IMPRENSA
Mídia mundial repercute participação e indiciamento de Bolsonaro na tentativa de golpe
Sites dos principais jornais europeus já haviam publicado as prisões de militares por suspeita de envolvimento na tentativa de assassinato de Lula
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 27/11/2024 13:16
Jair Bolsonaro (Foto: Foto: Evaristo Sá/AFP) |
Nesta quarta-feira (27), as revelações da participação ativa do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro em uma tentativa de golpe de Estado após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022 repercutiram na mídia em diversos países.
O site do jornal britânico The Guardian, um dos principais veículos do Reino Unido, avaliou que o meticuloso relatório da Polícia Federal do Brasil divulgado ontem apresenta um retrato assustador de como uma das maiores democracias do mundo esteve perto de retornar a um regime autoritário. “O documento da PF brasileira alega que figuras militares de alto escalão no Brasil apoiaram um plano para tomar o poder após a derrota de Bolsonaro nas eleições. O único motivo pelo qual Bolsonaro não assinou o decreto foi o fato de os conspiradores não terem conseguido apoio suficiente da cúpula militar do Brasil", aponta a publicação.
“Polícia brasileira acusa Bolsonara de planejar golpe. O ex-presidente pode enfrentar processos criminais por acusações de envolvimento em planos de golpe depois de perder as eleições de 2002”, escreveu o jornal norte-americano New York Times.
Já o jornal português Público traz a manchete: ‘Bolsonaro planejou o golpe e sabia do plano para matar Lula, segundo a polícia brasileira’. "As provas demonstram de forma inequívoca que Jair Bolsonaro esteve envolvido de forma direta nos planos para a concretização do golpe de Estado, de acordo com o relatório da PF brasileira. O resumo da investigação faz um relato pormenorizado do turbulento processo político desencadeado no Brasil após as eleições de 30 de outubro de 2022, em que Lula da Silva venceu Bolsonaro, então no poder, por uma pequena margem, num resultado não reconhecido pelo agora ex-presidente", esclarece a mídia. O Público acrescenta também que o relatório contém centenas de mensagens trocadas pelos envolvidos, além de documentos, áudios e imagens. Além disso, contextualiza o cenário do período: "Após as eleições, ocorreram bloqueios de estradas realizados por caminhoneiros, acampamentos de apoiadores de Bolsonaro em frente a quartéis pedindo uma intervenção militar, e graves tumultos em Brasília, incluindo uma tentativa de atentado a bomba nas proximidades do aeroporto da capital brasileira", contextualiza um dos principais sites portugueses. "O ataque em Brasília foi semelhante ao ocorrido nos Estados Unidos por partidários do então ex-presidente, Donald Trump, derrotado nas urnas, antes da posse de Joe Biden, , em 6 de janeiro de 2021", explica.
Por sua vez, o jornal francês Le Monde destaca que o ex-presidente brasileiro de extrema-direita, Jair Bolsonaro, participou ativamente de um projeto de golpe de Estado com o objetivo de impedir o retorno ao poder de seu sucessor de esquerda, Lula, após a eleição de 2022, de acordo com o relatório da polícia federal divulgado na terça-feira (26). “O ex-chefe de Estado (2019-2022) também tinha plena consciência de um suposto plano de assassinato contra Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o relatório de 884 páginas", relata.
O canal CNN Internacional ressaltou que as autoridades brasileiras indiciaram o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusando-o de pleno conhecimento de uma conspiração para matar o seu sucessor Lula da Silva e anular os resultados das eleições presidenciais.
O espanhol El País assinala as provas da conspiração golpista do Brasil: 'Bolsonaro planejou, agiu e teve controle dos atos’. "O juiz do caso divulga o relatório final com as provas da conspiração de um golpe contra Lula, no qual se baseia a acusação contra o ex-presidente e outros 36 pessoas. Bolsonaro e seus aliados indiciados, em sua maioria militares, são acusados de violação violenta do estado de Direito, entre outros crimes, por arquitetar um plano para impedir que Luiz Inácio Lula da Silva assumisse o lugar de Bolsonaro apos o ultraconservador perder a eleição em 2022. Seus seguidores realizaram um ataque à sede dos três poderes do governo em 8 de janeiro de 2023", noticiou.
“Bolsonaro insistiu em questionar a segurança das urnas eletrônicas, embora nenhuma fraude em grande escala tenha sido detectada com esse sistema, que o Brasil usa há mais de 25 anos”, acrescentou.
"No final, o golpe não aconteceu, porque o exército estava dividido sobre a questão: enquanto a Marinha estava pronta para ir em frente, os chefes do Estado-Maior do Exército e da Força Aérea se recusaram a participar da tentativa de golpe e mostraram sua lealdade", descreve o correspondente da radio mundial francesa RFI, Martin Bernard.
A imprensa latino-americana também repercutiu o indiciamento do ex-presidente. O jornal argentino Clarín trouxe a seguinte manchete da reportagem: “Jair Bolsonaro, militares e ex-ministros: quem é quem na trama golpista contra Lula da Silva no Brasil”. Enquanto o La Nacion, da Argentina, intitulou a matéria: “A Polícia Federal do Brasil conclui que Bolsonaro tentou um golpe de Estado e pede que ele seja acusado.
Os sites dos principais jornais europeus já haviam publicado as prisões de militares por suspeita de envolvimento em complô e tentativa de assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do juiz Alexandre de Moraes.
Os detalhes do relatório de mais de 800 páginas da Polícia Federal complica a situação de Bolsonaro com a justiça no Brasil, que nega as acusações.