OPERAÇÃO
Veja como funcionava o esquema da organização criminosa que atuava em Porto de Galinhas
A facção era composta por três núcleos principais: um responsável pela operação do tráfico, outro encarregado de manter a "ordem" e exercer a violência, e o terceiro para lavar dinheiro
Por: Malu Mendes
Publicado em: 15/04/2025 14:27 | Atualizado em: 15/04/2025 18:30
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Foto: Arquivo/ FICCO |
A organização criminosa Comando Litoral Sul, alvo da operação deflagrada, nesta terça-feira (15), pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em Pernambuco (FICCO/PE) operava um esquema estruturado de tráfico de drogas com ramificações interestaduais, uso de empresas de fachada para lavagem de dinheiro e domínio violento de territórios.
Segundo as investigações, o grupo atuava com uma hierarquia definida, utilizava rotas internacionais para o recebimento de entorpecentes e empregava violência armada para garantir a segurança da operação e o controle das áreas de atuação.
A facção era dividida em três núcleos principais:
O primeiro era responsável pelo tráfico, com atuação no processo de compra, venda e distribuição de drogas, principalmente cocaína e crack;
O segundo núcleo, chamado de operacional ou violento, cuidava da segurança da logística e da manutenção do poder territorial, utilizando ameaças e homicídios;
O terceiro núcleo era voltado à lavagem de dinheiro, com a abertura de empresas de fachada nos setores de comércio, ensino e transporte, registradas em nome de “laranjas”, para justificar o alto volume financeiro movimentado.
Estima-se que o grupo tenha movimentado cerca de R$ 40 milhões em três anos. A base das operações estava em Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco, com ramificações no Recife, Região Metropolitana e articulações interestaduais.
O principal líder do núcleo violento operava da capital, enquanto outros chefes do tráfico atuavam em pontos estratégicos de fronteira, como Guajará-Mirim (RO), Corumbá (MS) e Cascavel (PR), rotas usadas para entrada de drogas vindas da Bolívia e do Paraguai.
Prisões
A operação foi executada de forma simultânea em 11 estados: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe, Piauí, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Tocantins e Rondônia.
Segundo o delegado Márcio Tenório, da Polícia Federal, 102 dos 109 mandados foram cumpridos. Ao todo, 53 pessoas foram presas preventivamente, 39 que estavam em liberdade e 14 que já cumpriam pena no sistema prisional. Sete investigados seguem foragidos.
Investigação
As investigações começaram em 2023, a partir da análise do celular de um integrante preso durante a Operação Restolho, que também teve como alvo uma facção criminosa atuante no Litoral Sul de Pernambuco. A partir desse material, a polícia identificou indícios de atuação interestadual, além de ligações com outros estados e comandos regionais.