Economia
Elevação do índice que reajusta aluguel sobe para 8,50% em 12 meses e deve impactar mercado imobiliário
IGP-M registra inflação de 0,24% em abril deste ano e deve elevar preço dos alugueis
Por: Thatiany Lucena
Publicado em: 29/04/2025 20:54 | Atualizado em: 29/04/2025 21:45
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Foto: Rafael Vieira/DP Foto |
O indicador utilizado como base de reajuste em alguns contratos de aluguel, registrou inflação de 0,24% em abril, após deflação de 0,34% em março, acumulando 8,50% em 12 meses. Os dados são do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), nesta terça-feira (29). De acordo com o diretor do Sindicato de Habitação de Pernambuco (Secovi-PE), Elísio Cruz, a elevação prejudica inquilinos e compradores porque ocorre de forma desequilibrada em relação à inflação.
Cruz explicou que o proprietário do imóvel não é obrigado a repassar todo o valor do reajuste da locação para o inquilino, mas é uma correção que dificilmente abrirá mão. “Por exemplo, no caso de um contrato de R$ 1 mil, com um aumento de 8,50% em 12 meses isso dá R$ 85. Diante disso, o proprietário deve reajustar o contrato dele de R$ 1 mil para R$ 1.085, afirmou.
“O consumidor, seja ele um comprador ou inquilino de um imóvel, recebe uma correção desses valores maior do que ele está tendo do salário dele, que geralmente aumenta com base na inflação”, complementou o diretor da Secovi-PE.
Elísio Cruz explica que os contratos de locação podem ser regidos pelo IGP-M, em cerca de 70% dos casos, ou com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com isso, existe um “descasamento” em relação ao Índice Geral de Preços, que acumulou taxa de inflação de 8,50% em 12 meses em comparação ao IPCA, que chegou a alcançar 5,48% no acumulado dos últimos 12 meses, em março.
Alta do IGP-M enfraquece investimentos no mercado imobiliário
Ainda segundo Elísio, outro fator que eleva esse desequilíbrio também ocorre porque a taxa Selic, que influencia as outras taxas de juros no país, que está em 14,25%, com a tendência de chegar ao final do ano com 15%. “Isso significa dizer que as aplicações financeiras em banco estão mais favoráveis para o investidor. Ele consegue rentabilidade a 18% ou 20% ao ano em uma aplicação financeira e as pessoas preferem estar com dinheiro aplicado a comprar um imóvel que corrige menos”. Ele aponta que essa situação pode afetar o mercado, principalmente para os grandes investidores que acabam optando por investir no mercado financeiro ao invés do imobiliário.
Taxas de juros para financiamento tendem a subir
O diretor do Secovi-PE ressalta ainda que a tendência é que os juros para o financiamento da casa própria subam. “Esse é outro ponto péssimo, pois 65% do que é aplicado em poupança é utilizado na construção civil. Porém, as pessoas são incentivadas a tirar seu dinheiro da poupança para fazer as aplicações financeiras pelo CDI ou outras aplicações que rendem mais. Com a retirada de dinheiro da poupança, acaba faltando recurso para financiar imóvel no país e isso leva ao aumento da taxa de juros”.