IPCA
Inflação no Grande Recife fecha o ano em 4,36% em 2024 e fica dentro do teto da meta
IBGE divulgou dados da inflação de dezembro de 2024 nesta sexta-feira (10)
Por: Thatiany Lucena
Publicado em: 11/01/2025 06:00 | Atualizado em: 11/01/2025 02:56
Foto: Arquivo/Elza Fiúza/Agência Brasil |
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, divulgado nesta sexta-feira (10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou uma variação de 0,34% em dezembro de 2024 no Grande Recife. Com o resultado, o acumulado no ano fechou em 4,36%, ainda abaixo do teto da meta estipulada para o país, de 4,5%. Já o Brasil fechou o ano em 4,83%, acima da meta. Nos últimos quatro anos, o Brasil ultrapassou o teto da meta três vezes, em 2021, 2022 e em 2024.
No acumulado do ano, os grupos que puxaram o índice na Região Metropolitana do Recife (RMR), foram Saúde e cuidados pessoais (6,71%), Alimentação e bebidas (6,42%), Educação (5,38%) e Despesas pessoais (4,4%).
Entre as 16 localidades analisadas pelo IBGE, o Recife ficou em quarto lugar entre as inflações mais baixas do país, atrás de Vitória (4,26%), Brasília (3,93%) e Porto Alegre (3,57%). De acordo com o economista Luiz Maia, professor de economia e finanças da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o cenário observado no Grande Recife segue a mesma tendência do país.
“O que pode ter acontecido, é que provavelmente, o impacto que se observou no mercado de trabalho no aquecimento do mercado de trabalho nas transferências de renda, na retomada do emprego, que a gente viu no Brasil inteiro, acabou acontecendo com um atraso um pouco maior aqui”, aponta.
Aquecimento da economia no país foi puxada pelo aumento da renda
Luiz Maia detalha ainda que um dos fatores que pode explicar o índice do Grande Recife em relação ao cenário nacional é que a região ainda tem uma das maiores taxas de desemprego do país.
“Essa inflação se deve ao fato de o aumento de preços de alimentos ter sido muito forte, puxado também por um aumento da renda das pessoas e uma queda muito forte na taxa de desemprego, em vários lugares, mas aqui na região do Recife a gente ainda tem uma das maiores taxas de desemprego do Brasil. Talvez a pressão em termos de aumento de renda não tenha sido tão forte aqui como aconteceu no resto do país”, afirma.
Inflação oficial do país fica em 4,83%
A inflação no Brasil em 2024, que ficou em 4,83%, acima do teto da meta (4,5%), foi puxada, principalmente, pelos dos grupos Alimentação e Bebidas (7,6%), Saúde e cuidados pessoais (6,09%) e Transportes (3,3%).
Os preços que mais pressionaram o custo de vida da população foram a gasolina (9,71%), plano de saúde (7,87%) e refeição fora de casa, que ficou 5,7% mais cara.
Manutenção de gastos públicos
De acordo com Luiz Maia, um dos fatores que pode ter contribuído para a alta da inflação no país, foi a manutenção dos gastos públicos. “No primeiro semestre do ano passado, a gente vinha reduzindo a taxa de juros, com a sensação de que a inflação estava sob controle, mas a gente também teve uma manutenção em ritmo muito intenso de gastos públicos. Se o governo continua liberando crédito e aumentando gastos com repasse de recursos para governo estaduais, esse dinheiro também vai acelerar a economia”, disse.
Segundo o economista, mesmo no quarto ano de crescimento econômico em 2024, o país não conseguiu atingir o equilíbrio entre o fiscal e o monetário, sem aumentar a oferta de acordo com a demanda da população, que acabou sendo repassado para os preços ao consumidor.
Fatores climáticos
De acordo com Luiz Maia, nos próximos meses o cenário pode ser mais favorável para o setor de alimentação e bebidas, que passou pelo encarecimento de produtos devido a fatores climáticos.
“No ano passado, tivemos o El niño e La niña, que geraram períodos muito irregulares de chuva e vários lugares do Brasil, ondas de calor e enchentes. A expectativa é que esse ano a gente não tenha esses fenômenos climáticos tão fortes. Por outro lado, a gente teve algumas reduções na safra do ano passado. Mas para esse ano o que está sendo previsto é uma safra recorde”, destaca. Segundo ele, a possibilidade é que para 2025 esse setor não sofra uma pressão tão forte como no ano passado.
Consequências para 2025
O professor explica que uma das consequências do cenário de 2024 é que o Brasil terá dois aumentos da inflação já anunciados pelo Banco Central. “Nas duas próximas reuniões do Copom teremos aumentos nas taxas de juros, que deve ir para cima de 14%. Com a taxa de juros mais elevada, fica bom para quem está poupando, mas ruim para quem vai precisar financiar ou parcelar. Então, essa alta deve gerar uma desaceleração da economia”, aponta.