INQUÉRITO DO GOLPE

Bolsonaro admite ter discutido estado de sítio com militares e defende anistia

O ex-presidente ainda elogiou Arthur Lira e disse que foi ''conversar'' na embaixada da Hungria no início do ano

Publicado em: 29/11/2024 07:22

Bolsonaro e mais 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal por tentativa de elaboração de um golpe de Estado  (Crédito: Revista Oeste/Youtube)
Bolsonaro e mais 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal por tentativa de elaboração de um golpe de Estado (Crédito: Revista Oeste/Youtube)

Em entrevista à Revista Oeste, nesta quinta-feira (28/11), o ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu ter discutido com militares das Forças Armadas a possibilidade de decretar estado de sítio ou estado de defesa, além de usar o artigo 142 da Constituição para convocar uma ação militar.

Bolsonaro e mais 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal por tentativa de elaboração de um golpe de Estado. Parte do plano seria matar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

"Os militares dizem que discutiram comigo hipóteses de 142, de estado de sítio, estado de defesa. Eu discuti, sim [...] Eu sempre joguei dentro das quatro linhas. O que está dentro da Constituição você pode utilizar", alegou o ex-presidente.

"O artigo 142 pode ser usado por qualquer um dos poderes, não necessariamente o Executivo", disse Bolsonaro. O caput do artigo diz, porém, que as Forças Armadas estão "sob a autoridade suprema do Presidente da República", chefe do poder Executivo.

Anistia

Na entrevista, o ex-presidente defendeu aprovação de "anistia" para os investigados por tentativa de golpe, mas não especificou a quem se referia. Ele já afirmou em outras ocasiões que defende anistiar pessoas presas pelas invasões à sede dos Três Poderes em 8 de janeiro.

Bolsonaro disse que Lula e Alexandre de Moraes deveriam se posicionar a favor de anistia "se quiserem pacificar" o país. "[Assim] zera o jogo daqui para a frente", defendeu.

Arthur Lira

O ex-presidente elogiou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, por ter criticado o indiciamento de dois deputados por discursos feitos em plenário contra um delegado da PF.

Lira defendeu a imunidade material do discurso parlamentar. "Sem essa imunidade material, plenário do parlamento brasileiro, esse terreno livre, estaria sujeito a todo tipo de limitação e censura, com claro comprometimento da atividade parlamentar", alegou o presidente da Câmara.

A ação foi exaltada por Bolsonaro. "Digo para os cem deputados que tenho na minha rede do zap [WhatsApp] prestigiarem o Arthur Lira, elogiarem ele", afirmou.

Embaixada da Hungria

Bolsonaro também falou sobre a estadia na embaixada da Hungria em Brasília, por duas noites, no início do ano. "Eu fui para conversar, tinha que conversar lá", relatou.
 
Na ocasião, ele teve o passaporte apreendido pela PF para que não pudesse fugir do país. "Eu não sabia que precisava de passaporte para entrar em embaixada", ironizou.
 
As informações são do Correio Braziliense.