Aquecimento Global

Os 10% mais ricos do mundo causam dois terços do aquecimento global, diz estudo

Segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira (7), os hábitos de consumo e investimento dos ricos aumentaram substancialmente o risco de ondas de calor mortais e secas
Por: AFP

Publicado em: 07/05/2025 13:27 | Atualizado em: 07/05/2025 14:02

Mark Zuckerberg, Elon Musk e Jeff Bezos, três pessoas mais ricas do mundo (Foto: JIM WATSON / ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / JASON REDMOND/AFP)
Mark Zuckerberg, Elon Musk e Jeff Bezos, três pessoas mais ricas do mundo (Foto: JIM WATSON / ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / JASON REDMOND/AFP)
Dez por cento da população rica do mundo é responsável por dois terços do aquecimento global desde 1990, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira (7).

Os hábitos de consumo e investimento dos ricos aumentaram substancialmente o risco de ondas de calor mortais e secas, afirmou o estudo que quantifica o impacto da riqueza concentrada em eventos climáticos extremos.

"Associamos a pegada de carbono das pessoas mais ricas diretamente aos impactos climáticos do mundo real", disse à AFP a autora principal, Sarah Schoengart, cientista da ETH Zurich.

Em comparação à média global, por exemplo, o 1% mais rico contribuiu 26 vezes mais para as ondas de calor que ocorrem uma vez a cada 100 anos, e 17 vezes mais para as secas na Amazônia, de acordo com os resultados publicados na Nature Climate Change.

As emissões dos 10% mais ricos da China e dos Estados Unidos, juntas, representam quase metade da poluição global por carbono.

A queima de combustíveis fósseis e o desmatamento causaram o aquecimento da superfície terrestre em uma média de +1,3°C, principalmente nos últimos 30 anos.

Schoengart e seus colegas combinaram dados econômicos e simulações climáticas para rastrear as emissões de diferentes grupos socioeconômicos, com base em sua renda.

Os pesquisadores incluíram em sua análise o papel das emissões ocultas em investimentos financeiros, e não somente no estilo de vida e no consumo pessoal.

Estudos anteriores demonstraram que a tributação de emissões ligadas a ativos é mais equitativa do que os impostos gerais sobre emissões de gases de efeito estufa, que tendem a atingir mais as pessoas de baixa renda.

A maioria das iniciativas recentes para aumentar os impostos sobre os super-ricos e as multinacionais foi paralisada, especialmente desde que Donald Trump retornou à Casa Branca.

No ano passado, o Brasil propôs um imposto de 2% sobre a riqueza líquida de indivíduos com mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões, na cotação atual) em ativos.

Embora os líderes do G20 tenham concordado em "participar cooperativamente para garantir que indivíduos com patrimônio líquido ultra elevado sejam efetivamente tributados", não houve nenhum acompanhamento até o momento.