em: 26/02/2020 13:55 | Atualizado em: 26/02/2020 15:16

Segundo a organização do Bacalhau do Batata, desfile deve ser acompanhado por 10 mil pessoas. (Leandro de Santana/Esp. DP.)
Segundo a organização do Bacalhau do Batata, desfile deve ser acompanhado por 10 mil pessoas. (Leandro de Santana/Esp. DP.)
A quarta-feira de Cinzas (26) chegou, mas a festa continua em Olinda. A cidade começou a se despedir do carnaval de 2020 pela manhã, com o tradicional Munguzá de Zuza Miranda & Thaís, servido no Alto da Sé. Em seguida, foi a vez do desfile do Bacalhau do Batata. Em sua 59ª edição, a organização do Bacalhau estima que 10 mil pessoas acompanharam o cortejo pelas ruas do Sítio Histórico, junto dos bonecos gigantes e de uma orquestra.

“O sucesso do Bacalhau é amar. Amar a cidade de olinda, amar Pernambuco. Amar de verdade. Mesmo numa quarta-feira, que é um dia que todos estão muito cansados, o bloco consegue trazer essa presença das pessoas. A gente fecha o carnaval de Olinda com chave de ouro”, explica a presidente do bloco, Fátima Araújo. Ela é sobrinha de Izaías Ferreira da Silva - o famoso garçom Batata, morto em 1993. 

A festa nasceu por iniciativa de Izaías, em 1962. Ele queria brincar carnaval, mas não podia, visto que trabalhava todos os dias em um restaurante e ficava sem tempo de aproveitar. “O dia de quarta antigamente, em Olinda, era de trevas. Mas meu tio, muito humilde e querido, conseguiu autorização da Igreja e da Polícia. E assim seguimos até hoje”, acrescenta Fátima.

O cortejo saiu por volta das 10h, da Ladeira da Sé, com destino à Praça do Carmo, onde será servido feijoada e bacalhau aos foliões. Foram comprados dois bacalhaus grandes, que pesam cerca de dez quilos. Para acompanhar, cinco quilos de feijão, três de arroz e dois de farinha. “E a comida sempre feita na hora”, destaca a presidente. 
Bacalhau do Batata "recebeu" Michael Jackson e Capitão América. (Leandro de Santana/Esp. DP.)
Bacalhau do Batata "recebeu" Michael Jackson e Capitão América. (Leandro de Santana/Esp. DP.)
A orquestra que acompanha o bloco tem clarins e trompetes. No grupo de músicos, Jaílton de Oliveira, de 20 anos, fez sua estreia no Bacalhau do Batata. “Eu trabalho em uma empresa de turismo. Mas época de carnaval dou um tempo e toco nas festas. É o primeiro ano que toco aqui e está sendo uma experiência muito boa”, diz Jaílton, que toca clarim.

E só mesmo Olinda para 'reviver' o Michael Jackson, através de seu cover, o relojoeiro José Marcos dos Santos, 60. "Há quatro carnavais que venho aqui para o Batata. Gosto das ladeiras, do povo. Não tem confusão, a gente brinca à vontade. É demais, mesmo", exalta o homem, que homenageia o artista desde 1978.

Outra figura no meio da multidão foi o vigilante Carlos Antônio, 65. Morador de Brasília Teimosa, foi para as ladeiras de Olinda vestido de Capitão América. “Nesse carnaval, trabalhei todos os dias, direto. Hoje estou aqui, para comer o bacalhau e ser o guardião da galera", brinca.
Mais cedo, Munguzá de Zuza Miranda & Thaís alimentou multidão. (Leandro de Santana/Esp. DP.)
Mais cedo, Munguzá de Zuza Miranda & Thaís alimentou multidão. (Leandro de Santana/Esp. DP.)
 Munguzá
Antes do Bacalhau do Batata, os foliões aproveitaram o tradicional Munguzá de Zuza Miranda & Thaís. Desde 1995, o casal de músicos leva panelas cheias de munguzá para deixar o público animado e pronto para aguentar a subida e descida de ladeiras do último dia. “É o café da manhã para dar energia para o dia todo. Quando a gente começou, trouxemos uma panela só de experiência. E foi sucesso. Chegamos aí aos 25 anos como tradição”, conta Zuza.

Em 2020, o casal preparou dois mil litros de munguzá, distribuídos em quatro panelões de aço. “Leva milho, açúcar, leite de coco, leite de vaca, canela, além dos segredos que a gente não pode revelar. Mas pode ter certeza que tudo é feito com muito carinho e amor”, comenta Thaís Miranda. 

A barraca de Zuza e Thaís foi montada em frente à Igreja da Sé. Cinco mil copinhos foram servidos ao público, que também foi convidado a participar da Corrida dos Monstros - outra tradição criada pelo casal. Quem ganha a disputa, leva R$ 300.

O presidente do Homem da Meia-Noite, Luiz Adolpho, foi prestigiar o Munguzá e o Bacalhau: “É fim de carnaval e a gente tem que prestigiar nossa cultura, não é?”. Por sinal, a equipe do calunga ainda não avaliou o desempenho do desfile deste ano. “A gente ainda vai esfriar a cabeça para analisar. Mas podemos dizer que a cada ano, tentamos melhorar”, afirma.
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