Patrimônio
Pinturas murais do século 19 são restauradas na Academia Pernambucana de Letras
As pinturas do francês Eugène Lassailly decoravam a antiga sala de jantar do imóvel
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 07/01/2025 10:46 | Atualizado em: 07/01/2025 10:55
Murais do século 19 estão sendo restaurados na APL (Foto: Divulgação ) |
Restauradores estão resgatando pinturas murais do pintor francês Eugène Lassailly, que ocupam as paredes da atual Sala dos Acadêmicos, no casarão do século 19 que sedia a Academia Pernambucana de Letras (APL), no bairro das Graças, na Zona Norte do Recife.
As pinturas, que retratam paisagens e naturezas-mortas, foram realizadas diretamente na parede, na antiga sala de jantar do solar, sob encomenda do comerciante português João José Rodrigues Mendes, que adquiriu o imóvel em 1863. As pinturas teriam sido feitas até o ano de 1870 e fazem referência a cenas comuns ao modo de vida europeu da época, exibindo cenários de caça e pesca, atividade por meio da qual o barão construiu sua fortuna com a importação do bacalhau.
Várias áreas das pinturas originais estavam cobertas por tintas de paredes e encontravam-se em estado ruim de conservação, apresentando problemas como abrasão, alteração cromática, craquelês, descolamento da camada pictórica, desgaste, excrementos de insetos e insetos aderidos, manchas e rachaduras.
“Houve uma intervenção na década de 1970, mas infiltrações provocaram a degradação das pinturas. As paredes que não sofreram tanto com infiltrações nos deram a referência para restaurar todas as pinturas da sala, como elas eram originalmente”, explica a restauradora e fiscal do projeto, Suzana Omena.
O projeto de restauro, uma realização da APL com a coordenação da produtora Arkhé Cultural e incentivo do Funcultura, contou com estudos e testes para que fossem determinadas quais técnicas seriam utilizadas no serviço de remoção e decapagem das intervenções que encobriram as pinturas originais e como seria realizado o restauro.
“É um trabalho minucioso, praticamente um processo cirúrgico. Você tem que remover camada por camada das tintas colocadas por cima das pinturas, mas preservar o que está por trás, que nem sempre a gente sabe como está. Estamos no processo de reintegrar as partes faltantes dessas pinturas”, conta o coordenador da equipe de restauro, Walas Fidélis. Trabalham com ele no projeto ainda as restauradoras Rildete Nascimento, Rosa Bispo e Weydes Santos. O projeto contou com a consultoria técnica da restauradora Pérside Omena.
As pinturas murais que decoravam a sala de jantar mostram como figuras abastadas da sociedade no século 19 se relacionavam com a arte, inclusive dentro de suas próprias casas. “Pelas cores originais das pinturas, a sala deve ficar mais escura do que é atualmente. Mas é como era na época, um resgate da arte e da própria história do edifício, preservando o nosso patrimônio e a nossa cultura”, complementa Suzana Omena.
A primeira etapa do projeto de restauração deve ser finalizada até o fim do mês de janeiro, quando a sala deve ser reaberta à visitação pública.