PESQUISA
Recife é a 21° entre as capitais com mais qualidade de vida, diz pesquisa
Entre as nove capitais do Nordeste, Recife é a 8° no aspecto, aponta o levantamento do Índice de Progresso Social (IPS) referente ao ano de 2024
Por: Nicolle Gomes
Publicado em: 28/04/2025 06:00
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Foto: Leandro de Santana/Arquivo DP |
Recife é a 21° capital brasileira entre as 27 com maior qualidade de vida. Os dados são do levantamento de Índice de Progresso Social (IPS) referente ao ano de 2024. Avaliando o panorama regional, entre as nove capitais do Nordeste, Recife, que registrou 63,73 de pontuação, é a 8° no aspecto.
Fruto de uma parceria entre o Imazon, a Fundación Avina, Amazônia 2030, Anattá Pesquisa e Desenvolvimento, Centro de Empreendedorismo da Amazônia e Social Progress Imperative, o IPS é um indicador composto por dados socioambientais e de resultado, e mede se a infraestrutura e recursos das cidades estão trazendo resultados para suas populações.
Ainda de acordo com o estudo, Recife é a 693° cidade brasileira no ranking de IPS, entre os 5.570 municípios brasileiros avaliados no último ano.
Em Pernambuco
Nos limites estaduais, a capital pernambucana ficou atrás apenas do distrito de Fernando de Noronha, que registrou 65,02 de IPS, maior nota em Pernambuco. Olinda (63,63), Ingazeira (62,88), Caruaru (62,75), e Carpina (62,73), completam as cinco cidades com melhor índice no Estado.
O que diz a Prefeitura
Procurada pelo Diario de Pernambuco, a Prefeitura do Recife (PCR) informou que "na frente de Nutrição e cuidados médicos básicos, foi realizada a ampliação da rede de atenção básica bem como políticas de combate à fome. A cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) aumentou de 59% para 80% do território da cidade. Nesse período, mais de 4,3 mil profissionais de saúde foram nomeados ou contratados. Para aumentar o acesso e melhorar a assistência, mais de 600 obras de construção, requalificação e reforma da rede foram feitas".
A gestão também destacou que o orçamento municipal para a área vem aumentando ano a ano, superando 20% das receitas próprias do município. Na educação, a prefeitura disse que já concluiu obras de melhoria da infraestrutura em 190 escolas e creches, e o Infância na Creche - responsável pelo aumento do número de mais de 100% das vagas em creches, promoveu o salto de 6.439 para mais de 15 mil vagas. Além disso, houve a nomeação de 1.700 novos professores.
Em habitação, desde 2021 o município já viabilizou a construção de 4.771 unidades habitacionais, entre obras concluídas, em andamento, aprovadas junto ao Governo Federal e garantidas na PPP Morar no Centro. Foram entregues seis conjuntos habitacionais, totalizando 1.608 moradias. Estão em andamento as obras do habitacional Vila Esperança e na comunidade do Pilar. Outras 16 mil famílias tiveram seus imóveis garantidos através de obras como contenções definitivas de encostas realizadas desde 2021, beneficiando um total 120 mil pessoas.
No tocante à segurança pessoal, a gestão pontuou que, constitucionalmente, os Estados e o Distrito Federal são os entes federativos executores das ações de segurança pública. Nesse ponto, a Prefeitura do Recife investe na entrega de novas unidades do Centro Comunitário da Paz (Compaz), como o Compaz Leda Alves (Pina) e o Compaz Paulo Freire (Ibura), passando a contar com 6 unidades ancoradas na cultura de paz para prevenir a violência e propor outras sociabilidades. A experiência do Recife com o Compaz já foi premiada mundialmente pela ONU e servirá de referência para o restante país, uma vez que o Governo Federal já anunciou a nacionalização dos centros.
Sobre o levantament, a prefeitura afirmou que a principal referência nacional e internacional para medição da desigualdade é o Índice de Gini, que avalia a disparidade de renda de uma dada população. "O Recife deixou o posto de capital brasileira mais marcada pela desigualdade e, numa tendência de queda contínua, atingiu o 14º lugar no ranking das capitais mais desiguais em 2023, conforme dados do IBGE".
Notas
Confira abaixo as capitais em ordem de decrescente de melhor pontuação de índice de Progresso Social:
- Brasília (DF) - 71,25
- Goiânia (GO) - 70,49
- Belo Horizonte (MG) - 69,62
- Florianópolis (SC) - 69,56
- Curitiba (PR) - 69,36
- São Paulo (SP) - 68,79
- Cuiabá (MT) - 68,47
- Campo Grande (MS) - 68,21
- Palmas (TO) - 68,07
- Aracaju (SE) - 67,89
- Teresina (PI) - 67,37
- Vitória (ES) - 67,20
- Porto Alegre (RS) - 66,90
- Rio de Janeiro (RJ) - 66,41
- São Luís (MA) - 65,69
- João Pessoa (PB) - 65,55
- Natal (RN) - 64,45
- Fortaleza (CE) - 64,42
- Manaus (AM) 64,35
- Salvador (BA) - 63,80
- Recife (PE) - 63,73
- Boa Vista (RR) - 62,76
- Rio Branco (AC) - 62,68
- Belém (PA) - 62,51
- Maceió (AL) - 62,37
- Macapá (AP) - 58,03
- Porto Velho (RO) - 57,10
Metodologia
O progresso social é a “capacidade da sociedade em satisfazer as necessidades humanas básicas, estabelecer as estruturas que garantam qualidade de vida aos cidadãos e dar oportunidades para que todos os indivíduos possam atingir seu potencial máximo”. A partir desse conceito, o Índice de Progresso Social (IPS) é formulado com base em quatro grandes princípios.
Princípios do IPS
Indicadores exclusivamente sociais e ambientais:
O objetivo do IPS é medir o progresso socioambiental diretamente, sem a inclusão de indicadores econômicos.
Foco nos resultados:
O IPS deve medir os resultados que são importantes para a vida das pessoas (outcomes), não os investimentos ou esforços realizados (inputs).
Orientador para políticas públicas e investimentos sociais privados:
O IPS é utilizado como uma ferramenta prática para ajudar dirigentes públicos, líderes empresariais e da sociedade civil no planejamento, implementação e avaliação de políticas e programas filantrópicos que acelerem o progresso social.
Relevância:
O objetivo do IPS é medir o progresso socioambiental de forma holística e abrangente, englobando todas as regiões geográficas como países, estados, municípios e até distritos e comunidades dentro dos municípios.
Dimensões
O IPS é constituído por três dimensões, sendo cada uma delas dividida em quatro componentes. As dimensões abrangidas pelo IPS são:
Necessidades Humanas Básicas:
Um país, estado e ou município possui condições de garantir as necessidades humanas mais básicas para a sua população?
Fundamentos do Bem-estar:
Existem elementos vitais que garantam às pessoas e comunidades a chance de prover e manter o seu bem-estar?
Oportunidades:
Há na sociedade oportunidades para que todos os indivíduos possam atingir seu pleno potencial?
A primeira dimensão (Necessidades Humanas Básicas) avalia se um país e ou região tem condições de prover as necessidades essenciais de sua população. Essa dimensão mede se as pessoas têm comida suficiente, se estão recebendo cuidados médicos básicos, se possuem acesso à água potável, se têm acesso adequado à habitação com serviços básicos e se estão seguras e protegidas.
A segunda dimensão (Fundamentos do Bem-estar) mede se uma população possui acesso à educação básica de qualidade e à comunicação e se tem condições de viver com saúde, bem-estar e qualidade de vida. Essa dimensão também avalia se a sociedade consegue viver de forma ambientalmente sustentável e se está garantindo a existência dos recursos naturais (floresta, água) para as gerações futuras.
A terceira dimensão (Oportunidades) mede o grau em que uma sociedade é livre de restrições sobre os seus próprios direitos e os seus indivíduos são capazes de tomar suas próprias decisões e se existem preconceitos e hostilidades que impedem os indivíduos de atingirem pleno potencial.
Componentes e Indicadores
Para calcular o IPS Brasil 2024, utilizamos um total de 53 indicadores. Todos esses indicadores são provenientes de fontes oficiais e de institutos de pesquisa, tais como o Ministério da Saúde, Ministério da Cidadania, Sistema Nacional de formações sobre o Saneamento (SNIS), Instituto Nacional de Estudos e pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mapbiomas, Anatel, CadÚnico, entre outras.
Ser social ou ambiental;
Medir resultado;
Ter uma fonte confiável e pública (dados secundários);
Ser um dado recente (no máximo 5 anos);
A metodologia do Índice de Progresso Social está estruturada em três dimensões e os 12 componentes. Cada um dos componentes abrange de 3 até 6 indicadores. A metodologia utiliza das ferramentas de Alpha de Cronbach e KMO (Kaiser–Meyer–Olkin), para estimar a confiabilidade e consistência dos dados. Os dados são então ajustados e normalizados, para serem comparáveis entre si.