Patrimônio

Prédio histórico que sediou a Sudene vai passar por reestruturação, anuncia UFPE

A meta é transformar a edificação, na Zona Oeste do Recife, em centro para atividades de ensino, pesquisa, inovação e parcerias com o setor privado.

Publicado em: 07/05/2025 13:35 | Atualizado em: 07/05/2025 13:40

Edifício Celso Furtado fica na Zona Oeste do Recife  (Foto: Divulgação )
Edifício Celso Furtado fica na Zona Oeste do Recife (Foto: Divulgação )
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) anunciou, nesta quarta-feira (7), o início do processo de reestruturação do Edifício Celso Furtado, conhecido como ''o prédio da Sudene", na Zona Oeste do Recife. 

A iniciativa tem como primeiro passo a formação de consórcio para a concepção de estudos técnicos.

A meta é transformar a edificação  em um  centro para atividades de ensino, pesquisa, inovação e parcerias com o setor privado.

O projeto conta com o apoio técnico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 
 
O consórcio é  formado por quatro empresas: Finarq, Plantar Ideias, Urban System e Vieira Rezende Advogados.

A proposta é transformar os mais de 62 mil metros quadrados de área construída em um novo polo de conhecimento e desenvolvimento regional. 

O processo de requalificação inclui, em sua etapa inicial, um diagnóstico técnico, análise de mercado e vocação dos imóveis. 
Os passos seguintes envolvem trâmites jurídicos e licitatórios, audiências públicas e articulação com investidores. 
 
A ideia é organizar intervenções que tragam soluções nas áreas de infraestrutura, retrofit, desenvolvimento urbano e meio ambiente. Todo o projeto deve ser apresentado até o primeiro trimestre de 2027.

“Precisamos fortalecer a integração para vencermos os desafios comuns e viabilizar uma estratégia inteligente de revitalização deste equipamento. Do nosso lado, coloco a Sudene à disposição para ser parceira neste projeto. Este é um símbolo de desenvolvimento urbano e planejamento, que conversa com agendas importantes como a inovação e a pesquisa científica”, disse o superintendente Danilo Cabral. 

A requalificação prevê o desenvolvimento de um plano para a área, com foco na atração de investimentos e na criação de um ecossistema de inovação. O projeto também respeita o legado arquitetônico do local: o prédio principal, com duas torres de 13 andares, foi desenhado com linhas modernistas e conta com paisagismo de Burle Marx.

“É um momento muito especial apresentarmos os novos encaminhamentos para este patrimônio emblemático. A linha de preservação é um ativo importante. Além disso, fortalece a ideia de integrar o conhecimento aplicado ao desenvolvimento do Nordeste. Esta área dispõe de uma série de instituições vocacionadas à pesquisa, formação, oferta de serviços e valorização da cultura local, alavancando o debate sobre o processo de desenvolvimento sustentável da região. Há, portanto, uma conjunção de fatores positivos que funcionam como atração de investimentos privados”, afirmou o reitor da UFPE, Alfredo Gomes.

Para o BNDES, a condução do projeto representa a união entre preservação do patrimônio e inovação em modelos de gestão pública. “Construiremos um projeto interessante e atrativo, com abertura a sistemas de inovação,  que mostre aos investidores que esta ação tem um futuro organizado, de pujança”, destacou Chefe de Departamento da Área de Estruturação de Projetos do Banco, Flávio Papelbaum.

Histórico

Construído em 1974, o Complexo foi sede da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) até  o início dos anos 2000.
Desde então,  passou a integrar o patrimônio da União. 
A partir de 2007, passou a abrigar também outras instituições públicas. 
Em 2017, foi doado à UFPE com encargo de uso educacional, científico e institucional. Desde então, a Universidade tem buscado alternativas para restaurar e ativar o espaço. 


“Ressignificar o prédio é ressignificar o desenvolvimento. Temos uma grande chance de fazer história. E o nosso empenho é para podermos fazer isso rápido, através do esforço de todos os parceiros”, comentou o líder do consórcio, Álvaro Albernaz,
representante da Finarq. 
 
Símbolo 

O prédio é considerado um dos símbolos mais representativos da arquitetura moderna brasileira, com traços marcantes de adaptação inteligente ao clima eminentemente quente da capital pernambucana.
 
 A opção pelo uso de combogós e a curvatura do edifício buscam maximizar a ventilação natural e o controle da iluminação solar. A construção tem assinaturas de personalidades importantes das artes visuais e arquitetônicas do Brasil, como Francisco Brennand (cerâmicas), e o paisagista Roberto Burle Marx.
 
 O edifício tem a assinatura dos arquitetos Pierre Reithler, Ricardo Couceiro, Paulo Roberto de Barros e Silva e Maurício do Passo Castro.