Conflito

Rússia rejeita trégua de 30 dias para iniciar negociações com a Ucrânia

O Kremlin afirma que a trégua proposta está atrelada com ameaças de novas sanções, caso não declare um cessar-fogo

Publicado em: 12/05/2025 13:50

 (GAVRIIL GRIGOROV / NHAC NGUYEN / POOL / AFP)
GAVRIIL GRIGOROV / NHAC NGUYEN / POOL / AFP
Após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmar estar pronto para negociações de paz diretas com o presidente russo, Vladimir Putin, e propor juntamente com vários líderes europeus um cessar-fogo mútuo de 30 dias, Moscou rejeitou a proposta desta ‘imposição’.

O Kremlin disse hoje que a trégua de 30 dias proposta por Kiev e lideranças européias são feitas e atreladas com ameaças de novas sanções, caso não declare um cessar-fogo. “São inadmissíveis. A linguagem dos ultimatos é inaceitável. Não se pode falar com a Rússia com essa linguagem", disse o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov.

Zelensky aceitou se reunir pessoalmente com Putin, na próxima quinta-feira, na Turquia, sob a condição de se iniciar um cessar-fogo hoje. O presidente norte-americano, Donald Trump, instou Zelensky a aceitar imediatamente a proposta do presidente russo de negociações diretas entre Moscou e Kiev. "Penso que podem sair coisas boas dessa reunião. Tenha a reunião agora. O presidente Putin da Rússia não quer um acordo de cessar-fogo com a Ucrânia, mas quer se reunir na quinta-feira, na Turquia, para negociar um possível fim do banho de sangue. A Ucrânia deve concordar com isso, imediatamente. Considero que pelo menos eles serão capazes de determinar se um acordo é possível ou não", escreveu Trump na plataforma Truth Social.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, também anunciou que a posição dos EUA sobre a guerra da Rússia na Ucrânia continua a ser a de um cessar-fogo imediato, uma vez que a principal prioridade continua sendo pôr fim aos combates.

Enquanto isso, diversos países europeus decidiram que vão começar a preparar sanções adicionais e massivas contra a Rússia se não houver um cessar-fogo na Ucrânia até ao final desta segunda-feira (12). “O relógio está a contar, ainda temos algumas horas até ao final do dia, e se o cessar-fogo não estiver em vigor até lá, a parte europeia irá pôr em curso os preparativos para as sanções”, anunciou um porta-voz do governo da Alemanha.

Também o Reino Unido e as chancelarias da França, Alemanha, Itália, Polônia e Espanha, mais um representante da União Europeia discutiram como apoiar ainda mais a Ucrânia contra a Rússia, na reunião em Londres. "Discutimos a forma de intensificar os esforços europeus para apoiar a Ucrânia na sua defesa contra a guerra da Rússia de agressão. A Ucrânia deve estar confiante na sua capacidade de continuar a resistir com sucesso à agressão russa com o nosso apoio", diz a declaração conjunta.  

O Ministro das Relações Exteriores britânico, David Lammy, acrescentou que Putin deve levar a sério as conversações de paz. “Mas se não for um momento de seriedade por parte de Putin, os líderes europeus estão preparados", pontuou.

A responsável pelos negócios estrangeiros da União Europeia, Kaja Kallas, avaliou que a Rússia quer claramente a guerra. “Devem ser estabelecidas tréguas porque não pode haver conversações sob fogo. Queremos ver que a Rússia também quer a paz. São precisos dois para querer a paz, é preciso apenas um para querer a guerra e vemos que a Rússia quer claramente a guerra", disse Kallas.

 Pequim tambem se pronunciou  sobre um possível encontro entre Putin e Zelensky, reforçando que o governo chinês apoia todos os esforços que possam conduzir à paz na Ucrânia. "Esperamos que as partes envolvidas continuem a usar o diálogo e as negociações para chegar a um acordo de paz justo, duradouro e vinculativo que seja aceitável para todas as partes envolvidas", disse Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.