OPERAÇÃO INTEGRATION
Juíza diz que Gusttavo Lima ''deu guarida'' a investigados e bloqueia R$ 2 milhões do cantor
Na decisão, a magistrada afirma que o cantor tem uma relação próxima com os donos da Vai de Bet, que estão foragidos
Por: Felipe Resk
Por: Ricardo Novelino
Por: Ricardo Novelino
Publicado em: 23/09/2024 17:12 | Atualizado em: 23/09/2024 17:41
Gusttavo Lima teve a prisão decretada no âmbito da operação que prendeu Deolane Bezerra (Marcus Soarez/Divulgação) |
Ao decretar a prisão preventiva de Gusttavo Lima, a juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal da Capital, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), afirmou que o cantor “deu guarida” para investigados na Operação Integration, que apura lavagem de dinheiro do jogo do bicho e de apostas esportivas. A magistrada também bloqueou R$ 2 milhões nas contas do artista.
Na decisão, obtida pelo Diario de Pernambuco, a juíza afirma que Gusttavo Lima tem uma relação próxima com os empresários José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Henriques Truta Rocha, donos da Vai de Bet, que estão foragidos. Recentemente, ele teria embarcado junto com o casal para uma viagem à Europa. Com a ação deflagrada no dia 4 de setembro, os investigados não voltaram ao Brasil.
“No dia 7 de setembro de 2024, o avião de matrícula PS-GSG retornou ao Brasil, após fazer escalas em Kavala, Atenas e Ilhas Canárias, pousando na manhã do dia 8 de setembro, no Aeroporto Internacional de Santa Genoveva, em Goiânia”, relata a decisão. “Curiosamente, José André e Aislla não estavam a bordo, o que indica de maneira contundente que optaram por permanecer na Europa para evitar a Justiça.”
Gusttavo Lima havia sido transportado pela aeronave na ida, de acordo com a decisão. “Esses indícios reforçam a gravidade da situação e a necessidade de uma investigação minuciosa, evidenciando que a conivência de Nivaldo Batista Lima (o nome verdadeiro de Gusttavo Lima) com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade”, registra a magistrada.
“É imperioso destacar que Nivaldo Batista Lima, ao dar guarida a foragidos, demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça”, diz a juíza. “É fundamental ressaltar que, independentemente de sua condição financeira, ninguém pode se furtar à Justiça. A riqueza não deve servir como um escudo para a impunidade, nem como um meio de escapar das responsabilidades legais”.
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Investigação
Segundo o documento, Gusttavo Lima adquiriu, no dia 1º de julho de 2024, uma participação de 25% na empresa Vai de Bet. “Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas”, afirma a magistrada.
A empresa do cantor, a Balada Eventos e Produções Ltda, que já teve R$ 20 milhões bloqueados na Operação Integration, seria responsável por “ocultar valores provenientes dos jogos ilegais da HSF Entretenimento Promoção de Eventos" – o nome oficial da Esportes da Sorte, considerada o pivô do esquema. CEO da empresa, Darwin Henrique da Silva Filho está preso preventivamente.
A investigação mostra que a Esportes da Sorte pagou R$ 4.819.200,00, em abril de 2023, e R$ 4.947.400,00, em maio daquele ano, à empresa do cantor.
Já da Vai de Bet, a Balada Eventos teria recebido R$ 22.232.235,53 em oito transações. De acordo com a decisão, esse valor seria para “dissimular” venda de uma jatinho Cessna Aircraft, modelo 560XLS, que foi apreendido na ação policial.
Outra suspeita levantada pelo inquérito é que a empresa GSA, representante da Balada Eventos, recebeu mais R$ 5,75 milhões, por meio de uma facilitadora de pagamentos, e R$ 200 mil por envio direto. “Caso idêntico fora constatado e informado no Relatório entre a investigada Deolane Bezerra Santos e a Esportes da Sorte”, diz a decisão.
Os investigadores descobriram, ainda, que a GSA transferiu R$ 1,35 milhão diretamente para a conta de Gusttavo Lima no decorrer de 2023.
No cofre da Balada Eventos, os policiais encontraram um montante de R$ 112.309, £ 5.925 (R$ 43,7 mil) e U$ 1.005 (R$ 5,56 mil). Na investigação, o dinheiro é atribuído a “jogos ilegais” da Esportes da Sorte e da Vai de Bet.
Outro indiciado
Já o empresário Bóris Maciel Padilha, o 22º indiciado na Operação Integration, é apontado como responsável por “ocultar valores provenientes dos jogos ilegais” da Esportes da Sorte e de Darwin Henrique da Silva Filho. O investigado teve R$ 21 milhões bloqueados.
Segundo a decisão, ele seria proprietário de carros de luxo e recebeu dois empréstimos de R$ 10 milhões, na condição de mutuário, respectivamente em 19 de outubro e 5 de dezembro de 2023.
“Constatamos que este (Bóris) possui veículos de luxo matriculado em seu nome, cujos valores ultrapassam R$ 40 milhões, com destaque para três Ferraris, dois Rolls Royce, dois Bentley, o que se denota que tem alto poder econômico, não necessitando deste empréstimo”, diz a decisão.