Ex-presidente preso

De caçador de marajás a 1º presidente deposto após impeachment: lembre trajetória de Collor

Conheça a história do trigésimo segundo presidente do Brasil

Publicado em: 25/04/2025 10:31

 (Foto: EVARISTO SA / AFP)
Foto: EVARISTO SA / AFP

 

Preso nesta sexta (25), em Maceió (AL), o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello é um personagem singular na história do Brasil.

 

Herdeiro de um império de telecomunicações do Nordeste é integrante de uma linhagem que teve  figuras proeminentes na política nacional, ele entrou na história como um raio, assim como saiu do poder. 

 

Na década de 80, abalou o país como o "caçador de Marajás" que acabaria com a corrupção e, no início dos anos 90, acabou sendo retirado do poder por um impeachment, em meio a um escândalo envolvendo dinheiro "suspeito" e sobras de campanha. 

 

Aos 74 anos, viu o império ruir e teve a carreira política abalada por operações policiais. Voltou ao Senado, tentou outros cargos, mas vai ficar marcado para sempre pelas "sombras" de suspeitas de atos ilícitos. 


Quem é

 

Collor foi o 32º Presidente do Brasil, de 1990 até 1992.

 

Ele renunciou ao mandato enquanto respondia a um processo de impeachment aprovado pelo Senado Federal. 

 

Mesmo depois de tanta polêmica, ainda  presidiu a Comissão de Relações Exteriores do Senado de 2017 até 2019. 

 

A carreira começou como prefeito de Maceió, ainda no Governo Militar,  de 1979 a 1982.

 

Foi deputado federal de 1982 a 1986 e governador de Alagoas de 1987 a 1989. 

Tornou-se o presidente mais jovem da história do país, eleito aos 40 anos, pelo Partido da Reconstrução Nacional (PRN).

 

Sentou na principal cadeira do Planalto como o primeiro eleito por voto direto do povo após o Regime Militar e o primeiro a ser afastado temporariamente por um processo de impeachment no país. 

 

Na histórica eleição de 1989, venceu Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se tornaria presifete por três vezes. 

 

Nos primeiros dias de governo, em 1990, chocou a nação ao  confiscar a poupança dos brasileiros, em um plano econômico. 

 

Fez um programa nacional de desestatização e a abertura do mercado nacional às importações.

 

Isso teve incisivo reflexo no aumento do mercado consumidor de carros.

O plano aprofundou a recessão econômica, colaborada pela extinção, em 1990, de mais de 920 mil postos de trabalho.

 

Além disso, o breve mandato ficou marcado pela corrupção política envolvendo o tesoureiro de Collor, Paulo César Farias, o PC Farias, morto em circunstâncias polêmicas até hoje.

 

As denúncias partiram de seu próprio  irmão, Pedro Collor de Mello, que morreu logo depois. 

 

O processo, antes de aprovado, fez com que o presidente renunciasse ao cargo em 29 de dezembro de 1992, deixando-o para seu vice, Itamar Franco.Assim Collor perdeu os direitos políticos por oito anos. 

 

Nas eleições de 2022, candidatou-se ao cargo de governador de Alagoas, ficando em terceiro lugar, com 14,71% dos votos válidos.

 

Em maio de 2023, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à pena de 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em meio aos processos da Operação Lava Jato. 

 

Nesta sexta, foi preso por cumprimento de um mandado expedido pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes. 

 

Biografia

 

Fernando é filho de Leda Collor (1916-1995) e de Arnon Afonso de Farias Mello (1911-1983), deputado federal em 1950 e governador de Alagoas de 1951 a 1956. 

Em 1963, no prédio do Senado Federal, Arnon de Melo matou seu colega José Kairala quando tentava disparar à queima roupa em Silvestre Péricles de Góis Monteiro, que supostamente também estava armado. Arnon de Melo não foi jamais formalmente acusado pelo homicídio.

 

O avô materno, Lindolfo Collor (1890-1942), era descendente dos primeiros colonos alemães chegados ao Brasil, em 1824.[17] Foi eleito deputado federal pelo Rio Grande do Sul nos anos de 1923 e 1927, tornando-se um dos líderes da Revolução de 1930 e sendo nomeado por Getúlio Vargas o primeiro titular do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, do qual se afastou em 1932 ao romper com o presidente, tendo participado da Revolução Constitucionalista daquele ano.


"Caçador de Marajás"

 

Durante a gestão empreendeu estrategicamente um combate a alguns funcionários públicos que recebiam salários altos e desproporcionais.

 

De olho na campanha presidencial que estava por vir, a imprensa o tornou conhecido nacionalmente como "Caçador de Marajás".

 

Orientado por profissionais de marketing, anunciou com estardalhaço a cobrança de 140 milhões de dólares dos usineiros do estado para com o Banco do Estado de Alagoas.

 

Teve o mandato ameaçado  por uma ameaça de intervenção federal no estado, por se recusar a pagar os altos salários aos "marajás".

 

Foi alvo de pedido de impeachment devido ao programa de enxugamento da máquina administrativa alagoana, feito à base de demissões de funcionários públicos e extinção de cargos, órgãos e empresas públicas.