VENEZUELA
Oposição da Venezuela volta a convocar protestos contra Maduro
De acordo com a líder da oposição, Maria Corina Machado, será uma mobilização para a "liberação" do país
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 27/11/2024 19:39
Protestos contra Maduro na Venezuela (foto: Juan Carlos HERNANDEZ / AFP) |
A proximidade da posse do futuro governo venezuelano, que acontece no dia 10 de janeiro, levou a oposição a convocar novos protestos contra o presidente Nicolás Maduro no próximo fim de semana. De acordo com a líder da oposição, Maria Corina Machado, será uma mobilização para a ”liberação” do país, que alega a vitória nas urnas do candidato Edmundo González Urrutia e que possui os documentos que a comprovam.
Corina diz que está em um local escondido no país por causa do risco de ser presa e pediu à população em uma mensagem de áudio para que todos fiquem atentos às próximas orientações para pressionar Maduro a abandonar o poder. Além do protesto no fim de semana, no sábado está programada uma vigília em Caracas para pedir a libertação das mais de 1.900 pessoas detidas durante os protestos pós-eleitorais, uma vez que somente parte dos presos políticos foi soltos.
Segundo o Ministério Público venezuelano, Corina é acusada de traição à pátria, de conspiração com países estrangeiros e associação criminosa.
Nesta quarta-feira (27), Washington também anunciou novas sanções individuais contra mais de 20 autoridades aliadas a Maduro, visando pressioná-lo a aceitar os resultados das eleições de julho e acrescentou que "consideraria" ajudar Urrutia a voltar à Venezuela caso ele peça.
“A Constituição venezuelana só permite um presidente. Eu sou quem tomará posse em 10 de janeiro. Podemos dialogar com o governo para que o atual chefe de Estado decline do poder em prol da oposição. Sempre há espaço para uma saída pacífica e negociada”, argumenta Urrutia, que desde setembro está asilado na Espanha, devido à pressão do governo chavista. No entanto, ele não deu detalhes sobre como entrará no país.
A oposição e boa parte da comunidade internacional contestam os resultados do pleito presidencial, acusando Maduro e o Conselho Nacional Eleitoral, sob seu controle, de fraude e falta de transparência na contagem dos boletins de voto, por não apresentar os resultados detalhados e as atas da apuração, além de afirmar que o resultado deve respeitar a vontade do povo venezuelano.
Além disso, a tensão política escalou na Venezuela também após o G7 manifestar apoio ao opositor Urrutia, que se declara o presidente eleito do país. "O povo venezuelano tomou uma decisão clara nas urnas: votou por uma mudança democrática e apoiou Edmundo González Urrutia por uma maioria significativa, segundo os registros eleitorais disponíveis publicamente", manifestaram os chanceleres do G7, após uma reunião de dois dias que ocorreu na Itália.
O G7 e a União Europeia não reconhecem a vitória de Maduro e já haviam apelado às autoridades do país que divulgassem com plena transparência os resultados detalhados da eleição à presidência e que os representantes eleitorais compartilhassem todas as informações com a oposição e os observadores independentes.
Por outro lado, Caracas alertou na terça-feira (26) que irá rever suas relações com os países do grupo das maiores economias do mundo, depois que os chefes da diplomacia dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Japão consideraram Urrutia o vencedor das eleições de 28 de julho, nas quais o presidente Maduro foi proclamado reeleito para um terceiro mandato.
“A Venezuela rejeita categoricamente o pronunciamento do G7, considerando absurdas as afirmações do grupo. Tentam, a partir do complexo colonialista e imperialista, preparar o terreno para não reconhecer as instituições e decisões do povo venezuelano. O país vai revisar de forma integral sua relação com cada um dos governos que compõem esse grupo, porque o respeito à soberania nacional não é negociável", declarou o Ministério das Relações Exteriores venezuelano.