ESTADOS UNIDOS
Líder de protestos contra guerra em Gaza na Universidade de Colúmbia enfrenta deportação
Khalil está atualmente retido num centro de detenção de imigrantes em LouisianaPublicado em: 10/03/2025 19:42
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O caso de Khalil representa a primeira tentativa de deportação conhecida publicamente sob a repressão prometida por Trump contra estudantes que protestaram contra a guerra em Gaza (foto: Emily Byrski/AFP) |
O ativista Mahmoud Khalil pró-Palestina que ajudou a organizar protestos na Universidade de Colúmbia contra a guerra na Faixa de Gaza enfrenta um processo de deportação, após ter sido detido por agentes federais do detido por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) no sábado.
O Departamento de Segurança Interna confirmou a detenção, dizendo que foi resultado das ordens executivas do presidente dos EUA, Donald Trump, proibindo o antissemitismo.
Khalil já terminou a universidade em dezembro, e tem um mestrado em Relações Internacionais da Colúmbia. A sua mulher, que é cidadã norte-americana, está grávida de oito meses. Ele não foi formalmente acusado de nenhum crime, mas sua advogada Amy Greer, declarou que os agentes do ICE alegaram que agiram sob uma ordem do Departamento de Estado para revogar o seu visto de estudante. Mas Greer os informou que Khalil tinha um visto de residente permanente, green card, e os agentes disseram que revogariam essa autorização.
Khalil está atualmente retido num centro de detenção de imigrantes em Louisiana, apos ter sido inicialmente enviado para uma instalação em New Jersey, de acordo com o banco de dados online do ICE, que identifica o local de nascimento do ativista como a Síria.
Não está claro quando terá uma audiência no tribunal de imigração, que normalmente é o primeiro passo no processo de deportação. Os porta-vozes do ICE e do Departamento de Segurança Interna ainda não responderam a imprensa. A Universidade de Colúmbia se recusou a comentar sobre a prisão de Khalil.
No fim de semana, a Universidade de Colúmbia chegou a divulgar um comunicado orientando aos alunos sobre as suas políticas para permitir autoridades federais no campus universitário. "Em geral, os agentes do ICE devem ter um mandado judicial ou intimação para entrar nas áreas que não são públicas, incluindo moradias estudantis”, dizia o comunicado.
O caso de Khalil representa a primeira tentativa de deportação conhecida publicamente sob a repressão prometida por Trump contra estudantes que protestaram contra a guerra em Gaza. "Esta é a primeira detenção e haverá muitas outras", ameaçou hoje Trump após a detenção do ativista pró-palestino, a quem se referiu como um estudante radical estrangeiro pró-Hamas.
"Sabemos que há outros estudantes na Colúmbia e em outras universidades que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e a administração Trump não tolerará isso. Vamos encontrar, prender e expulsar estes simpatizantes terroristas. Esperamos que todas as universidades do país sigam as regras", escreveu na sua rede Truth Social.
Trump disse também que os manifestantes perderam os seus direitos de permanecer no país ao apoiar o grupo terrorista Hamas, que controla Gaza. Mas Khalil e outros líderes estudantis rejeitaram essas alegações, dizendo que são parte de um movimento anti-guerra mais amplo que ainda conta com estudantes e grupos judeus entre os seus apoiadores.
Já os ativistas pró-Israel pediram à administração de Trump nas últimas semanas que iniciasse os processos de deportação contra o manifestante. O Governo retirou 400 milhões de dólares na semana passada em financiamento federal da Colúmbia devido ao que alegou ser o fracasso desta prestigiada instituição de ensino da Ivy League em controlar o antissemitismo no seu campus.
Khalil foi um dos ativistas mais destacados nos protestos do ano passado contra a guerra na Faixa de Gaza, atuando como negociador para estudantes que montaram um acampamento no campus universitário. No auge dos protestos em universidades de todo os Estados Unidos, em abril de 2024, estudantes da Colúmbia disseram que consideravam completamente ridículo as ameaças de suspensão por estarem exercendo o seu direito ao protesto.
Enquanto isso, Khalil também estava entre os investigados por um novo escritório da Colúmbia que já moveu acusações disciplinares contra dezenas de estudantes pelo seu ativismo pró-Palestina.