Relatório
Comandante da Marinha aceitou embarcar em plano golpista, indica PF
Investigação aponta que o então comandante da Marinha, Almirante Garnier, aceitou mobilizar suas tropas para impedir a posse de LulaPublicado em: 26/11/2024 19:00 | Atualizado em: 26/11/2024 19:04
Nomeado por Bolsonaro, Garnier (esquerda) assumiu o comando da Marinha em 9 de abril de 2021, servindo até o fim do mandato (Evaristo Sa/AFP) |
A Polícia Federal afirmou, em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou uma minuta para colocar em prática um golpe de Estado para os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. De acordo com a corporação, o chefe da Marinha, almirante Almir Garnier, concordou e colocou suas tropas à disposição para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nomeado por Bolsonaro, Garnier assumiu o comando da Marinha em 9 de abril de 2021, servindo até o fim do mandato.
Os comandantes do Exército e da Força Aérea Brasileira (FAB) não concordaram com o ato e disseram que não atuariam em qualquer ação que tivesse como objetivo impedir a posse do governo eleito. No dia 6 de dezembro, de acordo com as investigações, Mauro Cid e Bolsonaro, juntos a outros militares, se reuniram no Palácio da Alvorada para fazer alterações no documento que serviria como decreto. No dia seguinte, Bolsonaro apresentou o texto para os comandantes das Forças Armadas.
"Na manhã seguinte - 07 de dezembro de 2022-, após ter realizado pessoalmente ajustes na minuta do decreto presidencial, Jair Bolsonaro convocou os Comandantes das Forças Militares no Palácio da Alvorada para apresentar o documento e pressionar as Forças Armadas a aderirem ao plano de abolição do Estado Democrático de Direito. Os comandantes do Exército e da Aeronáutica se posicionaram contrários a aderirem a qualquer plano que impedisse a posse do governo legitimamente eleito. Já o comandante da Marinha, almirante Garnier, colocou-se à disposição para cumprimento das ordens", diz o texto.
Diante da recusa dos chefes da FAB e do Exército, Bolsonaro se reuniu com o general Estevam Theóphilo para obter apoio terrestre para a execução do golpe. Os investigadores apontam que o militar aceitou participar da empreitada golpista. Theóphilo é um dos 37 indiciados pela corporação no final das investigações.
"Diante da recusa dos então comandantes do Exército e da Aeronáutica em aderirem ao intento golpista, o então presidente Jair Bolsonaro, no dia 09 de dezembro de 2022, reuniu-se com o General Estevam Theóphilo, comandante do Coter, que aceitou executar as ações a cargo do Exército e capitanear as tropas terrestres, caso o então presidente Jair Bolsonaro assinasse o Decreto", diz outro trecho do relatório.
Com informações do Correio Braziliense.