Guerra de Israel

ONU diz que ataque a Gaza é inaceitável e apela ao cessar-fogo

O ataque da última noite é o mais violento desde que entrou em vigor o cessar-fogo

Publicado em: 18/03/2025 11:42

 (Foto: Omar AL-QATTAA / AFP)
Foto: Omar AL-QATTAA / AFP

 

Nesta terça-feira (18), o coordenador humanitário da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA), Muhannad Hadi, considerou o ataque israelense à Faixa de Gaza na madrugada de hoje como inaceitável, apelando à restauração imediata do cessar-fogo.

 

“Centenas de pessoas foram mortas na onda de ataques aéreos contra o enclave palestino. Isto é inaceitável. O cessar-fogo deve ser restabelecido imediatamente. O povo de Gaza está passando por um sofrimento inimaginável. O fim das hostilidades, a assistência humanitária sustentada, a libertação de reféns e a restauração dos serviços básicos e dos meios de subsistência da população são o único caminho a seguir", disse Hadi.

 

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou estar chocado e triste com as notícias que chegam de Gaza e com tantos civis mortos depois dos ataques aéreos de Israel na última noite. "A violência tem de parar e os termos do acordo de cessar-fogo têm de ser respeitados. Todos os reféns e detidos devem ser libertados e a ajuda humanitária deve ser retomada imediatamente", pediu.

 

Já o Egito, um dos principais mediadores nas negociações de cessar-fogo em Gaza, classificou os ataques israelenses como uma violação flagrante do acordo. O Ministério das Relações Exteriores diz rejeitar todos os ataques israelitas que visam fazer fracassar os esforços em curso para desanuviar e recuperar a estabilidade na região. A diplomacia egípcia também apela à comunidade internacional para que intervenha imediatamente para pôr termo à agressão israelense em Gaza.

 

O ataque da última noite é o mais violento desde que entrou em vigor o cessar-fogo, no dia 19 de janeiro, que está agora em risco de colapsar.

 

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comunicou que ordenou ao exército que agisse vigorosamente contra a organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza. Também justificou o ataque ao afirmar que o Hamas se nega a libertar os reféns que mantém ainda em cativeiro e por ter rejeitado as propostas dos Estados Unidos para prolongar a primeira fase do cessar-fogo, ao invés de passar à segunda fase do acordo, como originalmente foi acordado. Logo depois, o exército disse ter realizado ataques extensivos contra alvos terroristas pertencentes ao Hamas.

 

As ofensivas atingiram também escolas que acolhem refugiados e zonas humanitárias, causando vítimas em Khan Yunis, no sul de Gaza, assim como em Nuseirat e Al-Bureij, no centro, e em Jabalia e na Cidade de Gaza, no norte.

 

Segundo as autoridades de saúde de Gaza, com mais de 400 mortos confirmados, entre os quais muitas crianças e mulheres, e centenas de feridos, os hospitais não conseguiram prestar assistência a todas as vítimas. Há inúmeros palestinos que morreram por falta de cuidados de emergência. Os médicos relatam uma situação caótica, com apenas sete hospitais que funcionam parcialmente e de modo precário, e 22 completamente destruídos.

 

Famílias dos reféns condenam o ataque

 

O Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos, que reúne os familiares da maioria dos cativos em Gaza, condenou os bombardeios israelenses desta noite no enclave e acusou o Governo israelense de abandonar os reféns. Os membros da organização disseram estar totalmente decepcionados com o ataque.