ESTADOS UNIDOS
Helicóptero militar que colidiu com o avião voava fora da rota e acima da altitude
O jornal norte-americano New York Times revelou que o helicóptero militar Black Hawk voava fora do trajeto de vôo que tinha sido aprovado
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 31/01/2025 13:14
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Parte dos destroços é vista enquanto equipes de resgate vasculham as águas do Rio Potomac depois que o voo 5342 da American Airlines, ao se aproximar do Aeroporto Nacional Reagan, caiu no rio após colidir com um helicóptero do Exército dos EUA. (Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP) |
O jornal norte-americano New York Times revelou nesta sexta-feira (31) que o helicóptero militar Black Hawk, que colidiu com o avião da American Airlines, voava fora do trajeto de vôo que tinha sido aprovado. O NYT acrescentou que os pilotos do vôo comercial não viram o aparelho da Força Aérea americana quando estavam fazendo a curva para ir em direção a pista de aterrissagem do Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington.
Além disso, a publicação também associou que a esta falha no helicóptero, o controlador de tráfego aéreo acumulava dois trabalhos, dando as instruções e indicações a dois aviões. Deveria haver outro profissional auxiliando, que recebeu autorização para sair mais cedo do trabalho, segundo um relatório da Agência Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês).
O NYT sublinhou que a norma é que somente após as 21h30 o número de controladores aéreos pode ser reduzido, uma vez que diminui o tráfego naquele aeroporto. O jornal ainda destacou que o helicóptero deveria estar sobrevoando em uma altitude mais baixa, mais perto das margens do rio, quando se deu a colisão, num momento em que o espaço aéreo junto ao aeroporto Ronald Reagan estava muito congestionado.
Já o presidente dos EUA, Donald Trump comentou que o helicóptero estava voando muito alto na hora do acidente. “Estava muito acima do limite de 200 pés. Isso não é muito complicado de entender, pois não? Descobriremos como este desastre ocorreu e garantiremos que nada parecido aconteça novamente", disse Trump.
A altitude máxima, de 200 pés, é a regra para os helicópteros voarem naquela zona, mas de acordo com os dados de controle de vôo a aeronave militar subiu rapidamente até aos 300 pés antes da colisão fatal.
A Comissão Nacional de Segurança dos Transportes dos EUA anunciou que irá apresentar um relatório preliminar sobre a colisão aérea, em Washington, no prazo de 30 dias.
Além disso, as duas caixas negras do avião da American Airlines já foram encontradas, de acordo com a mídia norte-americana. O gravador de voz da cabine e o gravador de dados de vôo foram recuperados pelos investigadores, revelaram fontes anônimas as emissoras CBS News e à ABC News. Estas caixas negras estavam submersas, mas deverão poder ser analisadas, completou o Conselho Americano de Segurança nos Transportes (NTSB), uma agência independente encarregada de investigar acidentes de transporte civil.
O presidente da Associação Nacional de Controladores de Tráfego Aéreo, Nick Daniels declarou que seria prematuro especular sobre a causa raiz deste acidente. "Aguardaremos as conclusões das autoridades e utilizaremos esta informação para ajudar a orientar decisões e mudanças para melhorar a segurança da aviação", afirmou.
Enquanto isso, o chefe dos bombeiros de Washington, John Donnelly, declarou que, até agora, foram retirados 40 corpos do rio Potomac. A bordo do avião estavam 64 pessoas e três soldados seguiam no helicóptero no momento da colisão aérea.
Apesar das causas do acidente não estarem concluídas, Trump culpou a administração de Joe Biden, e as suas políticas de inclusão, por baixar os padrões de contratação, acusando à Administração Federal de Aviação de contratar "trabalhadores com deficiências intelectuais graves, problemas psiquiátricos e outras condições mentais e físicas no âmbito de uma iniciativa de contratação de diversidade e inclusão".
O republicano frisou que os controladores aéreos devem ser "alguém intelectualmente superior" e criticou os programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), que já desmantelou por ordem executiva.
O ex-secretário dos Transportes dos EUA, Pete Buttigieg, criticou a reação de Trump. "É desprezível. Numa altura em que as famílias estão de luto, Trump devia estar a liderar, não a mentir", apontou Buttigieg após o presidente ter responsabilizado as políticas dos seus antecessores democratas Barack Obama e Joe Biden pelo desastre aéreo.
Buttigieg denunciou ainda Trump por despedir pessoal-chave que contribuiu para a segurança dos céus e deixar a Federal Aviation Administration (FAA) sem liderança. Trump precisou anunciar apidamente ontem Chris Rocheleau, ex-diretor de operações da National Business Aviation Association, um grupo lobista na área da aviação civil, como comissário interino da FAA.