Ceasa

Justiça pede afastamento de comissário que teria vazado informações sobre roubo no Ceasa

O juiz Ivan Alves de Barros, do TJPE, pede a 'apuração imediata do fato'

Publicado em: 12/03/2025 18:18 | Atualizado em: 12/03/2025 20:01

 (Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Foto: Reprodução/Redes Sociais
Um comissário da Polícia Civil de Pernambuco é suspeito de ter vazado "informações sensíveis" de mandados de prisão preventiva relacionados à investigação do roubo no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE), na Zona Oeste do Recife, ocorrido em 10 de fevereiro deste ano. Em ofício enviado à Secretaria de Defesa Social (SDS-PE), a Justiça sugere o afastamento temporário do policial até que o inquérito seja concluído.

O comissário teria vazado os mandados de prisão preventiva de Jailson Rodrigues de Melo, Jailson Faustino da Silva, Euris Cosme dos Santos, Lucas Bento Barros, José Éder de Lima Alves e Pedro Henrique Alves Santana — decretados pela Justiça em 21 de fevereiro. 

O ofício foi assinado pelo juiz de direito Ivan Alves de Barros, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), em 25 do mesmo mês. No texto, o magistrado afirma que teve acesso a vídeos que revelam a exposição indevida de informações sigilosas sobre o caso. Segundo ele, a conduta viola normas de sigilo e o respeito à dignidade das pessoas envolvidas em investigações e processos judiciais. 

O juiz afirma, também, que a exposição de informações sensíveis podem comprometer a investigação, colocar a segurança pública em risco e "afrontar os princípios da administração pública, especialmente o da moralidade (art. 37, caput, da Constituição Federal)". Com isso, ele pede a “apuração imediata do fato” e a instauração de um procedimento administrativo disciplinar, “caso se constate a infração”. 

O Diario de Pernambuco apurou que, no Boletim Geral da SDS de 11 de março, a Corregedoria instaurou uma Sindicância Administrativa Disciplinar (SAD) contra um comissário, conforme a Portaria 055/2025.

No texto, assinado pela corregedora geral da SDS, Mariana Cavalcanti de Sousa, em 25 de fevereiro, consta que a SAD visa apurar a conduta do comissário em questão “sob o viés ético-disciplinar” e considera “os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade, motivação e, em especial, da eficiência e do interesse público, ex vi, do Art. 37 da CF/1988”. 

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Defesa Social informou, em nota, que tomou conhecimento do caso e que a Polícia Civil abriu uma investigação para apurar possíveis infrações disciplinares e criminais. O relatório com os resultados será encaminhado à Corregedoria Geral da SDS.

Prisão preventiva 

Os suspeitos tiveram a prisão em flagrante relaxada em 13 de fevereiro pela juíza Blanche Maymone Pontes Matos, que entendeu que faltavam elementos suficientes para relacionar os suspeitos aos assaltos. O promotor de justiça João Alves de Araújo, solicitou, no dia 18 do mesmo mês, a prisão preventiva dos acusados. 

Ele afirma que levou em consideração a quantidade e a gravidade dos crimes investigados, as circunstâncias específicas em que os delitos ocorreram e, sobretudo, o perfil dos acusados — dois deles já tiveram passagem no sistema carcerário, sendo um descrito pela Polícia como “criminoso contumaz”. 

O promotor conclui pontuando que “as informações contidas nos autos são suficientes para demonstrar que os acusados são de extrema periculosidade, já inseridos por completo no submundo do crime e que se associaram entre si com a finalidade de praticarem roubos com o emprego de armas de fogo”.

Relembre o caso

Toda ação foi flagrada por vídeos de câmeras de segurança. Tudo começou no Ceasa, na Zona Oeste da cidade, e seguiu para o Hospital da Mulher. Um dos suspeitos morreu e três pessoas foram presas.  

Nas imagens de um estabelecimento do Ceasa, é possível ver quatro criminosos encapuzados, usando coletes à prova de balas e armados com fuzis e outras armas de grosso calibre. Enquanto um dos suspeitos pega as caixas com dinheiro, os outros rendem o motorista e vigiam o local.  

Após o assalto, os criminosos seguiram para o bairro Jardim São Paulo, no qual tentaram trocar de veículo para despistar a polícia. Quando os suspeitos faziam a troca de carro, houve uma intensa troca de tiros com a Polícia, um dos criminosos foi baleado no braço e no abdômen, e morreu no local. Outros três fugiram. O grupo seguiu em direção ao Hospital da Mulher do Recife (HMR) e realizou um novo assalto, abordando um homem que estava indo visitar um parente.  

No vídeo, eles aparecem estacionando o veículo e, em seguida, um deles apontando uma arma para o motorista de outro veículo. Eles roubam o carro da vítima, abandonam o Polo e fogem.

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