GUERRA

Irã dispara mísseis contra Israel em nova escalada de violência

O Exército israelense anunciou que o Irã disparou cerca de 180 mísseis em direção a Israel
Por: AFP

Publicado em: 01/10/2024 13:53 | Atualizado em: 01/10/2024 16:16

Estatal iraniana confirmou que os mísseis foram jogados do Irã (Crédito: Reprodução / Threads)
Estatal iraniana confirmou que os mísseis foram jogados do Irã (Crédito: Reprodução / Threads)

O Irã disparou nesta terça-feira (1º) mísseis contra Israel, onde sirenes de alarme antiaéreo soaram depois de o exército instar a população a se preparar para um ataque de "grande escala" da República Islâmica.

 

Em Teerã, a agência de notícias oficial Irna informou que o Irã lançou "um ataque com mísseis contra Tel Aviv", mas não forneceu mais detalhes.

 

A Guarda Revolucionária Iraniana afirmou que o ataque constituía uma resposta às mortes do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na semana passada, e do líder do Hamas, Ismail Haniyeh.

 

O Exército israelense interceptou um grande número dos mísseis disparados, segundo o porta-voz do corpo armado, Daniel Hagari. Os projéteis, provenientes do leste, eram visíveis por suas trilhas luminosas, observaram jornalistas da AFP.

 

 

Sirenes de alarme antiaéreo soaram em todo o território israelense e dezenas de explosões foram ouvidas sobre Jerusalém. Os serviços de emergência reportaram dois feridos leves na região de Tel Aviv.

 

O tráfego aéreo ficou totalmente interrompido no aeroporto Ben Gurion e as autoridades aeroportuárias indicaram que o país fechou seu espaço aéreo.

 

O ataque iraniano ocorreu no mesmo dia em que Israel anunciou operações militares terrestres no sul do Líbano contra o movimento islamista Hezbollah, aliado do Irã.

 

Um funcionário americano havia advertido nesta terça-feira em declarações à AFP que o Irã se preparava para lançar "um ataque iminente com mísseis balísticos contra Israel".

 

O Exército israelense assegurou que o ataque com mísseis do Irã "terá consequências". Seu porta-voz havia dito pouco antes que a ameaça poderia ser de "grande alcance" e instou a população a permanecer perto de áreas seguras.

 

Não é a primeira vez que o Irã ataca diretamente seu arqui-inimigo nos últimos meses. Em 13 de abril, Teerã disparou cerca de 350 drones explosivos e mísseis contra Israel, em resposta a um bombardeio mortal que atribuiu aos israelenses contra o consulado iraniano em Damasco, capital da Síria.

 

A maioria dos mísseis foi interceptada por Israel com a ajuda de países estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos.

 

- Incursões terrestres no Líbano -

Após o ataque iraniano, o Iraque, um dos países vizinhos da República Islâmica, decidiu fechar seu espaço aéreo por razões de "segurança". 

 

O Líbano também fez o mesmo. A Jordânia, situada entre Israel e o Iraque, anunciou que suspendeu o tráfego aéreo no país e interceptou mísseis e drones.

 

No bairro de Jaffa, em Tel Aviv, quatro pessoas morreram e outras sete ficaram feridas em um ataque com armas automáticas realizado por dois indivíduos, que foram "neutralizados", informou a polícia israelense.

 

A escalada de violência ocorre após uma semana de intensos bombardeios contra o movimento islamista pró-Irã Hezbollah no Líbano, que resultaram em centenas de mortes.

 

Após o ataque de Teerã, a agência de notícias libanesa ANI reportou disparos de mísseis contra o sul de Beirute, reduto do Hezbollah.

 

Israel bombardeou a região nesta terça-feira, assim como os arredores de Damasco, na Síria, e a Faixa de Gaza, onde lançou uma ofensiva em represália ao ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas em 7 de outubro.

 

Após o ataque de 7 de outubro, o Hezbollah abriu uma frente na fronteira com Israel em apoio ao seu aliado Hamas, que governa Gaza.

 

Depois de meses de trocas de tiros na fronteira, o Exército israelense intensificou sua campanha em meados de setembro, com o objetivo de enfraquecer o Hezbollah e permitir que retornem para casa os milhares de habitantes do norte de Israel deslocados pelo conflito.

 

- Apelos à desescalada -

O alcance da ofensiva israelense não ficou claro de imediato, mas a missão de paz da ONU no Líbano afirmou que não se tratava de uma "incursão terrestre", enquanto o Hezbollah desmentiu que soldados israelenses tivessem entrado em território libanês.

 

Um funcionário de segurança israelense declarou que foram realizadas incursões de alcance limitado para "afastar as ameaças contra as comunidades civis do norte de Israel", que faz fronteira com o sul do Líbano e é alvo dos disparos do Hezbollah.

 

As autoridades israelenses já haviam avisado anteriormente que, embora tivessem desferido um duro golpe no movimento islamista com o assassinato de seu chefe, Hassan Nasrallah, a batalha não havia terminado.

 

O Hezbollah indicou nesta terça-feira que disparou foguetes contra a principal base de inteligência militar israelense, Glilot, e contra a base aérea de Sde Dov, ambas próximas a Tel Aviv, após ter atacado com artilharia soldados israelenses e disparado foguetes em direção a Avivim e Metula, localidades do norte de Israel.

 

Desde o recrudescimento da violência, mais de mil pessoas morreram no Líbano, segundo o Ministério da Saúde.

 

Os apelos internacionais pela desescalada se multiplicaram para evitar uma guerra regional.

 

Por outro lado, Israel prossegue na sua ofensiva contra a Faixa de Gaza, iniciada após o ataque do Hamas em outubro do ano passado, o qual deixou 1.205 mortos, em sua maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em cifras oficiais israelenses, embora os bombardeios tenham diminuído nos últimos dias.

 

A Defesa Civil palestina informou nesta terça-feira que 12 pessoas morreram em um bombardeio no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, e outras sete em um ataque contra uma escola que abrigava deslocados perto da Cidade de Gaza, no norte.

 

Até o momento, a ofensiva israelense deixou mais de 41.600 mortos em Gaza, em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.