GUERRA

Ucrânia acusa Rússia de ataque sem precedentes com drones

Nesta terça-feira (26), 188 drones danificaram edifícios residenciais e infraestruturas essenciais no país

Publicado em: 26/11/2024 12:02

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia (Foto: ROMAN PILIPEY/AFP
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Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia (Foto: ROMAN PILIPEY/AFP )
Nesta terça-feira (26), a Ucrânia confirmou ter sido alvo de um ataque noturno russo com um número sem precedentes de 188 drones, que danificaram edifícios residenciais e infraestruturas essenciais. “Durante o ataque noturno, o inimigo lançou um número recorde de drones, assim como quatro mísseis balísticos. Infelizmente, as infraestruturas essenciais foram atingidas”, diz o comunicado da força aérea ucraniana.
 
Mas, de acordo com Kiev, as defesas aéreas da Ucrânia abateram 76 drones e muitos também foram desviados pelo sistema eletrônico acionado pelo exército. “Já na capital da Ucrânia, os drones não chegaram a causar danos ou feridos como resultado do ataque”, disse Serhiy Popko, chefe da administração militar da região.

No entanto, os ataques aéreos da Rússia danificaram a rede de energia em Ternopil, uma importante cidade no oeste da Ucrânia, cortando a eletricidade e a água.  Segundo o governador local, Vyacheslav Nehoda, o ataque provocou danos significativos nas infraestruturas elétricas e cortou 70% da energia da região e das áreas circundantes. “As interrupções de energia vão se manter por horas”, apontou.

A Força Aérea ucraniana informou que Ternopil, a cerca de 220 quilômetros a leste da Polônia, país membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e a maior parte da Ucrânia ficaram sob alerta de ataque aéreo durante várias horas.

Reunião na OTAN

Já a embaixadora da Ucrânia na OTAN, Nataliia Galibarenko, irá se reunir hoje com o Conselho do Atlântico Norte, para discutir o recente ataque de Moscou contra Kiev com um míssil balístico com capacidade para carregar armas nucleares, que assinala uma nova fase da guerra. Enquanto isso, países europeus próximos à fronteira russa se preparam para eventual conflito. O encontro foi um pedido da Ucrânia e Galibarenko ainda pretende trabalhar para garantir que o convite para adesão à aliança militar seja recebido antes que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deixe a Casa Branca. “Achamos que o convite à Ucrânia neste momento seria um sinal político”, indicou Galibarenko. Além de que, a vitória de Donald Trump trouxe bastante incerteza e urgência a Kiev, uma vez que os EUA são o maior fornecedor de ajuda militar para as forças ucranianas e o republicano prometeu durante sua campanha cortar o suporte de armas e financiamento.

“A Ucrânia está à espera que sejam tomadas decisões concretas contra a Rússia”, declarou o seu ministro das Relações Exteriores, Andriï Sybiga.

A Rússia atingiu a Ucrânia na quinta-feira passada com um míssil balístico de alcance intermédio de última geração, sem ogiva nuclear, e prometeu intensificar este tipo de ataque se Kiev continuar a usar mísseis ocidentais para atingir o seu território. Além disso, o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou atacar os países que fornecem essas armas aos ucranianos, afirmando que o conflito tinha assumido um caráter global.

Entretanto, os diplomatas da Aliança Atlântica demonstram cautela em relação aos resultados que se espera desta reunião do Conselho do Atlântico Norte. A escalada da tensão surge num momento em que os europeus temem que o apoio militar norte-americano à Ucrânia seja interrompido com o retorno de Donald Trump à Casa Branca, e que um acordo de paz seja concluído em detrimento da Ucrânia. “Não posso imaginar que seja do interesse dos Estados Unidos permitir que Putin saia vitorioso destas negociações”, avaliou Rob Bauer, chefe do Comitê Militar da OTAN.

Por outro lado, a Rússia já capturou 235 quilômetros quadrados do território ucraniano.

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, também alertou hoje que, se o Ocidente fornecer armas nucleares à Ucrânia, o Kremlin vai considerar tal transferência como uma ameaça e equivalente a um ataque à Rússia, disponibilizando razões para uma resposta nuclear.

O jornal New York Times publicou na semana passada que algumas autoridades ocidentais, sob anonimato, revelaram a mídia que sugeriram a Biden dar armas nucleares à Ucrânia, apesar dos receios de que a medida pudesse ter implicações graves.

 “Os políticos e jornalistas americanos estão discutindo seriamente as consequências da transferência de armas nucleares para Kiev”, acusou Medvedev. 
As declarações de Medvedev surgem após o chanceler russo, Sergei Lavrov, ter afirmado, que a OTAN deixou de manter as aparências quando declarou a possibilidade de ataques preventivos contra a Rússia.
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