HOMENAGEM

Fotolivro 'Naná: Do Recife para o Mundo' rememora uma das maiores lendas da percussão

Obra organizada por Augusto Lins Soares reúne mais de 200 fotografias para contar toda a trajetória musical do artista

Publicado em: 13/02/2025 06:00 | Atualizado em: 19/02/2025 16:21

 (Foto: Monica Vendramini)
Foto: Monica Vendramini
Uma trajetória marcada por transformar o berimbau na extensão do seu corpo e do Brasil a matriz do seu ritmo é rememorada através da fotobiografia Naná: Do Recife para o Mundo, que, através de mais de 200 imagens, busca fazer justiça à dimensão de uma das maiores lendas da música brasileira. A obra, organizada pelo designer e jornalista Augusto Lins Soares, será lançada nesta sexta (14), às 19h, na Torre Malakoff.
 
A permanência de Naná nos cânones da cultura se revela não apenas pela sua repercussão internacional — vitorioso no Grammy e eleito duas vezes o melhor percussionista do mundo pela revista de jazz norte-americana DownBeat —, mas por uma linha do tempo impressionante que levou o artista, nascido Juvenal de Holanda Vasconcelos, até o estrelato. O jovem que, ainda criança, nos anos 1950, aprendeu a tocar bongô e maracas em um conjunto de músicos no Recife, ganhou o Brasil e, depois, o mundo, encantando plateias em Nova York e em países da Europa, como a França e a Suíça.
 (Foto: João Rogério Filho)
Foto: João Rogério Filho
Naná faleceu em 9 de março de 2016 e, quase uma década depois, as suas facetas humanas e artísticas ganham vida e permanência com as fotos feitas por Deborah Feingold (capa e contra-capa), Lizzie Bravo, Luiz Fernando e Franklin Corrêa, além dos acervos do próprio Naná e de nomes como Sérgio Kyrillos, Edy Star, Guy le Querrec, Claude Barouh e Merrie Robin Monroe, entre outros. Os jornalistas Michelle de Assumpção, Renato Contente e José Teles, o professor Daniel B. Sharp e, sobretudo, Patrícia Vasconcelos, viúva do músico, assinam textos sobre o homenageado. A fotobiografia contou com o patrocínio do Banco do Nordeste.
 
Em entrevista exclusiva ao Viver, o organizador Augusto Lins Soares, também responsável pela apresentação do livro, fala sobre a motivação para prepará-lo, destacando o peso global que o nome de Naná tem na história da música. “Como já tinha organizado três fotobiografias de personalidades brasileiras, mas nenhuma pernambucana, escolhi Naná, um conterrâneo tão singular e consagrado quanto o carioca Chico Buarque, o cearense Dom Helder Camara e a paranaense Sonia Braga”, exalta. “A narrativa visual segue pelas três cidades onde ele viveu e criou sua obra na linha do tempo, que são Recife, Paris e Nova York. Eu parti de uma frase célebre do próprio biografado para revelar sua biografia fenomenal: ‘Sou o Brasil que o Brasil não conhece’”.
 (Foto: João Rogério Filho)
Foto: João Rogério Filho
O fotógrafo João Rogério Filho, uma das pessoas mais próximas a Naná em seus últimos anos de vida, também fala ao Viver sobre o tempo que passou fazendo registros do mestre, de 2010 até 2016, ano de seu falecimento. “Ele foi o maior exemplo de generosidade com que já me deparei. Tratava um grupo de meninos que estava acabando de aprender percussão da mesma forma que falava com um astro internacional. Essa capacidade humana e musical dele de congregar, de ensinar às pessoas, de se doar, faz muita falta”, lamenta.
 
A viúva do artista, Patrícia Vasconcelos, principal responsável pela manutenção de seu legado, se mostra feliz com o resultado da fotobiografia. “A minha sensação é que esse trabalho é o início de uma segunda etapa da valorização de todo o trabalho de Naná. A história vem sendo pontuada de forma muito atenta aos detalhes, já que a trajetória dele se espalhou pelo mundo de maneira muito extensa e Augusto teve esse cuidado de rastrear todo o caminho dele, partindo da infância até a consagração”, enaltece, satisfeita por ver seu esforço pela preservação da memória do percussionista valer a pena.
 (Capa da publicação (Cepe/Divulgação))
Capa da publicação (Cepe/Divulgação)
 
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