GUERRA
Confrontos na Síria deixam mais de 200 mortos
Esta é a primeira ofensiva em grande escala das facções inimigas do presidente sírio em anos no norte do país
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 28/11/2024 17:06
Combatentes são enviados para Atareb, nas áreas ocidentais da província de Aleppo, no norte da Síria, em 28 de novembro de 2024, em meio a confrontos entre o exército sírio e combatentes do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), juntamente com facções aliadas (Foto: AAREF WATAD/AFP ) |
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ONG sediada no Reino Unido, mais de 200 pessoas, na sua maioria milicianos, e uma dezenas de civis foram mortos hoje em combates entre jihadistas e aliados contra os territórios controlados pelas forças pró-regime de Bashar al-Assad, no noroeste da Síria, próximo a Alepo.
O OSDH acrescentou que os jihadistas e os seus aliados ainda cortaram a estrada entre a capital síria, Damasco, e Alepo, que fica perto da cidade de Al-Zarba.
Esta é a primeira ofensiva em grande escala das facções inimigas do presidente sírio em anos no norte da Síria. Atualmente, o país está dividido em quatro áreas diferentes, controladas por Assad e por vários grupos armados.
“Entre os civis, 19 foram mortos em ataques da força aérea russa, aliada do regime sírio, contra áreas controladas por facções opositoras ao governo de Damasco nos arredores da cidade de Alepo. Além de 26 outros civis terem ficado feridos nos ataques aéreos, incluindo duas crianças em al-Atareb”, informou a ONG.
O ataque ocorreu contra as localidades de Darat Izza e al-Atareb, na periferia de Alepo, onde decorre uma grande ofensiva lançada por facções apoiadas pela Turquia contra posições do exército sírio, que tem como principal apoiador a Rússia.
“O exército russo, que está envolvido nos conflitos em defesa das tropas do presidente sírio, Bashar al-Assad, desde 2015, efetuou 24 ataques contra diversas áreas nos arredores de Alepo e Idlib, os últimos redutos da oposição no país”, afirmou o Observatório, que possui uma vasta rede de parceiros no terreno.
O Ministério da Defesa sírio também declarou ter bloqueado um ataque de grande envergadura e o exército confirmou que está atualmente repelindo, em cooperação com forças amigas, uma ampla ofensiva lançada pelos terroristas.
Segundo a agência de notícias iraniana Mehr, um general da Guarda Revolucionária do Irã, Kiyomarth Porhashmi, foi morto nos combates, que comandava "conselheiros iranianos" em Alepo. O corpo militar de elite do Irã tem "conselheiros" na Síria, um dos seus aliados no Oriente Médio e parte do chamado Eixo da Resistência, a aliança anti-Israel, liderada por Teerã e que inclui o Hamas, o grupo xiita libanês Hezbollah, os Houthis do Iêmen, entre outros.
A aliança islamista controla a maior parte da província vizinha de Idlib, onde um cessar-fogo acordado pela Turquia, que apoia a oposição síria, e pela Rússia está em vigor desde 2020.
Esta ofensiva ocorre num momento em que o governo turco busca restabelecer os laços diplomáticos com a Síria, apesar de Assad ter dito que Ancara deve retirar as suas tropas em várias zonas do norte da Síria e deixar de apoiar os grupos da oposição, para haver um avanço na retomada das relações, que foram rompidas no começo da guerra civil síria, há 13 anos.
No entanto, recentemente o enviado especial de Moscou para a Síria, Alexandr Lavrentiev, declarou que o Kremlin não aceitaria novas operações militares da Turquia no território sírio.