Guerra
Israel ataca o que resta da presença cristã palestina em Gaza
O chefe da missão palestina no Reino Unido, Husam Zomlot, afirmou que a destruição do hospital al-Ahli foi um ato contra a presença cristã em GazaPublicado em: 14/04/2025 11:43
![]() |
Foto: Omar AL-QATTAA / AFP |
A Igreja Batista em Jerusalém e no Oriente Médio declarou estar chocada com o ataque de Israel no domingo (13) ao Hospital al-Ahli, adiantando que foi destruído o Laboratório de Genética de dois andares, danificados os edifícios da farmácia e do serviço de urgências além de causar danos nas estruturas circundantes, incluindo a Capela de São Filipe Evangelista.
“A Diocese de Jerusalém está chocada. O hospital foi bombardeado pela quinta vez desde o início da guerra em 2023 e desta vez foi na manhã do Domingo de Ramos e no início da Semana Santa. Apelamos a todos os governos e pessoas de boa vontade para que intervenham no sentido de pôr termo a todo o tipo de ataques a instituições médicas e humanitárias", diz o comunicado divulgado da Igreja.
O chefe da missão palestina no Reino Unido, Husam Zomlot, também compartilhou na Internet um vídeo do resultado dos ataques israelenses ao Hospital al-Ahli, no norte da Faixa de Gaza, acusando Israel de atacar o que resta da presença cristã palestina no enclave. "O bombardeio do Hospital Anglicano tem dois objetivos: destruir o último hospital ainda existente e parcialmente em funcionamento na cidade de Gaza e, no Domingo de Ramos, ataca a restante presença cristã palestina em Gaza”, denunciou Zomlot.
A ofensiva aérea israelense durante a madrugada de domingo bombardeou aquele que era o último hospital em funcionamento no norte de Gaza, deixando-o inoperacional. Após a evacuação às pressas de funcionários e pacientes, inúmeros doentes em estado crítico ficaram na rua após o ataque.
O Hospital al-Ahli é um dos 36 hospitais bombardeados e incendiados pelos militares israelenses desde o início do conflito. O Direito Internacional proíbe ataques a hospitais e outras infraestruturas de saúde em contexto de guerra, assim como ataques a pessoas feridas e doentes, a pessoal médico e aos meios de transporte ligados ao setor da Saúde.
Mesmo sem apresentar quaisquer provas, o exército de Israel e o serviço de segurança interna israelense Shin Bet alegaram que o hospital foi visado por ser um complexo de comando e controle do Hamas. Mas, segundo os analistas internacionais, o principal objetivo do ataque é fazer avançar o plano de Israel de despovoar o norte do enclave, obrigando os residentes que ainda ali se encontram a irem para sul.
O ataque, além disso, ocorreu pouco depois do governo de Tel Aviv ter confirmado que o cerco a Rafah está completo, através da criação do chamado Corredor de Morag, que na prática isolou a cidade do resto da Faixa de Gaza.
O exército colocou toda a cidade de Rafah sob ordens de evacuação forçada, enquanto construía o chamado Corredor de Morag para separar a cidade de Khan Younis, um corredor que, na prática, cerca totalmente Rafah, acabando com a contiguidade a outras partes do enclave.
O exército israelense ordenou que os palestinos se deslocassem imediatamente para sul, para abrigos em al-Mawasi, que Israel tem atacado repetidamente desde o início da guerra, apesar de designar como ‘zona segura’.
Palestina condena ofensas de Israel a Macron
Nesta segunda-feira (14), o Ministério das Relações Exteriores da Palestina condenou o ataque injustificado e os comentários ofensivos do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, contra o presidente da França, Emmanuel Macron, sobre o possível reconhecimento de um Estado palestino.
No domingo, Netanyahu disse que Macron estava cometendo um grave erro ao promover a ideia de um Estado palestino e afirmou que Israel não tinha lições morais para receber da França.
Na nota, o Ministério palestino considera que as declarações são uma clara admissão da hostilidade contínua de Netanyahu à paz baseada na solução de dois Estados, bem como uma rejeição flagrante da legitimidade internacional e uma preferência persistente pela violência e soluções militares, em detrimento do caminho político.