MANFESTAÇÃO
Quase mil são detidos em protestos da oposição no Paquistão
Manifestantes entraram em confronto com a polícia, que tentou impedi-los de avançar através de bloqueios de estradas e de gás lacrimogêneo
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 27/11/2024 15:12
Policiais disparam bombas de gás lacrimogêneo para dispersar apoiadores do partido Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI) durante um protesto exigindo a libertação do ex-primeiro-ministro Imran Khan (Foto: AAMIR QURESHIAFP/AFP) |
As autoridades do Paquistão comunicaram que prenderam quase mil apoiadores que exigem a libertação do ex-primeiro-ministro, Imran Khan, preso há quase um ano, nos protestos que decorrem no país nesta semana, apos terem quebrado barricadas e invadido a capital.
Os manifestantes também entraram em confronto em vários locais com a polícia a caminho da capital, que tentou impedi-los de avançar através de bloqueios de estradas e de gás lacrimogêneo.
O exército disse enviou para Islamabade um contingente de militares. “O exército do Paquistão foi mobilizado e foram dadas ordens para lidar com os malfeitores com mão-de-ferro. Também foram emitidas ordens claras para disparar sobre os desordeiros”, divulgou a emissora estatal Rádio Paquistão, na terça-feira (26).
O primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, condenou os protestos que tiveram início no domingo passado, e alegou que houve um claro ataque extremista por parte dos manifestantes. Já o ministro paquistanês do Interior, Mohsin Naqvi, garantiu que os manifestantes da capital foram contidos.
As autoridades paquistanesas confirmaram a morte de quatro pessoas nos protestos. Mas, segundo o conselheiro de Khan, Sayed Z. Bukhari, são pelo menos oito pessoas que perderam a vida na operação das forças de segurança, além de nove feridos.
“Mais de 10 mil manifestantes enfrentaram barreiras e cordões formados pelos agentes de segurança para tentar se aproximar do distrito onde está a sede do Governo. Setenta e um membros das forças de segurança ficaram feridos”, declarou Ali Nasir Rizvi, chefe da polícia do Paquistão, que negou ainda o uso de munição verdadeira durante a operação.
De acordo com Rizvi, foram apreendidas armas, incluindo espingardas automáticas e armas de gás lacrimogêneo dos manifestantes.
O Movimento pela Justiça do Paquistão, partido de Imran Khan, cancelou na manhã de hoje os protestos, depois de uma caravana com mais de 34 mil apoiadores ter avançado para a capital e desencadeado confrontos com as forças de segurança. “Dada à brutalidade exercida pelas forças do Governo e o plano das autoridades para transformar a capital num matadouro para cidadãos desarmados, os protestos estão, por enquanto, suspensos. O reinício das manifestações será anunciado após análise da situação, tendo em conta as futuras decisões judiciais relativas aos casos que Khan ainda tem pendentes nos tribunais do país”, diz a nota emitida pelo partido.
No entanto, o primeiro-ministro Ali Amin Gandapur, da província de Khyber Pakhtunkhwa, no norte do país, afirmou que a oposição vai continuar protestos.
"O protesto vai continuar até que Imran Khan o cancele. A real quantidade de vítimas durante os protestos está sendo confirmada, gradualmente, devido aos cortes na Internet”, indicou.
Pakhtunkhwa é um dos maiores aliados de Khan e participou nas manifestações juntamente com a mulher do ex-primeiro-ministro, Bushra Bibi. "A esposa de Imran Khan e eu fomos atacados diretamente", denunciou.
Imran Khan, que está preso desde 2023, esteve no poder entre 2018 e 2022, e é processado em vários tribunais, sobretudo por casos de corrupção ou manifestações violentas por parte dos seus apoiadores.