Ex-presidente francês Sarkozy volta ao banco dos réus

Ex-presidente da França Nicolas Sarkozy (foto: Christophe ARCHAMBAULT / AFP)

O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy, que já foi condenado por duas vezes em casos por corrupção e tráfico de influências há pouco mais de duas semanas, enfrenta agora um terceiro julgamento por alegado financiamento ilegal de campanha eleitoral com fundos do antigo ditador da Líbia Muammar Kadhafi.

Sarkozy pode ser condenado até 10 anos de prisão num julgamento que deverá estar concluído até 10 de abril. Entre os 12 acusados também estão três ex-ministros, Brice Hortefeux, Claude Guéant e Eric Woerth e dois intermediários líbios.

Após mais de dez anos de investigações judiciais e revelações da mídia, principalmente do site de investigações jornalísticas Mediapart, Sarkozy está sendo julgado num tribunal de Paris  por corrupção passiva, conspiração criminosa, financiamento ilegal de Kadhafi de cerca de 50 milhões de euros a sua campanha eleitoral em 2007, na qual venceu, e ocultação de desvio de fundos públicos líbios.

Em troca, o alegado acordo de Sarkozy e de outras pessoas com Kadhafi envolvia a sua ‘reabilitação’ no cenário internacional. Kadhafi era visto como um terrorista, apos o seu regime ter sido responsabilizado pelos ataques a bomba ao vôo 103 da Pan Am, em 1988, na cidade de Lockerbie, na Escócia, e ao vôo 772 da UTA, em 1989. Centenas de passageiros morreram nesses atentados.

Para a acusação, o pacto teve inicio em 2005, quando Kadhafi e Sarkozy, então ministro do Interior da França, se encontraram em Trípoli para um encontro, no qual alegaram se tratrr da luta contra a migração ilegal. Por outro lado, a defesa de Sarkozy afirma que nunca foi encontrado qualquer vestígio de financiamento ilegal.

O escândalo surgiu em abril de 2012, durante a campanha para a reeleição de Sarkozy, o que ele acabou perdendo para François Hollande, quando o site Mediapart publicou um artigo baseado num documento de dezembro de 2006, com um antigo funcionário líbio  mencionando um acordo sobre o financiamento da campanha. Desde então, Sarkozy garante que o documento é falso. Além disso, Sarkozy diz que esteve na primeira linha de ação militar contra Kadhafi, em 2011, e aponta que as alegações de ex-membros do círculo de Kadhafi são motivadas por vingança.

O Supremo Tribunal de Justiça francês também já rejeitou recentemente um recurso da defesa em relação à sentença de um ano de prisão por tráfico de influências, que ex-presidente deverá cumprir com a tornozeleira o recurso a uma pulseira eletrônica.