ORIENTE MÉDIO

General apoiado pelos EUA é eleito presidente do Líbano

Joseph Aoun é o primeiro presidente libanês que não está diretamente alinhado com o Hezbollah em décadas

Publicado em: 09/01/2025 14:56

Outdoor comemorando a eleição do chefe do exército Joseph Aoun como presidente do Líbano (Foto: IBRAHIM AMRO/AFP)
Outdoor comemorando a eleição do chefe do exército Joseph Aoun como presidente do Líbano (Foto: IBRAHIM AMRO/AFP)
Nesta quinta-feira (9), o general Joseph Aoun foi eleito o novo presidente do Líbano, após um impasse político que durou mais de dois anos, desde o fim do mandato do último chefe de Estado.
 
Joseph Aoun é visto como uma alternativa apartidária o que permitiu terminar com o impasse, que perdurava devido os dois lados da bancada cristã se recusarem a ceder quanto aos seus candidatos. No sistema sectário libanês o presidente é sempre cristão. Mas, os especialistas avaliam que o enfraquecimento do Hezbollah devido à guerra levou os partidos cristãos aliados do grupo xiita a aderir a eleição de Aoun, o que foi essencial para a sua vitória.
 
O novo presidente é o primeiro que não está diretamente alinhado com o Hezbollah em décadas.
 
O parlamento libanês realizou duas sessões de votação, elegendo o comandante do exército Aoun, que conta com o apoio dos Estados Unidos, da França e Arábia Saudita. No evento marcaram presença o enviado francês Jean-Yves Le Drian, o embaixador saudita Walid Boukhari e o enviado especial dos EUA, Amos Hochstein, que participou do acordo de cessar-fogo com Israel.
 
Na primeira sessão, o general conseguiu somente 71 votos, sendo que os demais votos foram em branco ou anulados, uma mensagem do grupo xiita Hezbollah e aliados. Depois houve uma reunião, o que sugere um acordo, porque na segunda votação Aoun obteve 99 votos dos 128 deputados. 
 
O novo presidente também é chefe das forças armadas libanesas desde 2017.
 
Durante esse período, liderou o combate contra o movimento extremista Estado Islâmico na fronteira com a Síria, impedindo a entrada do grupo terrorista no Líbano, conquistando assim uma reputação respeitada por todo o país. O general também é elogiado pelo comando das tropas no sul do Líbano, que sofreu vários ataques israelenses, e por ter ajudado a facilitar o acordo de cessar-fogo com Israel.
 
Nas semanas anteriores à eleição, diplomatas dos EUA, da França e das Arábia Saudita encontraram com o general e com o presidente da Assembleia, Nabih Berri, líder do partido xiita Movimento Amal e aliado do Hezbollah.
 
Apoiado pelo Ocidente, Aoun deve fortalecer as relações internacionais e receber apoio financeiro das grandes potências para a reconstrução pós-guerra.
 
Os desafios do novo líder
 
O Líbano enfrenta um dos períodos mais difíceis da sua história. No sul terá a difícil tarefa de lidar com a invasão recorrente de Israel,  liderar o exército libanês e desarmar e retirar o Hezbollah da área, condições para a retirada completa dos militares israelenses. Já na economia, segundo o Banco Mundial, são oito bilhões de euros pelos danos causados na guerra.
 
Antes do início do conflito, o Líbano já atravessava uma grave crise, com a queda substancial da moeda nacional e a prisão do ex-chefe do Banco Central Libanês acusado de esvaziar e desviar milhões de dólares. Em novembro passado, a situação de pobreza ultrapassou os 70% da população.
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