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Mais da metade dos donos de motos não possui habilitação para pilotá-las, diz Senatran
Os dados foram divulgados em um relatório elaborado pela Secretaria Nacional de Trânsito
Por: Adelmo Lucena
Publicado em: 25/09/2024 15:50 | Atualizado em: 25/09/2024 18:30
De acordo com o SENATRAN, o número pode indicar que os donos dos veículos pilotam sem habilitação, mas que também pode ser consequência do crescimento de empresas e sociedades com veículos compartilhados, como o aluguel (Foto: Ruan Pablo/DP Foto) |
Um relatório desenvolvido pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) revelou que, dos 32,5 milhões de donos de motocicletas, motonetas e ciclomotores registrados no Brasil, 17,5 milhões não possuem habilitação para conduzir estes veículos. Isso significa que 53,8% dos proprietários não possui CNH na categoria A (habilitação para conduzir esse tipo de veículo).
A pesquisa leva em conta os dados divulgados em agosto deste ano e destaca que os 34,2 milhões de veículos categorizados como motocicletas, motonetas e ciclomotores registrados na base do Renavam correspondem a mais de 33,9 milhões de registros de proprietários. Analisando os proprietários, 32,5 milhões correspondem a pessoas físicas e 1,4 milhão a pessoas jurídicas.
A pesquisa desenvolvida pela Senatran ainda mostrou que 23.1 milhões (71%) dos donos destes veículos possuem registros na base do Renach, ou seja, possuem CNH, com permissão ou não para pilotar veículos da categoria A.
“Desses, 15 milhões (38%) possuem permissão para dirigir veículos da categoria A. Entre esses habilitados, 39% são proprietários de veículos correspondentes a essa categoria, enquanto 61% não possuem registro como proprietários”, destaca o documento.
De acordo com o SENATRAN, o número pode indicar que os donos dos veículos pilotam sem habilitação, mas que também pode ser consequência do crescimento de empresas e sociedades com veículos compartilhados, como o aluguel.
“Esse dado aponta questões sobre o uso de veículos compartilhados, aluguel de motocicletas ou motonetas, ou até mesmo a preferência por utilizar veículos de familiares e amigos, o que pode indicar mudanças nas dinâmicas de condução desses veículos no Brasil”, consta no relatório.
No Código de Trânsito Brasileiro (CTB) consta que “dirigir veículo sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomotor é considerado infração gravíssima”. Quem for flagrado cometendo tal infração, deve pagar uma multa de R$ 880,41. Além disso, o condutor pode pegar detenção de seis meses a um ano.
Segundo consta no relatório, após o retorno das atividades com o fim da pandemia, o número de infrações voltou a aumentar, atingindo seu pico em 2023, com mais de 1,3 milhões de infrações registradas. Em 2024, até julho, já foram contabilizadas mais de 638 mil infrações relacionadas a motocicletas e veículos do tipo.
“Esse aumento pode estar associado a fatores como o crescimento da frota desses veículos, ou com o aumento da fiscalização eletrônica, ou ainda à maior conscientização das autoridades sobre a necessidade de monitorar e regular o tráfego desses tipos de veículos”.
Acidentes
Um balanço feito pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) mostra que, entre janeiro e junho deste ano, 16.381 pessoas envolvidas em acidentes de trânsito envolvendo motos foram atendidas em Pernambuco.
O número de pacientes atendidos é quase 2 mil a mais que no primeiro semestre de 2023, quando foram registrados 14.945 atendimentos. Isso dá uma média diária de 90 sinistros de trânsito envolvendo motociclistas que precisaram ser levados para unidades de saúde.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que um acidente grave pode custar até R$ 125.133,91 aos cofres públicos.
Homens são donos da maioria das motos
Cerca de 80% das motocicletas, motonetas e ciclomotores pertencem a homens.
“Possíveis razões para essa discrepância podem incluir fatores culturais e sociais que associam esses veículos a um estilo de vida mais aventureiro ou com atividades laborais, como entregas e transporte de passageiros, áreas onde a participação masculina é tradicionalmente maior”.
A pesquisa argumenta que o marketing está direcionado para o público masculino, instigando a rebeldia e liberdade por meio das motos. Dentre os proprietários, a maioria está na faixa etária de 40 a 49 anos, seguida por aqueles de 50 a 59 anos.
“Após os 59 anos, a distribuição diminui, possivelmente devido à aposentadoria, redução de renda e questões de saúde que afetam a mobilidade”, complementa a pesquisa.
Faixa exclusiva para moto no Recife
O Recife deve receber um projeto piloto para implantar uma faixa de moto nos moldes estabelecidos pelo Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) em um trecho da Avenida Recife.
A informação foi divulgada pela Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), que solicitou a autorização para a Senatran.
“Após autorização, expedida através da Portaria nº 895, de 19 de setembro, atualmente, a Autarquia se debruça sobre o detalhamento dos projetos de sinalização horizontal e vertical para a implantação do equipamento”.