GUERRA

Eslováquia ameaça cortar ajuda a refugiados da Ucrânia devido a suspensão do gás russo

O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, ameaça cortar a ajuda financeira aos mais de 130 mil refugiados ucranianos que vivem no país

Publicado em: 03/01/2025 15:55

Primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico
 (Foto: Artem Geodakyan/POOL/AFP)
Primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico (Foto: Artem Geodakyan/POOL/AFP)
Nesta sexta-feira (3), o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, declarou que o seu governo discute medidas de retaliação contra a Ucrânia, apos Kiev fechar o gasoduto que fornece a Europa Central gás natural russo. Fico ameaça cortar a ajuda financeira aos mais de 130 mil refugiados ucranianos que vivem no país e ainda considerar a possibilidade de cortar o abastecimento de eletricidade à Ucrânia, como parte de um conjunto de ações de represália a Ucrânia. 
 
Fico também indicou estar sendo estudado exigir a renovação do transporte de gás ou uma compensação pelas perdas financeiras, avaliadas em 500 milhões de euros em taxas de trânsito de outros países para Bratislava, devido à suspensão do gás da empresa russa Gazprom, gigante do setor energético. 
 
As exportações de gás russo que atravessa o território ucraniano foram interrompidas no dia primeiro do ano, depois de Kiev ter comunicado que não renovaria o acordo de cinco anos,  assinado antes da guerra.
 
Já o governo de Bratislava, tentou por meses convencer o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, a renovar o acordo. A disputa se agravou nas últimas semanas, com a recusa de Zelenkskyy, que afirmou que não permitiria que a Rússia e os países que se beneficiavam ganhassem milhares de milhões com sangue do seu povo.
 
O primeiro-ministro eslovaco também mantém laços estreitos com o Moscou e Zelenskyy acusou Fico de ajudar Putin a financiar a guerra e a enfraquecer a Ucrânia. 
 
Por sua vez, Fico agumentou que a suspensão do gás elevaria os preços do gás e da eletricidade na Europa, o que prejudicaria mais a União Europeia do que a Rússia. “O fim do acordo custará à União Europeia 120 bilhões de euros nos próximos dois anos”, disse.
 
No entanto, a Comissão Europeia garantiu que o bloco tinha se preparado para a mudança.  "Esperamos que o impacto do fim do trânsito através da Ucrânia na segurança de abastecimento da UE seja limitado. Os 14 bilhões de metros cúbicos por ano que transitam atualmente através da Ucrânia podem ser totalmente substituídos por GNL e importações de gasodutos não russos através de rotas alternativas", disse um porta-voz da Comissão Europeia em dezembro.
 
Mas, a Eslováquia assinou em 2024 um contrato-piloto de curto prazo para comprar gás natural do Azerbaijão, além de importar gás natural liquefeito proveniente dos EUA através da Polônia. Podendo ainda receber gás através de gasodutos austríacos e húngaros.
 
Enquanto isso, a Moldávia, que não é membro da UE, anunciou estado de emergência por causa da grave escassez de gás em pleno inverno após o fim do acordo.
 
Por sua vez, a Polônia considerou o fim do acordo uma "vitória" contra o governo da Rússia e acrescentou que estaria disposta a aumentar as suas exportações de energia para a Ucrânia.
 
Para a Europa, a perda do fornecimento de gás russo barato contribui para uma grande desaceleração econômica, um aumento na inflação e um agravamento da crise do custo de vida, que busca por fontes alternativas de energia. Mas, o preço do gás na Europa já atingiu e ultrapassou a marca dos 50 euros por megawatt-hora, impulsionado pelo fim do acordo, além do aumento do consumo provocado pelo inverno.