TRANSPORTE

Ficou sem ônibus? Entenda as paralisações no sistema de transporte no Grande Recife

Filas enormes, atrasos e falta de ônibus têm afetado a rotina de quem utiliza o sistema de transporte público nas primeiras horas do dia

Publicado em: 26/11/2024 13:33 | Atualizado em: 26/11/2024 13:46

 (Foto: Rômulo Chico/DP)
Foto: Rômulo Chico/DP
Nos últimos dias, filas enormes, atrasos e falta de ônibus têm afetado a rotina de quem utiliza o sistema de transporte público nas primeiras horas do dia no Recife e Região Metropolitana. Linhas que atendem cidades como Camaragibe, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Recife têm sofrido com a interrupção temporárias do serviço.   

As assembleias estão sendo realizadas pelo Sindicato dos Rodoviários em garagens das empresas de ônibus durante a madrugada para discutir com os motoristas sobre a jornada de trabalho e os acordos. Esses atos estão prejudicando os passageiros que utilizam coletivos diariamente.   

Quais são os problemas  

De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, as empresas de ônibus têm ignorado pontos essenciais do acordo trabalhista. Entre as principais queixas estão: 

  • Falta de contabilização correta do tempo de embarque e desembarque dos passageiros. 
  • Não pagamento de horas extras pela fiscalização mecânica dos veículos. 
  • Ausência de folhas de ponto para registro formal das jornadas de trabalho. 

As reclamações envolvem grandes operadores do sistema, como Consórcio Recife, Mobibrasil, Borborema, Metropolitana e Caxangá. O Sindicato alega que, sem o cumprimento desses direitos, a categoria está cada vez mais insatisfeita. 

Assembleias 

Nos últimos dias, assembleias têm sido realizadas nas garagens das principais empresas de transporte coletivo. A categoria tem usado esses encontros para debater o descumprimento de acordos e pressionar as empresas. 

“Estamos visitando diversas garagens e conversando com os motoristas. Muitos têm relatado o descumprimento dos acordos. Se essa situação não for resolvida, vamos continuar”, declarou Jeremias, membro do Sindicato dos Rodoviários. 

Já o presidente do Sindicato, Aldo Lima, disse os rodoviários não são responsáveis pelos transtornos: “Os atrasos não são culpa nossa. Se as empresas estivessem cumprindo o acordo, não precisaríamos realizar essas assembleias.” 

Possibilidade de greve 

Com a situação ainda sem avanços concretos, muitos internautas estão preocupados com possibilidade de uma greve geral no sistema de transporte público.  

Após um dos atos realizados, Aldo Lima reforçou que a categoria busca o diálogo e acrescentou: 

“Vamos mostrar todas as provas e todas as reclamações. Não queremos realizar uma greve, mas também não descartamos a ideia. O nosso objetivo é só ter os nossos direitos cumpridos”

Conciliação  

Na última sexta-feira (22), representantes dos rodoviários estiveram no Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) para discutir o descumprimento da Convenção Coletiva de Trabalho.  

Durante a reunião, o desembargador Fábio Farias, corregedor do tribunal, destacou que o TRT-6 está à disposição para mediar conflitos e buscar soluções que minimizem os impactos na população. 

No entanto, até o momento, não houve solicitação formal para agendamento de audiências. 

O que diz a Urbana-PE 

A Urbana-PE, entidade que representa as empresas de transporte público, negou as acusações de descumprimento do acordo coletivo. Em nota, afirmou que: 

  • Os espelhos de ponto detalhados estão sendo fornecidos conforme modelo validado pelo próprio sindicato.  
  • As empresas têm recebido orientação e monitoramento para garantir a implementação do acordo firmado. 

A Urbana também criticou as assembleias realizadas nas garagens, alegando que elas têm caráter político por conta da campanha eleitoral para a nova diretoria do Sindicato dos Rodoviários, marcada para o dia 5 de dezembro.  

Além disso, a entidade expressou preocupação com os impactos dessas ações para os usuários do transporte público e afirmou que as empresas estão avaliando medidas legais para evitar novos episódios. 

"Apenas em 2024, já ocorreram 44 paralisações ou bloqueios de garagens e terminais integrados, prejudicando a população", destacou a nota.