CLIMA
União Europeia não concorda com o projeto do acordo da COP29
Projeto de acordo publicado durante a noite foi considerado "claramente inaceitável na sua versão atual" pelo negociador da UE na conferência
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 21/11/2024 12:53
Wopke Hoekstra, negociador da União Europeia (UE) na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (Foto: NICOLAS TUCAT/AFP ) |
O negociador da União Europeia (UE) na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29) que decorre em Baku, Wopke Hoekstra, afirmou nesta quinta-feira (21) que o projeto de acordo publicado durante a noite é claramente inaceitável na sua versão atual.
A União Europeia considera que, nesta fase, o projeto final de acordo, que inclui diversos textos, inclusive a respeito do financiamento do clima, não é suficientemente ambicioso em termos de redução dos gases com efeito de estufa, devido à oposição dos países produtores de petróleo. “Lamento, mas ainda há muito trabalho para as partes e para a presidência azerbaijanesa da conferência. Estou certo de que não existe um único país ambicioso que pense que isto é suficiente”, indicou Hoekstra.
A UE também é maior contribuinte mundial para o financiamento do clima. O comissário europeu e os seus colegas europeus demandam mais compromissos para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, em referência aos países produtores de petróleo, como a Arábia Saudita, que resistem.
A COP 29 termina na sexta-feira e ainda apresenta posições sem consenso e divergentes dos países em relação ao valor da ajuda climática que deve ser fornecida as nações desenvolvidas aos países em desenvolvimento.
O ministro irlandês Eamon Ryan declarou que as coisas estão avançando, mas que era evidente que este texto não é definitivo. “Será radicalmente diferente, mas há espaço para um acordo”, ponderou.
Hoje os representantes dos países ricos e os países em desenvolvimento entram na fase final das negociações sobre o valor da ajuda financeira na COP29. Mas, o grande grupo dos países do G77+China, uma aliança de 134 países do Sul, apelou à UE, ao Japão e aos Estados Unidos para que disponibilizem pelo menos 500 bilhões de dólares por ano em financiamento climático até 2030. “Não devemos sair de Baku sem um número claro”, apontou à ugandesa Adonia Ayebare.
No entanto, este montante não consta do projeto do texto publicado nesta manhã pela presidência azerbaijanesa da cúpula. Após a divulgação do texto, o projeto foi descrito como uma “caricatura” ou um “insulto” por muitos porque não expõe os valores.
“A ausência de números para os países ricos é um insulto para as milhões de pessoas que estão na linha da frente das alterações climáticas”, reagiu Jasper Inventor, chefe da delegação da Greenpeace Internacional em Baku.
Porém as negociações prosseguem nos bastidores para se tentar chegar a um compromisso final até amanhã.
Uma outra segunda opção apresentada hoje nas negociações reflete a visão dos países ricos, cujo objetivo financeiro seria um aumento do financiamento global da ação climática para ‘X’ de milhares de milhões de dólares por ano até 2035, mas sem especificar a parte dos países desenvolvidos.
O queniano Ali Mohamed, em representação dos países africanos, também insistiu na falta de números: “Precisamos de que os países desenvolvidos se comprometam urgentemente com esta questão. A próxima versão deverá ser publicada esta quinta-feira à noite. Será mais curta e conterá números baseados na nossa visão dos possíveis pontos de aterragem para um consenso”, garantiu.
Atualmente, os países desenvolvidos concedem cerca de cem bilhões de dólares de ajuda financeira aos países em desenvolvimento para se adaptarem às alterações climáticas e investirem em energias com baixo teor de carbono. A COP29 deverá fixar um novo objetivo para a ajuda até 2030 ou 2035.
Já uma nova opção para o projeto foi também colocada em negociação pelo australiano Chris Bowen e pela egípcia Yasmine Fouad, os dois ministros responsáveis pela conciliação das posições do Norte e do Sul, mas ainda não foi revelada aos países e a presidência do evento, revelou a agência francesa de notícias France-Press (AFP).
A iniciativa esta agora com o Azerbaijão, que tem a presidência da conferência, que precisa encontrar o equilíbrio certo para apresentar um texto aceitável aos cerca de 200 países que participam na COP. “Um texto que permita que todos regressem a casa com um nível igual de descontentamento”, resumiu o negociador-chefe, Alchin Rafiev.