Política

Costa: PT não definiu apoio na disputa ao governo estadual

Humberto Costa também falou sobre a participação do PT nos governos municipal e estadual

Publicado em: 12/05/2025 23:06

 (Foto: Sandy James/DP Foto)
Foto: Sandy James/DP Foto
Em entrevista exclusiva do Diario, senador afirmou que apoio do PT a João Campos (PSB) ou Raquel Lyra (PSD) em 2026 vai depender da conjuntura nacional

Para parlamentar, ingresso na base da governadora depende de convite formal

“Não acredito em uma terceira via. Acho que os dois nomes mesmo (para a disputa do governo estadual em 2026) são os de João e Raquel”. Assim o senador Humberto Costa (PT) começou a analisar o pleito do próximo ano em entrevista exclusiva ao Diario de Pernambuco e ao Blog Dantas Barreto nesta segunda-feira (12) durante visita à sede do jornal. 
 
Costa ainda falou sobre a participação do partido nos governos municipal e estadual, oposição ao governo Raquel, candidaturas pernambucanas ao senado, além da permanência do PT na federação com PV e PCdoB. Sobre as eleições para a presidência do diretório municipal do partido, o senador garante que é possível haver um entendimento.

O senhor vê o cenário em Pernambuco como cristalizado entre o prefeito João Campos (PSB) e a governadora Raquel Lyra (PSD)? 
 
Eu não acredito muito em ter uma uma terceira via. Talvez esse campo mais da extrema direita deva botar um nome para o governo para constar e tentar fazer o segundo senador. Uma terceira via é inviável. Eu acho que os dois nomes mesmo são os de João e Raquel.

E com quem o PT estará na disputa pelo Governo do Estado em 2026?
 
A gente não vai poder tomar essa decisão sem um contexto nacional. A primeira coisa que é relevante é que esses candidatos estejam com a candidatura de Lula. Para gente é quase uma condição sem a qual não se faz um um entendimento. Esse é um primeiro ponto. O segundo ponto é que, quando você montar o jogo, souber quais são todas as peças, vai começar a discutir com os partidos nacionalmente.

Na composição da nova gestão do prefeito João Campos o seu grupo ainda não foi contemplado?
 
É, mas na verdade o entendimento que eu tenho é que a composição de um governo tem que ter a cara do do chefe do governo. Quem tem que ter a autonomia para fazer essa escolha é o presidente, o governador ou prefeito. Aqui o que aconteceu foi isso. O prefeito contemplou o PT. E contemplou com algumas pessoas que ele considerou que teriam mais a contribuir com a gestão municipal. E nós, sem nenhum problema, compreendemos isso, aceitamos isso. 

Agora, Raquel Lyra colocou pessoas do seu grupo no governo estadual.
No caso da prefeitura, concordemos ou não, foi uma decisão do partido. Então, não houve divergência quanto a participar ou não. Houve divergência sobre quem deveria ir, quem deveria ser indicado, enfim, para as secretarias. Agora, no caso do Governo do Estado, aí têm sido participações mais individuais ou indicações de integrantes das bancadas, não houve uma decisão do partido. Então, é um cenário um pouco diferente.

Na Assembleia, a bancada do PT não faz assim, digamos, uma oposição sistemática à governadora, não é?
 
Quando a gente decidiu uma posição de oposição ao governo do estado, a gente também previu a possibilidade de um certo grau de autonomia da bancada. Mas a bancada realmente tem uma aproximação com o governo. Certamente, se em algum momento a gente for discutir sobre participar ou não do governo estadual, a bancada vai ser, com certeza, um segmento do partido que desejará ter essa participação. Mas essa questão não foi colocada nem para o PT da parte dela e nem o PT também tá colocando essa questão.

Vai ser colocado quando? No período das pesquisas eleitorais?
 
Você está falando de participar ou não do governo? Ninguém vai participar de qualquer coisa se não tiver um convite formal.

Então não estaria descartado o PT ter um candidato a senador na chapa de Raquel? 
 
Não, é isso que estou dizendo. Vai depender de todo esse contexto que vai ser analisado, analisado nacionalmente. Além do mais, se você for olhar, ninguém está assumindo nenhum candidato ao Senado, nenhum partido está assumindo posição ao lado de quem quer que seja. Está todo mundo esperando para ver. No caso nosso, a nossa questão maior é o cenário nacional. 

Para a chapa João Campos tem Humberto Costa, Silvio Costa Filho, Miguel Coelho, Marília Arraes, todos querendo disputar o Senado.

E tem mais. Também do outro lado tem. É Eduardo da Fonte.
 
Mas você acha que esses outros aí também não estão nesse mesmo dilema?

O PT vai manter a federação com PV e PCdoB? 
 
O PT deve manter essa federação, que deve até tentar ampliar. Talvez trazer mais um ou dois partidos se for possível. Agora, o grande problema é que, para a federação continuar existindo, na minha opinião, tem que rediscutir o estatuto, porque a gente teve alguns problemas que precisam ser resolvidos. Pelo que eu senti, a posição do presidente Lula, da ex-presidente Gleisi, do nosso candidato a presidente (nacional) Edinho Silva, agora, é de manter a federação. Mas se dependesse da base do PT, não se manteria.

O PT saiu no prejuízo?
 
Saímos no prejuízo. Em muitos lugares o PT podia ter conseguido eleger mais vereadores, mais prefeitos. E a federação terminou sendo um limitador para isso.

Mas aqui é uma federação dividida entre os governos de Pernambuco e do Recife?
Na verdade, os problemas que a gente teve foram muito nacionalmente. O PT geralmente é quem proporciona a cauda, lança muitos candidatos e aí a gente termina pegando os nossos votos para eleger pessoas que às vezes estão num daqueles partidos ali, mas não têm compromisso efetivamente com aquele com aquele projeto. 

E sua relação com Teresa Leitão (no processo de múltiplas candidaturas para a presidência estadual do PT)? 
 
Não tem esse problema no PT, de eleição, isso é acontece a cada três anos. Sempre tem divergência, mas eu acredito que nada que vá abalar as relações que a gente tem aqui no PT. A relação é a melhor possível com ela. A gente tem trabalhado junto o tempo inteiro lá no Senado. Pode ter divergência em algumas coisas, mas acho que essa disputa interna não vai criar nenhum prejuízo.
  
Vocês sempre tiveram uma relação bem próxima, não é?
 
E continua. Só que é o seguinte, tanto no nacional quanto aqui existe essa essa disputa. Nós vamos apoiar a mesma chapa e o mesmo candidato para presidente nacional, não é? Nós fazemos parte do mesmo grupo. Aqui a gente vai ter chapas separadas, mas isso sempre acontece. 

Em Pernambuco é possível, então, juntar o partido em torno de um candidato a presidente? 
 
Sim. É possível, se houver entendimento, ter um nome único dela (de Teresa) e nosso para o estado, para a presidência do Estado. É possível ter um nome dela e nosso para alguns municípios, os que ela considera importantes, o que a gente considera importante. Mas também se não acontecer não é o fim do mundo não.
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