GUERRA
Hospitais de Gaza devem parar em 48 horas por falta de combustível
O território palestino atravessa uma grave crise humanitária, sem precedentes, apos mais de um ano de combates entre o exército de Israel e o Hamas
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 22/11/2024 16:30
Pessoas se confortam dentro do hospital Kamal Adwan, enquanto vítimas recebem atendimento médico após um ataque israelense que atingiu uma área perto do estabelecimento médico em Beit Layia, no norte da Faixa de Gaza (Foto: AFP) |
As autoridades médicas da Faixa de Gaza advertiram hoje que todos os hospitais do território palestino devem cessar ou reduzir as atividades dentro de dois dias, acusando Israel de bloquear a entrada de combustível no enclave. "Estamos emitindo um alerta urgente porque todos os hospitais da Faixa de Gaza vão deixar de funcionar ou reduzir os seus serviços dentro de 48 horas devido à obstrução da entrada de combustível pela ocupação israelense", informou Marwan al-Hams, diretor dos hospitais de campanha do Ministério da Saúde de Gaza.
Marwan al-Hams apelou também às instituições internacionais para que respondam à decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) para colocar um fim à guerra genocida em Gaza. O território palestino atravessa uma grave crise humanitária, sem precedentes, apos mais de um ano de combates entre o exército de Israel e o Hamas. A população é constantemente deslocada e a maioria vive em tendas, com fome, falta de água potável e medicamentos, proliferação de doenças e a devastação e ruína de praticamente todas as infraestruturas.
Na terça-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já manifestou profunda preocupação com os hospitais que ainda funcionam parcialmente e muito precariamente no norte de Gaza, onde as forças israelenses realizam uma nova grande ofensiva desde o início de outubro e um cerco na região.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também pediu o fim do que considera ser um massacre em Gaza. "Alguém disse que as pessoas em Gaza foram reduzidas a se comportar como animais. E é isso que está acontecendo. Mas são seres humanos. Já não há sociedade em Gaza. Existem apenas indivíduos que lutam pela sua sobrevivência, para sobreviverem mais um dia antes de serem mortos pelas bombas. É uma guerra contra as crianças, as principais vítimas são as crianças com menos de 9 anos. O mundo não podia permitir esta situação em nome da humanidade. Este massacre tem de acabar", lamentou.
O diplomata alertou ainda para as dificuldades na distribuição de ajuda em Gaza, onde vivem quase dois milhões de pessoas amontoadas entre os escombros no enclave. Borrell salientou que as autoridades israelenses dificultam a entrada de ajuda humanitária a partir das passagens permitidas e que alguns dos bens essenciais foram rejeitados arbitrariamente ou estragados durante a longa espera nos caminhões. “Agora, a emergência extrema é tenta ajudar as pessoas necessitadas em Gaza, onde a situação é apocalíptica, sem recursos para sobreviver devido às dificuldades impostas por Israel na entrada de ajuda humanitária”, acrescentou.
O alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança instou a comunidade internacional a agir. "Ninguém está seguro em Gaza. Nenhum lugar é seguro. As famílias em Gaza devem tomar uma decisão difícil: fugir da violência, mas para onde? Ou ficar e morrer de fome", denunciou.