MÚSICA

Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na Roda de Samba chega à 7ª edição no Recife

Projeto promove a visibilidade e rede de proteção feminina a partir do samba e ocorre em várias cidades ao mesmo tempo no próximo sábado (30)

Publicado em: 26/11/2024 06:00 | Atualizado em: 25/11/2024 21:12

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Evento que dá protagonismo às sambistas em distintas frentes do estilo musical, o Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na Roda de Samba chega em sua 7ª edição simultaneamente em 25 cidades do Brasil e do exterior, tomando conta, no Recife, da Torre Malakoff, na Praça do Arsenal, Bairro do Recife, a partir das 13 horas neste próximo sábado (30). Projeto que prevê várias rodas acontecendo simultaneamente nas diferentes localidades, o encontro deste ano homenageia Áurea Martins e Clementina de Jesus e canções de compositoras do Brasil, trazendo no repertório músicas como 'Não vadeia' e 'Marinheiro', da primeira, além de 'Banho de Manjericão' e 'Ponto das Caboclas', da segunda.
 
As cidades confirmadas neste ano são: Sobral (Ceará), Vitória (Espírito Santo), Goiânia (Goiás), Belo Horizonte e Juiz de Fora (Minas Gerais), Belém (Pará), João Pessoa (Paraíba), Curitiba, Londrina e Morretes (Paraná), Maricá, Niterói, Parati, Rio de Janeiro e Volta Redonda (Rio de Janeiro), Natal (Rio Grande do Norte), Porto Alegre e Canoas (Rio Grande do Sul), Florianópolis (Santa Catarina), São Paulo, Sorocaba e São José do Rio Preto (São Paulo) e Aracaju (Sergipe). Das internacionais, estão confirmadas La Plata (Argentina), Roterdã (Holanda), Lisboa (Portugal) e Montevidéu (Uruguai).
 
Entre os nomes confirmados estão as cantoras Karynna Spinelli, Kira, Helena Cristina,  Selma do Samba, Surama Rheis, Maria Pagodinho, Alice Fernanda, Keka Villaverde, Elaine Cristina, Angélica Criss, Manu Travassos, Nena Queiroga, Carla Rio, Rafaela Nascimento, Sue, Joana Xeba, Leyde do Banjo e Gracinha do Samba, e a banda feminina com coordenação e direção musical de Leila Chaves e Bárbara Regina.

A cantora carioca Dorina, idealizadora do evento, começou em 2017 a discutir a possibilidade de um encontro que funcionasse como uma rede de apoio e proteção para a as muitas mulheres sambistas e que participavam das rodas de samba de forma geral, ambiente conhecido pela dominância masculina que entra pelas madrugadas tocando e cantando tradicionalmente há tantas décadas. Em 2018, portanto, o projeto ganhou vida, se espalhando por 11 cidades e, nos anos seguintes, chegando a mais de 40, com parcerias importantes de países como Argentina, Uruguai, Portugal, França, Holanda, Itália e Japão.
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"Eu ficava pensando em como havia poucas mulheres no samba para tocar e apresentar composições, principalmente e projetos. E com muitas coisas dolorosas que eu estava vendo acontecer naquele período, incluindo aumento de taxas de feminicídios e autoridades falando coisas que diminuíam a importância feminina, eu senti a necessidade de fazer um encontro de mulheres que costumavam participar das rodas de samba e iluminar mais as compositoras, instrumentistas e cantoras", explicou Dorina em entrevista ao Viver. 
 
A acessibilidade é uma das principais bandeiras do encontro e, neste ano, foi feito um trabalho voltado também para pessoas neurodivergentes, com abafadores e técnicos especializados no grupo social. Além disso, a internacionalização do projeto rendeu várias contribuições inclusive para os países envolvidos, como no caso do Uruguai, que estabeleceu no seu calendário nacional um dia para o encontro, e Portugal, que criou grupos femininos e movimentos voltados para este trabalho. "É muito importante a diversidade entre as mulheres que participam, porque são pessoas de todas as idades, credos, origens e formas de batuques dando apoio umas às outras. É um encontro de inúmeras histórias distintas dentro da música. Tanto que, este ano, ao final, receberemos um grupo inteiro formado só de mulheres também para cantar samba de coco, algo bem específico de Pernambuco", destacou ainda Karynna Spinneli, cantora e coordenadora do projeto no Recife.
 
"O maior desafio de uma produção inteiramente feminina é quebrar com preconceitos antigos e mostrar que as mulheres podem liderar e entregar algo incrível, mesmo em áreas ainda marcadas por desigualdades e machismo ainda atual. Os espaços e as oportunidades  são essências, porque inspiram outras mulheres a acreditarem que também podem estar nesses espaços (produção técnica, iluminadora, fotografas, diretoras de palco, chefes de portarias, bombeiras, seguranças entre tantas funções dentro de eventos) - criando histórias, comandando projetos e sendo grandes referencias. Nesse momento de retomada cultural, isso é mais do que necessário – é transformar a cultura para refletir a força feminina e a diversidade do mundo real e atual", afirmou a produtora e coordenadora geral Paloma Lima.