DIREITOS TRABALHISTAS

Ex-funcionários do Grupo João Santos reivindicam pagamentos de rescisões após sete anos de demissão

Ato foi realizado no Parque da Jaqueira, na Zona Norte do Recife, e em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco

Publicado em: 29/11/2024 13:06

 (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Ex-funcionários do Grupo João Santos realizaram protesto para reivindicar valores relativos às rescisões referentes às demissões de sete anos atrás. A manifestação aconteceu no Parque da Jaqueira, na manhã da última quarta (27).

Além do ato no Recife, também nesta quarta, outra movimentação foi realizada na cidade de Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco.

O Diario entrou em contato com Mauro Fernandes, ex-funcionário do Grupo João Santos que atuou por 44 anos na corporação. Ele foi desligado da empresa há quase dois anos e explicou como foi a situação.

“Chegaram os representantes da nova gestão. Uma pessoa que eu nunca vi me comunicou meu desligamento. Recebi do RH os cálculos da minha rescisão e nem um real na conta”, desabafou.

Mauro relatou que depois da demissão, não houve mais nenhuma procura por parte da instituição. “Nenhum contato. É uma ingratidão. Uma vida dedicada a essas empresas”, compartilhou.

Mauro e cerca de 10 mil ex-funcionários estão reivindicando rescisões de contrato em função de demissões. Alguns aguardam o recebimento desse valor há sete anos.

O grupo se uniu e segundo apurado pela reportagem do Diario, organiza outros atos. Em postagem nas redes sociais, a associação de trabalhadores que prestavam serviços ao Grupo João Santos se manifesta com frequência.
 
Em uma das postagens, uma ex-funcionária do Grupo Industrial João Santos durante 45 anos, Dona Marluce Cintra faz um desabafo em carta enviada à Ana Clara Pereira dos Santos de Albuquerque Ramalho Monteiro, filha de Dona Rosália Pereira dos Santos. Marluce Cintra relata o tratamento dado aos ex-funcionários que dedicaram grande parte de suas vidas ao trabalho na Nassau.

Confira alguns trechos:

"Dra. Ana Clara, a senhora que tanto conheceu os funcionários do grupo, principalmente as secretárias de Dr. Fernando, que trabalhávamos como escravas, em qualquer horário e demos o sangue por aquele grupo, assim como eu; que passamos mais de 5 anos sem recebermos um tostão de salário mensal e continuamos dando o nosso sangue às empresas do grupo, que perdemos tudo que havíamos conseguido; que vestíamos a "camisa" do grupo e que acabamos com o nosso psicológico emocional diante de tanto estresse sem entrarmos em outros detalhes; a senhora acha MESMO, JUSTO o que foi aprovado nesta assembleia da Recuperação Judicial? A senhora acha justo o empregado depois de ter dado a vida pelo grupo, que trabalhou 57 anos, 44 anos, 45 anos (meu caso), sair e ser demitido sem receber seus direitos para tentar ter uma velhice digna?
[...]
Isto é um massacre para todos os ex-funcionários que trabalharam mais de 20 anos para o grupo. Isto é roubo. É absurdo. É INJUSTO. Todos sabemos que o grupo tem ativo para pagar as verbas rescisórias e trabalhistas dos empregados”.
 
O Diario tentou entrar em contato com o Grupo João Santos, e aguarda retorno. 
 
Plano de recuperação

Os credores do Grupo João Santos (GJS) aprovaram, no último dia 5 de novembro, o plano de Recuperação Judicial da empresa em assembleia geral realizada.

A nova proposta apresentada pela companhia indica o dobro do valor a ser pago aos credores trabalhistas. O plano foi aprovado por 58,86% dos presentes.

De acordo com o economista responsável pela estruturação econômico-financeira do plano apresentado, João Rogério Filho, da PPK Consultoria, mais de 25 mil credores trabalhistas serão contemplados no primeiro momento.

“Mais de R$ 475 milhões serão pagos inicialmente aos credores trabalhistas, considerando-se os 22 mil credores do FGTS e os 6.700 credores de outras verbas trabalhistas. Isso faz com que, no momento zero, possamos afirmar que mais de 25 mil credores serão contemplados”, disse o economista.